terça-feira, 30 de novembro de 2021

Há esperança?

 


Não me considero nenhum especialista em política e sequer tenho a ambição de um dia sê-lo. Mas sei que um dia já fui um completo ignorante nesse assunto, o que também já não sou mais. Esse tempo, apesar de já ter passado há muito, ainda me traz boas recordações. Comecei a me interessar pelo assunto bastante jovem, mas antes disso, lembro que não tinha que carregar esse peso de frustração que a política brasileira proporciona. Era um tempo que pouco importava o que os políticos estavam fazendo e pouco sabia sobre o assunto. Mas, como tudo na vida, as coisas foram mudando e, depois de muito ler sobre o assunto, comecei a ter algumas opiniões, a defender algumas pautas e, inclusive, alguns políticos. Muita coisa aconteceu desde então. Mas pouco, muito pouco, melhorou. Se isso não é a definição de frustração, eu não sei mais o que é. Claro que minha participação nisso foi ínfima, se não, nula. Entretanto, sempre tive a esperança de que o nosso povo iria melhorar com o passar dos anos. Que teríamos opiniões mais embasadas, e dessa maneira poderíamos analisar e escolher melhor nossos políticos. Nada disso aconteceu.

Posso me dizer pertencente à ala conservadora. À ala do Presidente Jair Bolsonaro, e totalmente contra quase tudo que a esquerda prega. Isso me leva a seguir outras pessoas com pensamentos e opiniões similares. Pessoas que, até pouco tempo, eu considerava sábias e preparadas para expressar opiniões coerentes. Mas o que tenho visto e ouvido nos últimos dias é absurdo e desolador. Hoje, o cenário político brasileiro se tornou tão polarizado que as pessoas simplesmente escolheram um herói, que aparentemente pode fazer o que bem entender, e julgam as outras pessoas com somente duas opções: concordam ou não com seus pontos de vista. Se concordam, estão salvos, se discordam, são jogados na fogueira. Dessa maneira, vejo esses formadores de opinião passando uma vergonha abissal ao tecerem comentários contra políticos que, até pouco tempo atrás louvavam. O caso mais claro é o do, agora político, Sergio Moro. Chegaram a chamar o homem de comunista! COMUNISTA! Outro exemplo é o do comentarista Caio Coppola, que ao fazer um comentário bastante sóbrio na Jovem Pan, foi atacado intensamente, somente por dizer que estava disposto a dar uma chance ao Ex-juiz. Mas não é somente isso. Existe uma insanidade coletiva que transforma opiniões em regras e uma miopia generalizada para com os erros do Governo Bolsonaro. Quem disse que era proibido criticar? Quando foi que concordamos em prometer auxílios eternos aos brasileiros, ao invés de proporcionar condições para sair da miséria? Quando concordamos que os privilégios da classe política deveriam ser mantidos? Quando concordamos que era pra fazer alianças com o centrão para atingir a tal governabilidade? Quando concordamos que Roberto Jefferson é um cara legal? Quando concordamos com censura de jornalistas? Quando concordamos com pedaladas fiscais para bancar um Estado falido? Se existem problemas difíceis, que pessoas técnicas tomem decisões e venham a público dar as explicações. Esse era para ser um governo técnico, de combate ao sistema, e não de entrega ao sistema. Era pra irmos pra guerra se as coisas não mudassem. Não era pra aceitar as velhas leis da política brasileira. Sim, o governo acertou muito, mas acerta cada vez menos. Até quando vamos nos manter nesse caminho sem apresentar as devidas cobranças e questionamentos?

Infelizmente esse é o nosso cenário atual. De desilusão com o futuro do nosso país. Os erros e acertos desse governo sequer estão como questão principal, mas o julgamento e sabedoria do nosso povo. A esquerda vai voltar e vai voltar mais forte, porque a direita não se preparou, não tem opinião e não tem capital político. A direita sequer sabe que tem esses problemas, para que possa buscar soluções. Poucos estudam, poucos leem, todos brigam por qualquer intriga, e muitos passam pano para todos os erros do governo. Se hoje somos chamados de gado, não me parece que seja tão injusto. Estamos sendo gado, da mesma maneira que a esquerda foi durante todos os anos do governo petista. A diferença é que eles eram unidos e respeitavam mais as opiniões alheias. Nós estamos perdidos, brigando por coisas pequenas e não somos unidos. Uma ala assim não pode estar à frente do país.