terça-feira, 18 de junho de 2013

O inevitável confronto.

Mais de duzentas mil pessoas saíram às ruas no País todos para apoiar as reivindicações da semana passada. Mais uma vez afirmo, tais reivindicações nada tem a ver somente com o reajuste no passe de ônibus. Essa premissa foi somente o estopim que faltava para incendiar a fúria de um povo que vem sendo humilhado por seu governo há décadas. Ninguém mais suporta os escândalos políticos e a recorrente impunidade. Mensaleiros, obras superfaturadas, desvios de dinheiro, falta de escolas e hospitais, estradas sucateadas e pedagiadas. Apenas um desses motivos bastaria para o povo ir às ruas em qualquer país desenvolvido, mas os brasileiros, sempre com a realidade mascarada pela grande mídia, resolveram esperar o acúmulo de motivos.
Grande parte das passeatas se passou em tons de paz e harmonia. Entretanto, como não poderia deixar de ser, em alguns momentos, principalmente nos grandes centros, o controle escapou da mão dos organizadores. Uma parte ínfima, porém nunca desconsiderável dos participantes, achou que deveria partir para o confronto com os policiais que faziam o patrulhamento, o e caos se instaurou. Parte dessa revolta foi motivada pelos próprios policiais, que na semana passada responderam com violência aos protestos pacíficos, e tal truculência não foi esquecida. Mas o grande culpado ainda é o governo e os políticos, que fizeram um esforço dantesco para despertar a fúria de uma população que, camuflada na sua inocência, só quer saber de paz e festa. Mas ele esquece que é exatamente esse povo, que engole seco os absurdos enfrentados diariamente, mas quando acordado, se torna o poder mais forte e por vezes impossível de se enfrentar.
Foi o mais forte clamor popular desde os caras pintadas em 1992, que teve como resultado o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Desta vez o motivo da revolta popular ainda não está bem claro, e os reflexos talvez não sejam visíveis num curto prazo. O conjunto de motivos é mais fácil de compreender – descaso do governo, escândalos políticos e gastos com a Copa – e assim, o povo decidiu que era hora de se manifestar. Resta agora esperar os próximos dias para saber se novas manifestações vão ocorrer e se serão ainda maiores. Mas algo importantíssimo já aconteceu. Pela primeira vez os eleitores mais jovens tiveram o prazer de se sentir verdadeiros cidadãos, participando de uma luta por aquilo que lhes é devido, seus direitos mais básicos e respeito por parte dos governantes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário