Em tempos de reformas no
país, alguns debates ficam muito acalorados. Um assunto delicado é o da reforma
trabalhista, onde liberais defendem redução nos impostos sobre folha de
pagamento e até mesmo a extinção de alguns direitos como décimo terceiro e
férias. O outro lado acha um grande absurdo acabar com direitos “conquistados”
durante muitos anos de luta. Mas afinal, quais seriam os reflexos de uma
reforma trabalhista mais abrangente? O empregador repassaria integralmente ao
empregado os montantes economizados, aumentando os salários substancialmente?
Uma resposta direta: CLARO QUE NÃO, IDIOTAS. Empresários trabalham o tempo todo
visando o aumento do lucro. Entretanto, o que precisa ser analisado, não é o
efeito imediato. Mas sim a sequencia de acontecimentos futuros, e os impactos
na economia.
Primeiramente, é preciso
entender que quando uma pessoa tem um direito, é gerado uma obrigação para uma
outra pessoa. Os direitos não são de graça, nem são oferecidos de maneira
mágica pelo estado. No caso dos direitos trabalhistas, todo empresário sabe do
ônus que é manter um empregado, e não é difícil encontrar gestores com total
aversão em aumentar suas forças de trabalho. Acredite, as pessoas deixam de abrir
novas empresas no Brasil quando começam a pesar os prós e contras, e se deparam
com os altos custos de contratação, além do desgaste pessoal e moral. Esse
fenômeno pode ser melhor observado quando são oferecidos direitos à classes específicas
da sociedade. O último e mais impactante, foi a regulamentação dos
trabalhadores domésticos. Anteriormente, esse nicho tinha uma relação relativamente
livre entre patrões e empregados. Após a lei houve um grande número de demissões,
aumento da informalidade, ou redução do número de dias trabalhados, uma vez que
os patrões começaram a optar por diaristas ao invés de contratar trabalhadores
registrados.
Mas e os tais efeitos de uma
reforma trabalhista mais abrangente, com possível redução de direitos
trabalhista?
O efeito mais imediato,
seria mais dinheiro no bolso dos patrões e empresas com melhores resultados.
Isso seria ótimo, pois com uma economia aquecida, aumentaria o número de
empresários dispostos a abrir novas empresas. Esse efeito geraria uma redução
geral nos preços e na inflação, pois onde existe mais oferta, é natural que as
empresas busquem maior eficiência, dessa maneira reduzindo os custos e
conseguindo oferecer seus produtos a preços menores. O segundo efeito, e mais
positivo, seria a redução do desemprego! Com um custo menor para contratar,
economia aquecida, e milhares de novas empresas atuando, é obvio que mais
pessoas estariam empregadas. E o crescimento do número de empregos leva ao
terceiro grande efeito benéfico: AUMENTO DE SALARIOS. O processo de contratação
de um empregado obedece às mesmas regras de todo mercado, inclusive a lei de
demanda x oferta. É a mesma coisa que acontece quando uma pessoa procura alguém
para lavar seu carro. É natural que esse cidadão procure o melhor serviço pelo
menor preço, o chamado custo-benefício. As empresas também pensam assim, e
procuram os empregados que estejam dispostos a fazer o mesmo serviço, recebendo
menos por isso. Numa economia onde as taxas de desemprego são baixas, ou até
falta mão de obra, as empresas começam a disputar os empregados, e precisam oferecer
melhores salários, melhores condições de trabalho e, pasmem, MAIS BENEFÍCIOS!
A economia é curiosa. Ao
mesmo tempo em que é complexa, exigindo cálculos complicados e assustadores, ela
é muito simples e pode ser entendida com poucos exemplos do cotidiano. Basta
olhar para a realidade e parar de se esconder atrás de sonhos utópicos. A
economia trata basicamente do comportamento humano e das relações entre as
pessoas, e quando se olha o macroambiente, esses dados são relativamente previsíveis.
Mas repito: É preciso olhar para a realidade!