quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

Porte de armas e a criminalidade

 


Há alguns dias, um assalto cinematográfico ocorrido na cidade de Criciúma chamou a atenção do país todo. Bandidos fortemente armados sitiaram a cidade, fazendo muitos reféns e atacando postos policiais durante a ação. Em poucas horas conseguiram invadir três agências bancárias e roubar milhões de reais em espécie. O evento trouxa à tona mais uma vez a discussão sobre a liberação do porte de armas para a população e se ele seria eficaz de alguma maneira para evitar esse e outros tantos tipos de crime.

Nesse caso específico, os bandidos eram claramente profissionais do crime e planejaram minuciosamente a ação, ficando claro que seria muito difícil um cidadão comum bater de frente com tamanha força armada e organizada. Entretanto, alguns detalhes no comportamento dos criminosos e no subconsciente humano levam a crer que o porte de armas poderia evitar que tais crimes ocorram. É da natureza humana pesar o bônus e o ônus antes e tomar qualquer decisão. Dessa maneira, criminosos, mesmo que subconscientemente, analisam diversos fatores antes de decidir pela execução ou não de um crime. Por essa análise passam diversos pontos: chance de sucesso; punições em caso de ser pego pelas autoridades; possíveis obstáculos durante a execução. O planejamento detalhado aumenta consideravelmente as chances de sucesso, ao mesmo tempo que nossas leis não oferecem punições exemplares a quase nenhum tipo de crime no país, e a certeza de que a população não tem nenhum tipo de equipamento para se defender, levam os criminosos a ficar cada vez mais encorajados a cometer crimes com uma frequência e audácia cada vez maiores.

Esse raciocínio é válido tanto para grandes crimes, como para os menores, como invasões a domicílio ou assaltos em estabelecimentos comerciais. A quase certeza de que a vítima não pode se defender é um fator de encorajamento para os criminosos. Assim como a simples dúvida plantada na cabeça dele, caso o porte de armas fosse liberado no Brasil, faria com que os criminosos pesassem com muito mais cautela as probabilidades de sucesso antes de cometer delitos. Ou seja: uma população desarmada cria um ambiente propício para o aumento da criminalidade. Outra consequência que a proibição ao porte de armas traz, é que apenas um lado está desarmado, afinal, criminosos não vão até os órgãos públicos registrar suas metralhadoras de grosso calibre ou bazucas antes de cometer crimes. Eles simplesmente adquirem esses armamentos via contrabando e vão às ruas praticar seu ofício.

Claro que o debate sobre a liberação do porte de armas é muito mais complexo que essa análise de poucos fatores, mas ele precisa ser cada vez mais discutido, uma vez que a criminalidade no país aumenta substancialmente e nossas forças policiais não tem capacidade de enfrentamento, tanto pelo volume de crimes, quanto pela sua complexidade. É um direito do cidadão a autodefesa, mas para isso, é preciso que armas estejam disponíveis para aqueles que tenham desejo de obtê-las legalmente.