quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Eis a Democracia

 


Enfim, após muita discussão, engajamento popular, manifestações, e até apoio pessoal e insistente por parte do próprio Presidente da República, ontem esteve nas mãos dos deputados o projeto sobre a melhoria do sistema de votação eletrônica no país. E ele foi enterrado, praticamente sem chances de voltar a ser discutido num curto prazo. Não adianta, agora, reclamar, discutir, chorar. Foi um processo democrático, que respeitou o nosso sistema republicano e essa foi a decisão. Fim! Espero, inclusive, que esse seja o posicionamento do Presidente Jair Bolsonaro a partir de agora.

Mas, como em toda grande derrota, ficam lições valiosas que servirão de aprendizado. A primeira lição é de que vivemos numa democracia, e ela deve ser defendida com todas as forças. É o melhor sistema de governo até que se prove o contrário (cuidado com o que vocês pedem bradando EU AUTORIZO). A nossa, particularmente, não funciona da maneira ideal, mas isso não é culpa do sistema em si, e sim das pessoas que são eleitas para representar a população. Esse fato leva a segunda grande lição: preste bem atenção nos deputados que prometeram algo na campanha e mudaram de posição na última hora. Muitos eram a favor da implementação do voto impresso e mudaram de opinião pura e simplesmente porque, caso o projeto fosse aprovado, significaria uma grande vitória ao Presidente. Sendo assim, esses deputados abdicaram de suas posições e promessas em prol de interesses políticos. Creio que, sendo assim, não são os melhores representantes para tratar dos interesses da população. A terceira lição é sobre quem realmente manda no país: A câmara dos deputados e o STF. O cargo de Presidente fica cada vez mais vazio e Bolsonaro praticamente não tem ferramentas para agir no legislativo, o que, se pensarmos um pouco, faz muito sentido. Portando, se queremos um país melhor, é na Câmara de Deputados que devemos ficar de olho, pois eles, em colegiado, tem poderes quase que absolutos. Mais um grande motivo para que todos que se preocupam com o futuro da nação, foquem seus esforços para a continuidade da renovação da casa. Sobre o STF, é melhor não escrever nada para esse texto não ser censurado. Mas já deu pra ter uma idéia do tamanho do poder dos ministros, né?

Sobre o sistema de votação em si, não existe muito mais o que fazer. A eleição será nas urnas eletrônicas ultrapassadas e sem impressão de voto que permita auditorias dos resultados. Entretanto, é certo que não serão eleições comuns e a população estará atenta para fraudes. Só isso já é uma grande vitória. Creio que para melhorar ainda mais a situação, seria importante a iniciativa privada investir em levantamentos e pesquisas de intenção de votos antes e no dia da eleição (boca de urna). Ainda desconheço como a legislação trata esse assunto, mas é um fato que os institutos de pesquisa perderam completamente a credibilidade e somente uma ação privada pode nos dar uma base para analisar se os resultados apurados convém com a realidade. É importante, inclusive, que sejam feitos levantamentos sobre intenção de votos para deputados, pois, se existe de fato alguma chance de fraude, ela não será para a Presidência da República, e sim para a câmara de deputados, que, como já dito, são quem realmente manda no país.