sexta-feira, 19 de junho de 2020

Rachou!



Que bom! Nossa democracia ganhou nessa semana um artífice espetacular contra a corrupção (contém ironia). Agora vamos prender os causadores da mais básica ferramenta corrupta do nosso sistema político (contém sarcasmo), que são as rachadinhas e/ou distribuição de cargos. Explico:
Todo político eleito pelo povo, tem direito a uma infinidade de benefícios e, além disso, tem o direito de contratar assessores para os mais diversos fins. Quanto mais alto o cargo político, mais assessores. Não se surpreenda em saber que o número de vagas que o político tem direito é MUITO maior que o necessário. Isso leva a dois tipos de corrupção. A primeira é a indicação de pessoas sem mérito algum para executar as funções do cargo e que são colocadas lá apenas por favores políticos. Muitas vezes nem trabalham e dão retorno nenhum para o estado. A segunda é a fatídica Rachadinha, da qual o Queiroz é investigado de organizar. Nesse modelo, o candidato coloca outras pessoas – obviamente, sem méritos ou capacidades necessárias – que também não dão retorno algum ao estado e muitas vezes também sequer trabalham, e “pedem” uma parte dos seus salários em troca. Esses salários normalmente são MUITO bons, obrigado! E boa parte dos rendimentos volta para o bolso do político, que lava o dinheiro depois. É simples, é básico, é feito em larga escala no Brasil. E é CRIME!
A questão é que quanto a esse crime, infelizmente, sempre foi feito vistas grossas pelas nossas autoridades, e somente agora, com claros interesses políticos maiores, estão sendo feitas grandes operações para prender os (o) investigados (o). Mas aqui, amigos, a lei não é para todos. Minha esperança é que os nomes dessa enorme lista sejam tratados de maneira igual e investigados, presos, e que tenham suas vidas vasculhadas. Mas é demais esperar isso de um sistema político onde tudo é feito apenas por interesses obscuros. Gostaria ainda que, caso comprovado, os criminosos sejam condenados à proporcionalidade da magnitude dos seus crimes, mas isso também não acontece – meu conhecimento jurídico acaba aqui – e roubar* R$ 1 e R$ 1 milhão (R$ 49 milhões no caso do André Ceciliano, do PT), acaba tendo o mesmo julgamento jurídico (se investigado for). Nesse nosso caso bem particular, àquele que movimentou 50 vezes menos, é dado 5000 vezes mais atenção e lugar nos noticiários. Que a lei seja igual para todos, e que todos os criminosos paguem pelos seus crimes de maneira igual, e nesse caso de desvio de verbas públicas, proporcional.

* A informação na imagem diz respeito às movimentações suspeitas dos parlamentares. Não está ainda provado, até onde tenho conhecimento, que essas verbas foram de fato desviadas, ou roubadas.