sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ironia

Eis que um dos caras que eu mais desprezo no jornalismo esportivo brasileiro, resolveu dizer algumas palavras sobre a Seleção Brasileira de Futebol. E não é que acabou por explanar tudo que eu gostaria de dizer. Parabéns Tiago Leifert.

Seleção de verdade
Mês que vem, hein. Mês que vem é a Copa das Confederações. A Itália vem aí. Espanha. Uruguai. Ferrou. Acho que todos os colunistas do mundo estão escrevendo exatamente sobre o evento e suas seleções. Quero entrar na roda, mas não falar de escalação nem de tática. Quero falar da crise de imagem da seleção brasileira. Não, não me refiro a ministros, Romários, gravações, CBF. Tô falando do jogo mesmo, da experiência de assistir à seleção brasileira.
Quando foi o último golaço da seleção? O último drible desconcertante? A última grande jogada? Tentei lembrar sem consultar o Youtube. Faça o mesmo, querido leitor. Eu não me lembro. Assistir a um jogo da seleção, hoje, é tão marcante quanto um (com todo respeito) do São Caetano. A seleção era para nós um pouco de Harlem Globetrotters com resultado; a gente sabia que algo incrível iria acontecer. A gente sabia que ia ganhar e os caras sabiam que iam perder. Cadê tudo isso? 
Você deve se lembrar das eliminatórias de 1993, no auge da crise, quando os jogadores resolveram entrar de mãos dadas. É disso que eu estou falando. Falta uma imagem para a seleção atual, falta se comunicar melhor com o torcedor. Melhor, não. Falta se comunicar direito.
O que eu faria? Primeiro, proibiria redes sociais na concentração. Chega dessa palhaçada de “mlki Oscar meu parça na resenha kkkk!”. Hoje, acho que o torcedor quer e precisa ver rostos sérios. Cara feia, cara de fome. A imagem atual é: “Tão achando graça do quê?”. É fotinho no Instagram, é Daniel Alves tirando foto no espelho do elevador para mostrar o look. Ah, para! Vamos fechar um pouco essa cara, usar tons mais escuros. Quem sabe um blazer? Um terno sem gravata?
Eu proibiria desembarcar no estádio usando os headphones coloridos by Dr. Dre. Mensagem: “Tô indo trabalhar em nome de um país, não tô indo me divertir”.
Eu obrigaria os jogadores a cantar o hino nacional em VOZ ALTA, todos, para que aquela câmera que fica passando de um em um captasse orgulho, vontade, “TERRA ADORADA, PÁTRIA AMADA”, bem alto.
Eu, se fosse o Felipão, treinaria marcar pressão no primeiro tempo. Isso passa a imagem de um time inquieto, brigador. Vale a pena. Prefiro ver um jogador tomar amarelo porque exagerou na dividida a vê-lo caído com dor. E nesse momento de reconquista, eu acho que as dancinhas nos gols não contribuem para a imagem da seleção. Precisamos ver gritos, dentes, socos no ar!
Não me entenda mal nesse breve momento kadafiano. Eu me lembro da seleção desembarcando numa final de Copa cantando pagode. E achei sensacional, era perfeito para o momento. O recado era: “Tamo aqui cagando porque somos os melhores e vamos ganhar essa porra em ritmo de churrasco”. Passou uma imagem de controle, autoconfiança. Mas a vida mudou. Agora é pão com mortadela. Precisamos começar do zero. 

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