quinta-feira, 20 de junho de 2013

Passe livre não existe.

Após uma primeira vitória oriunda dos recentes protestos por todo o território nacional, onde grande parte das cidades que haviam reajustado o preço dos transportes públicos voltou aos preços antigos, agora começa um movimento defendendo a tarifa zero para tais serviços. Na verdade esse movimento existe há muito tempo e foi o idealizador dos protestos atuais. Mas vamos por partes. Reclamar por transportes públicos decentes e a preços justos é uma coisa. Mas pedir para o serviço ser gratuito é totalmente diferente. Não existe como o serviço ser gratuito visto que existe um custo automático para mantê-lo. Passe livre não existe. Por mais que ninguém pague pela passagem, os valores para cobrir tais custos teriam de vir de outra fonte de recursos.
Essa é a mesma conta quando se oferece passes livres para estudantes, deficientes ou idosos. Por mais que seja justo, ou ético, algumas pessoas não pagarem pelo transporte, outras pessoas vão ter que pagar. E nesse caso, pagar mais caro, pois estão bancando além da sua passagem, a dos que estão utilizando o serviço gratuitamente. Pode-se argumentar que quem deve pagar a conta então é o governo. Mas para isso ele também vai ter que tirar o dinheiro de algum orçamento, e aí a situação fica mais injusta, porque todo cidadão vai pagar, mesmo que ele não utilize o transporte.
A luta pelo preço justo dos transportes precisa ser embasada em números e um bom grau de bom senso. Não é muito difícil calcular qual o preço ideal para as tarifas. É sabida a quantidade de serviços de transporte que uma cidade precisa para suprir sua demanda. É fácil calcular também quanto esse serviço custa. Basta juntar esses dados, mais o orçamento para manutenção, investimento e lucros (justos) da empresa contratada, que chegaremos a um “x” a ser pago por cada usuário. E esse valor tem que ser pago, ponto final. Caso contrário o transporte deixa de existir.
Protestar por justiça, respeito, e por direitos garantidos pela constituição é nobre, e faz com que a causa ganhe muitos adeptos. Mas utilizar essa premissa para requerer benefícios que não fazem sentido, visto de um âmbito social e econômico, tira a legitimidade de qualquer manifesto popular, e faz com que aqueles que são contra as manifestações ganhem argumentos para continuar reprimindo os manifestantes.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O inevitável confronto.

Mais de duzentas mil pessoas saíram às ruas no País todos para apoiar as reivindicações da semana passada. Mais uma vez afirmo, tais reivindicações nada tem a ver somente com o reajuste no passe de ônibus. Essa premissa foi somente o estopim que faltava para incendiar a fúria de um povo que vem sendo humilhado por seu governo há décadas. Ninguém mais suporta os escândalos políticos e a recorrente impunidade. Mensaleiros, obras superfaturadas, desvios de dinheiro, falta de escolas e hospitais, estradas sucateadas e pedagiadas. Apenas um desses motivos bastaria para o povo ir às ruas em qualquer país desenvolvido, mas os brasileiros, sempre com a realidade mascarada pela grande mídia, resolveram esperar o acúmulo de motivos.
Grande parte das passeatas se passou em tons de paz e harmonia. Entretanto, como não poderia deixar de ser, em alguns momentos, principalmente nos grandes centros, o controle escapou da mão dos organizadores. Uma parte ínfima, porém nunca desconsiderável dos participantes, achou que deveria partir para o confronto com os policiais que faziam o patrulhamento, o e caos se instaurou. Parte dessa revolta foi motivada pelos próprios policiais, que na semana passada responderam com violência aos protestos pacíficos, e tal truculência não foi esquecida. Mas o grande culpado ainda é o governo e os políticos, que fizeram um esforço dantesco para despertar a fúria de uma população que, camuflada na sua inocência, só quer saber de paz e festa. Mas ele esquece que é exatamente esse povo, que engole seco os absurdos enfrentados diariamente, mas quando acordado, se torna o poder mais forte e por vezes impossível de se enfrentar.
Foi o mais forte clamor popular desde os caras pintadas em 1992, que teve como resultado o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Desta vez o motivo da revolta popular ainda não está bem claro, e os reflexos talvez não sejam visíveis num curto prazo. O conjunto de motivos é mais fácil de compreender – descaso do governo, escândalos políticos e gastos com a Copa – e assim, o povo decidiu que era hora de se manifestar. Resta agora esperar os próximos dias para saber se novas manifestações vão ocorrer e se serão ainda maiores. Mas algo importantíssimo já aconteceu. Pela primeira vez os eleitores mais jovens tiveram o prazer de se sentir verdadeiros cidadãos, participando de uma luta por aquilo que lhes é devido, seus direitos mais básicos e respeito por parte dos governantes.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Protestos em SP

Todas as manchetes que ganham letras maiores nos jornais dessa semana tem a ver com os protestos na cidade de São Paulo. Milhares de manifestantes foram às ruas para reclamar. O principal argumento deles é um reajuste na tarifa dos ônibus. Não sei quem lidera e organiza o protesto. Talvez tenha motivação política. Não sei se estão certos ou errados. O que sei é que esses protestos não são motivados apenas  por um reajuste de vinte centavos na passagem. O que essas pessoas estão fazendo na capital paulista, pode não ser a melhor das opções, pois estão depredando o patrimônio público e privado. Mas a verdade é que estão fazendo alguma coisa.
No lugar de ficar sentado confortavelmente na frente da TV ou de um computador - como estou agora - reclamando e fingindo ter a solução para todos os problemas do país, eles foram às ruas e estão arriscando sua integridade física para reclamar mais atenção à população. Se você, eleitor, tivesse feito seu papel com decência nas últimas 10 eleições, talvez tais medidas não fossem necessárias hoje em dia. Se os serviços prestados à população tivessem um mínimo de qualidade, ninguém reclamaria um aumento nas tarifas. Todos ficam horrorizados com os gastos públicos com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Mas a cada dois anos, na única situação onde o povo tem verdadeiro poder legal, nas eleições, os mesmos absurdos se repetem e políticos com o histórico manchado e seus sucessores são eleitos.
A tristeza maior é que os meios de comunicação tendem a marginalizar qualquer tipo de manifesto público. Os repórteres, principalmente os da maior rede de jornalismo, transmitem as notícias argumentando tendenciosamente contra os protestantes. A imagem que fica é que ali se encontram um bando de desocupados que só querem fazer baderna. Talvez isso até seja verdade em partes, mas como dito acima, ao menos estão fazendo algo.
Uma pena que protestos parecidos não ocorram com frequência em Brasília. Imagine se toda essa fúria fosse voltada contra o Palácio do Planalto? Os políticos veriam que nesse país não existem somente pessoas acomodadas, e veriam sua integridade ameaçada. Talvez assim começassem a exercer seus cargos com a seriedade que lhes é esperada. A violência quase nunca é a solução. Mas em determinadas situações, principalmente quando não restam outras alternativas e os corruptos  detém todas as ferramentas para se defender, inclusive a constituição, a violência é uma boa aliada. Talvez a única!

A lei

É incrível a capacidade que a lei brasileira tem de punir. Pessoas honestas, trabalhadores, policiais, bombeiros. Qualquer cidadão que tente cumprir seu dever estará à mercê dessa maquiavélica legislação. Pouco ela faz com bandidos, políticos corruptos e assassinos, mas o cidadão de bem, esse sim esta ferrado.
Quando algo acontece errado e atrai a atenção da mídia, como a tragédia de Santa Maria, as autoridades são rápidas em criar inquéritos para indicar os culpados. Normalmente são eles homens da linha de frente, nesse caso específico, os bombeiros. Tanto é assim que oito foram indiciados pelo incidente. Raras são as vezes que alguém do escalão mais alto é investigado. Logo eles que tem o poder para prover condições para as linhas de frente trabalharem corretamente. Será que esses bombeiros tinham equipamentos adequados para exercer suas funções? Ninguém sabe. Outra situação em que a lei é "eficaz" é no momento em que um policial mata um bandido. Dois personagens. O oficial colocando sua vida em risco para proteger a população, e o bandido, que não teve coragem de trabalhar e escolheu o caminho do crime. No momento do embate, vence o policial, e o que ele ganha? Uma investigação para apurar se agiu da maneira correta. Este, que deveria ganhar uma medalha de honra e ser visto como herói, acaba afastado das funções até que seja provado que ele é inocente. Que felicidade quando um bandido é morto, e de preferencia com vários tiros, para ter certeza que não vai sobreviver, pois é sabido que vaso ruim não quebra fácil. Que alegria, um a menos para ameaçar a vida do cidadão de bem. Só que não. O bandido vira vítima e propenso mártir.
A lei é dura. É cruel com a parcela frágil da sociedade. Sua função deveria ser exatamente a de proteger estas pessoas, mas o que faz é o contrário. O cidadão de bem é um refém desarmado, e quando menos esperar estará sendo julgado. Talvez por cometer o simples pecado de ser honesto. Assim, conclui-se que lei é lei, justiça é outra coisa. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Networking

As disputas no mundo corporativo e empresarial se tornam cada vez mais acirradas. Os profissionais tem procurado a especialização para crescer na carreira e buscar algo que a sociedade entende como sucesso. Este sucesso está baseado, quase na sua totalidade, em conquistas financeiras. Carros luxuosos, mansões, dinheiro para gastar com produtos que o mercado cria para atenuar esta sede insaciável pelo consumo. Com essa filosofia são criadas pessoas que, cada vez mais, esquecem que existe uma vida além da profissional, e se perdem como pessoas e como ser humanos.
Para buscar o crescimento, alguns profissionais fazem de tudo, e teorias para mapear tal caminho não são poucas. O marketing, famoso criador de termos, é o pai de um que está na moda. O tal do Networking. Em tese, seria algo como cultivar uma rede de relacionamentos. Mas eu prefiro definir como: Ir a lugares que você não quer, para fazer coisas que você não gosta, para agradar pessoas que você não conhece. Assim você se enche de contatos à sua volta e pode ter facilitada sua ascensão profissional. As pessoas só esquecem que seguindo tal caminho deixam de ser quem são. Esquecem suas características pessoais e seus valores e acabam por se tornar pessoas que odeiam a si mesmas. Talvez conquistem o objetivo financeiro, mas comumente se perdem no processo. Isso acontece porque, no mesmo momento em que os marqueteiros dizem para cultivar sua rede de contatos, eles afirmam que você tem que tomar cuidado com o que fala, pensa, ou que posta nas redes sociais. Ou seja, você não pode postar uma foto na balada se divertindo com seus amigos porque tal sujeito que trabalha na sua empresa vai ver, e vai espalhar um boato que você é um cachaceiro irresponsável, e isso pode atrapalhar sua promoção, que estava por vir. Você não pode escrever um palavrão na sua página pessoal porque vai ser mal interpretado. Para que serve então uma página pessoal se não para dizer o que pensa no momento em que tem vontade?
Obter sucesso financeiro deveria ser menos burocrático. Um profissional, que trabalha duro e honestamente, automaticamente deveria conquistar depois de algum tempo, a sua plena realização pessoal. Essa frescura criada para padronizar comportamentos é nada mais que uma bela de uma hipocrisia com um nome bonitinho. A ascensão na vida profissional deveria se manter ligada ao rendimento do profissional no seu horário de trabalho, e não no que faz ou deixa de fazer na sua vida pessoal. Esse caminho, que já é seguido por algumas corporações e até ensinado nas faculdades, é perigoso. No momento em que as pessoas deixarem de ser elas mesmas, a diversidade de opiniões e até a própria democracia estarão ameaçadas. Não é benéfico para a sociedade como um todo, ser formada por pessoas que dizem amém a tudo e a todos. A beleza da sociedade está exatamente na diversidade de opiniões e é ela que traz o progresso.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Existe esperança!

Hoje foi publicada a decisão do juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Londrina, Emil Gonçalves, permitindo às 3.800 lojas representadas pelo Sindicato Varejista de Londrina (Sincoval) abrir suas portas na terça-feira de carnaval. Ele entendeu que o Município não tinha o poder para definir o feriado por meio da lei 11.468/2011. É a segunda vez neste ano que o sindicato obtém liminar cassando um feriado. O primeiro foi o da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
Minhas opiniões sobre os feriados já foram muito bem explanadas em outro post denominado “deixa o povo trabalhar”, mas confesso que não esperava ações tão enérgicas por parte do judiciário. Isso mostra que existe esperança e que temos homens sérios atuando em prol da cidade. A ação movida pelo Sincoval teve como vítima logo o feriado mais preguiçoso do ano, o qual praticamente acaba com o mês em que ele cai. Não é raro ouvir comerciantes resmungando a famosa frase. “O ano só começa depois do carnaval”.
O secretário do Sindicado dos Empregados no Comércio (Sindecolon), Célio Vila, já garantiu que a entidade apresentará recurso como parte interessada, e o tema ainda deve ter uma longa história. Mas essa já é uma primeira vitória aos verdadeiros interessados no progresso da cidade. Quando perguntado pelo Paraná TV sobre o que mudaria se o comercio abrisse ou não no feriado, o mesmo secretário garantiu: “Não. Não muda nada. O dinheiro é o mesmo e quem não compra hoje, compra amanha.” Como diria num momento desses um parceiro blogueiro. “PÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃTAAAAAA QUE PARIU!”. Não é possível que o senhor Célio Vila acredite em tamanha atrocidade que deixou escapar da sua boca. Qualquer um que está no comércio sabe que uma boa parcela das venda é gerada por impulso do consumidor. E para tal impulso existir são necessárias duas coisas básicas. 1) O comércio tem que estar de portas abertas. 2) O consumidor tem que passar por ele. Esse é um princípio dos mais simplórios do Marketing, e parece que alguns dos secretários dessa cidade estão precisando de um pouco desta disciplina.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Deixa o povo trabalhar

Alguns rumores indicam que o Prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, vai cancelar o feriado dessa sexta-feira, do Padroeiro da cidade, ou torna-lo facultativo. Nenhum meio de comunicação confirmou essa informação até o momento, mas só a possibilidade de acontecer, já anima.
Os feriados, principalmente os que caem perto do fim de semana, prejudicam consideravelmente a economia. O comercio não pode funcionar, as fabricas não podem produzir e riqueza deixa de ser gerada. Segundo o economista Gabriel Leal de Barro, os feriados no Brasil custam o equivalente a 4% do PIB anual do país, o que em 2012 significou cerca de R$ 172,6 bilhões. Além de existirem 10 feriados nacionais, tem ainda os feriados municipais, que colaboram para aumentar o rombo.
Se esta ação do prefeito de Londrina se confirmar, pode ser o primeiro passo para uma mudança de cultura política, visto que tal medida não é nada popular e vai na contramão das ações eleitoreiras e pouco benéficas num âmbito geral comumente praticadas por políticos. A política governamental é um tanto contraditória quando se trata de feriados. Uma vez que o governo se preocupa constantemente em aumentar a geração de empregos, mas ao mesmo tempo proíbe as empresas de trabalharem com o excesso de dias ociosos durante o ano.
O comercio Londrinense, além de sofrer com os feriados, enfrenta também um forte embate com a prefeitura no que diz respeito aos horários permitidos para trabalhar. Vários comerciantes gostariam de estender seus horários para além das 18 horas na semana e além do meio-dia nos sábados, mas sofrem penalizações se o fizerem. Uma das justificativas por parte da prefeitura é que esses comerciantes fazem os funcionários trabalharem sem receber horas extras como manda a lei. A justificativa seria válida se fosse dela a missão de regulamentar isso, mas não é. Existe o Ministério do trabalho e uma dezena de sindicatos para monitorar se as leis trabalhistas estão sendo cumpridas. O que acontece aqui é que esses órgãos não fazem seu trabalho como deveria e a prefeitura cria leis para acobertar a incompetência, assim colocando o fardo nas costas da população e dos empresários, como é de seu costume.
Grandes cidades no mundo permitem suas empresas trabalharem 24 horas por dia durante os 365 dias no ano. Com isso ganham com a geração de renda, aumento de empregos e podem prover melhores condições de vida para a população. Chega de se esconder e permitir aos preguiçosos levarem sempre a vantagem. Deixa o povo trabalhar. Deixa o povo produzir.