terça-feira, 16 de julho de 2013

Big Mac X ingressos X renda


Há alguns dias a revista The Economist divulgou o Big Mac Index referente ao mês de julho, o segundo desse ano. Basicamente, esse índice usa a teoria do poder paritário de compra para, baseado num produto de apelo e consumo popular e amplo, disseminado e semelhante em todo o mundo, aferir o status de uma moeda em relação a outras e, por extensão, dar uma ideia do custo de vida em uma nação. O sanduíche Big Mac, da rede McDonalds, é o produto escolhido, como é fácil perceber pelo nome.
Esse comparativo deixa bem clara a imagem de como o brasileiro paga caro para consumir produtos iguais ou de menor qualidade - caso do futebol - que em diversos países do globo. A ordem de entrada no ranking é muito simples. Quanto mais entradas para um jogo de futebol o torcedor puder comprar com sua renda anual, melhor será a colocação do país. Neste quesito, começamos levando uma surra do Japão, onde os nipônicos podem comprar 2.046 ingressos para ver seu time do coração com a renda per capta de um ano, e o brasileiro apenas 645. Esta disparidade pode ser explicada pela importância dada ao esporte nos dois países, sendo que no Brasil o futebol é muito mais valorizado, portando alguma diferença é compreensível. Entretanto, percebe-se que o público médio em jogos da JLeague é quase 50% maior que o do campeonato brasileiro, então, algo está errado. Se olharmos o preço do famigerado lanchinho da famosa rede de fast food, produto equivalente nos dois países, os japoneses gastam pouco mais da metade que os brasileiros para saciar a fome. Outros comparativos interessantes podem ser feitos, principalmente com países onde o futebol é levado tão a serio quanto no Brasil. Por exemplo, na Inglaterra, país que inventou o futebol, e onde o espetáculo como um todo é muito melhor, cada cidadão pode comprar 911 ingressos com sua renda de um ano, e com o dinheiro de cada ingresso pode comprar 10,5 BigMacs. No Brasil, com o dinheiro de um ingresso é possível comprar apenas 3,6 lanches.
Essas conclusões derrubam um velho tabu que muitos brasileiros acreditam ser verdadeiro. Dizem que no exterior as pessoas ganham mais, mas o custo de vida é proporcionalmente maior. Uma grande mentira. No Brasil, além de os encargos serem altíssimos e os serviços prestados pelo governo serem de péssima qualidade, o custo de vida é consideravelmente maior que nos países desenvolvidos, se comparada a renda X custo. A mídia gosta de pregar que a Europa está em crise e que o Brasil está em pleno crescimento econômico, mas enquanto as condições de vida e consumo não forem equivalentes, o brasileiro vai continuar comendo sardinha e pagando por caviar.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Bem vindo Frio

O frio é algo que incomoda. Decididamente não gosto do inverno. É ruim pra sair da cama, pra tomar banho, pra ir trabalhar e até pra tomar cerveja.  Em Londrina, onde faz frio de verdade apenas algumas semanas do ano, as pessoas não estão habituadas, e por isso sofrem de forma maximizada os seus efeitos. Mas analisando num contexto global e histórico, o clima frio é uma das vertentes que tem maior mérito no que se trata da evolução do homem.
Tripartindo o globo terrestre, constata-se que os países mais desenvolvidos estão próximos aos hemisférios norte e sul, onde naturalmente faz mais frio. Os países localizados na chamada zona tropical, são na sua maioria subdesenvolvidos e foram, em alguma época da história, dominados pelos países que avançaram primeiro na corrida pelo desenvolvimento. Este atraso evolucional pode ser explicado pelo acomodamento que o calor proporciona aos habitantes de determinada região. Onde o clima é agradável sobram recursos naturais. Água aos montes, refeições fartas e ausência de roupas são características, uma vez que andar semi-peladão foi algo natural em diversas civilizações, e ainda é em algumas. Os homens seguem naturalmente seu instinto, e uma vez que todas as suas necessidades básicas estão saciadas, existem poucos motivos para ele buscar maneiras diferentes de existir. Prova de tal constatação existe aqui no nosso quintal. Os índios, primeiros habitantes do confortável Brasil, não evoluíram praticamente nada desde que Cabral aportou suas fragatas no litoral, e muito menos antes disso. Mas esse é um assunto para outro dia.
Por outro lado, onde faz frio durante grande parte do ano, as coisas são muito diferentes. Para uma civilização sobreviver em uma região onde o clima é inóspito, ela precisa se adaptar. E qualquer adaptação é sinônimo de evolução. Se os recursos naturais não são fartos durante o ano todo, essa civilização tem que criar maneiras de armazená-los e racionalizá-los para durarem o ano todo, ou sua existência estará seriamente ameaçada. E foi por meio dessas diversas adaptações que o homem descobriu a roda, as ferramentas, e evoluiu gradativamente até os dias de hoje. Sendo assim, esse vilão que nos atormenta todos os anos sem descanso, merece ser reconhecido pela sua contribuição histórica para a evolução do homem.