sexta-feira, 29 de outubro de 2021

O Presidente precisa de ajuda!

 


Jair Messias Bolsonaro é um cara verdadeiro! Essa afirmação esteve muito presente na mídia e nas redes sociais nos últimos dias, após o Presidente ser tirado do sério por uma humorista no programa Pânico e em seguida abandonar a entrevista. É uma afirmação que pode ser vista como um grande elogio, ou como uma sonora crítica, mas é um fato, e não é novidade nenhuma, que esse governo precisa urgentemente profissionalizar sua comunicação. O Governo precisa de um assessor de imprensa capaz de se comunicar de maneira clara com o público, que esclareça dúvidas, consiga derrubar narrativas e que evite que ocorram mal-entendidos junto à opinião pública. O Governo precisa de um setor de relações públicas que demonstre os pontos positivos da gestão, divulgue o que está sendo feito, os planos e projetos e trabalhe para melhorar a imagem do país. É péssimo para o Brasil que a comunicação esteja sendo executada de maneira tão amadora e atabalhoada.

É verdade que o Presidente é um cara verdadeiro. Inclusive, foi esse jeito peculiar de se comunicar que convenceu o povo a votar nele, pois, cansado de políticos sem tempero e quase que robóticos, Jair se posicionou como algo diferente, e sua sinceridade, mesmo que muitas vezes inoportuna, o levou à cadeira presidencial. Entretanto, hoje, Bolsonaro é o Presidente do país, e desde o primeiro dia de mandato, a comunicação vem sendo um dos pontos mais baixos do Governo. O Presidente optou por cuidar ele mesmo desse setor e, de maneira bastante amadora e sem planejamento, faz lives e concede entrevistas improvisadas que acabam rendendo polêmicas e minando a popularidade do governo. Essa situação é péssima para o país e para o próprio Presidente, que a cada dia parece mais esgotado e fatigado.

O Presidente não precisa mudar seu jeito de ser. A sinceridade e a informalidade transmitem segurança para o seu público, mas é necessário um acompanhamento profissional e um planejamento para evitar situações que fujam do controle. A imensa maioria dos Presidentes no mundo não concedem entrevistas sem ter controle das perguntas que serão feitas. É um direito e uma segurança controlar esse ambiente para evitar que jornalistas coadjuvantes tentem tomar o lugar de destaque do entrevistado e queriam se tornar a notícia, como aconteceu no programa Pânico. Bolsonaro não está totalmente sem razão em abandonar a entrevista, pois a pergunta foi claramente feita com desdém e ares de provocação, mas o Presidente sabia muito bem onde estava entrando, e aceitou se colocar nessa posição. Um erro básico e amador. Agora, todos têm noção clara desse ponto fraco do Presidente e muitos farão de tudo para despertar sua fúria e tira-lo do sério, principalmente no ano eleitoral que está prestes a começar. Se o Presidente for para um debate, então, tudo pode acontecer. E ele precisará ir! Portando, Bolsonaro precisa de ajuda urgentemente. Precisa de profissionais capacitados para gerir a comunicação e a imagem do governo. Jair precisa, ele mesmo, se capacitar, se preparar, se profissionalizar, pois o mundo odeia amadores.


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Um jogo perigoso

 


O presidente Jair Bolsonaro está jogando um jogo muito perigoso, o jogo de se manter no poder, pelo poder. Até esse momento, o Brasil praticamente não conseguiu ver o que poderia ser esse governo. Durante o primeiro ano tivemos uma fase de adaptação, organização, e reparo dos inúmeros problemas causados pelos governos anteriores. No segundo ano veio a pandemia e ainda estamos aguardando ela chegar ao fim.  Restará apenas um ano para deixar algum tipo de legado para o futuro, ou buscar a reeleição, e aqui começa o perigo. Esse governo tem basicamente três pilares. Bolsonaro e sua agenda conservadora; Paulo Guedes e sua equipe econômica; Tarcísio e sua sina em concluir obras abandonadas por outros governos. Guedes e Tarcísio vêm fazendo um trabalho espetacular, pois se não fosse o primeiro, ninguém sabe a situação que poderíamos nos encontrar nesse momento, talvez à beira de um colapso econômico, o segundo está deixando o país pronto para decolar, mas o Presidente vem apenas se segurando no cargo, com seu tempo quase que inteiramente ocupado em se defender dos ataques da oposição.

A agenda conservadora vai aos poucos sendo abandonada com os erros de um presidente que parece estar perdendo fôlego e forças, e  cometendo erros que podem custar caro. Bolsonaro errou na indicação que lhe cabia ao STF, pois indicou alguém que seu eleitor não confia, pois Kassio Nunes tem cara, jeito, cheio e textura de um esquerdista. Errou em tantas entrevistas quando falou, ameaçou e não cumpriu, e está errando em sacrificar o teto de gastos para despejar dinheiro em auxílios. O Presidente está agindo para jogar o jogo do poder, onde precisa dar alguns passos atrás para depois dar muitos à frente? Ninguém sabe. O que parece mesmo é que já viramos de costas e estamos caminhando no sentido contrário. A carta ao STF após as manifestações do dia 7 de setembro pareceu uma atitude sábia e honrosa em prol do país, mas foi uma ação de via única, e o outro lado continua sua sana enlouquecida por comandar o país. Isso leva a outro grande problema, e provavelmente ao maior erro de Bolsonaro: abandonar seus aliados mais fiéis. Daniel Silveira foi preso, e Bolsonaro não se manifestou. Oswaldo Eustáquio foi preso, e Bolsonaro não se manifestou. Allan dos Santos será preso, e Bolsonaro não vai se manifestar? Não existe conservadorismo sem lealdade, e sem conservadorismo não existe esse governo.

O Presidente vai caminhando por uma linha muito tênue, onde pode perder uma enxurrada de aliados a qualquer momento. Ontem, 4 secretários do ministério da Economia pediram demissão, certamente já exaustos de não serem ouvidos. Se Guedes fizer o mesmo nos próximos dias ou meses será o maior golpe sofrido, e junto com Guedes, muita gente vai mudar de opinião sobre as eleições do ano que vem. Se Bolsonaro não defender os jornalistas que estão sendo presos, nem que seja somente com palavras, qual a segurança de outros tantos em continuar? Hoje, já é quase um crime falar bem do governo, e muitos ainda acreditam nesse sonho de livrar o país da esquerda, de montar um time capacitado para gerir o país, de resgatar nossos valores. Mas até quando? Se os pilares do governo começarem a desmoronar, nada vai sobrar, pois Bolsonaro, sozinho, é somente mais um político de carreira. Seu time é que tem valor. Depois, não adianta chorar sobre o Leite derramado - e o L está em maiúsculo aqui, porque não se trata apenas de um substantivo. Fiquem de olho nele, pois se vencer as prévias do PSDB, teremos uma terceira via nas eleições de 2022.


quarta-feira, 20 de outubro de 2021

O Circo acabou.

 

A CPI da pandemia foi chamada de Circo da Pandemia desde o seu início. Não era mistério que o único objetivo era político e que as verdadeiras investigações para apurar corrupções seriam enterradas uma a uma, como de fato foram. Uma comissão com seus membros escolhidos a dedo, onde o grande líder era o Senador Renan Calheiros, que dispensa apresentações. Calheiros é mais um entre tantos políticos de carreira no Brasil que reúne no seu passado uma miríade de escândalos políticos, denúncias por corrupção, lavagem de dinheiro e tantos outros crimes de colarinho branco tão comuns na política brasileira. Seu fiel escudeiro, Omar Aziz, carrega na sua sombra a suspeita de envolvimento num escândalo de corrupção que desviou 200 milhões da saúde do seu estado, quando era Governador. Somente isso já bastaria para qualquer cidadão minimamente razoável não levar a sério a CPI. Mas ela seguiu.

Durante os trabalhos, o grande foco da CPI foi desmoralizar o governo Bolsonaro. A única meta foi a de encontrar um fio para puxar que desestabilizasse todo o governo. A mente desses senhores, bandidos de carreira, funciona de maneira muito previsível. Ora, se a corrupção é a sua principal atividade, eles pensavam: “Se eu fosse do governo, de onde desviaria verbas públicas”? A cada nova ideia que tinham, eles iniciavam uma nova investigação. Era óbvio para eles, por exemplo, que o governo estaria superfaturando os contratos da compra de vacinas, pois é o que eles fariam. E por isso criaram uma narrativa transformando uma suposição das suas mentes diabólicas em verdade absoluta. Em vão, pois nenhum pagamento foi efetuado. E dessa mesma maneira foram criadas dezenas de outras narrativas pela CPI que foram se desmanchando como castelos de areia. Nada prosperou e a credibilidade, que já era baixa, foi enterrada enquanto ficava claro que a pressão em cima do governo não era justificável.

Ainda assim, a CPI chegou perto de desenterrar o grosso da corrupção. Quando algo realmente tinha chances de prosperar e identificar os corruptos que fazem nosso país seguir à margem do mundo desenvolvido e que foram – esses, sim – responsáveis por mortes na pandemia, eles optaram por não investigar. Isso aconteceu quando os escândalos de desvios de recursos enviados pelo Governo Federal foram descobertos nos Estados: Superfaturamento na compra de respiradores, verbas direcionadas para centros de atendimentos nunca construídos, empresas fantasmas e de fachada, lobistas atuando na intermediação de contratos. Tudo estava claro e cristalino. Mas a CPI fechou os olhos e optou por não investigar os governadores.

Hoje, o Circo chega ao fim. Dos meses de trabalhos e recursos públicos desperdiçados, deve sobrar um relatório de mil páginas com as denúncias contra o governo Federal. Um relatório que já estava todo montado na cabeça corrupta de Renan Calheiros desde antes de os trabalhos começarem. Ele sonha com esse momento desde o início, onde a CPI deveria chegar ao seu ápice e ele mesmo ser reconhecido com um herói nacional ao colaborar ativamente para retirar Bolsonaro da cadeira Presidencial. O relatório é um balde de água fria na cabeça de Renan e de todos que torceram pela CPI durante todo esse tempo. São mil páginas de delírios e pornografia mental de velhos lobos da política brasileira. Como a CPI não tem poder de indiciar ninguém, apenas de sugerir ao Ministério Público, certamente quase nada prosperará. Se bem usada pelo Governo Federal, pode até servir de munição para a campanha de Bolsonaro para o ano que vem. Afinal, jamais um governo foi tão minuciosamente investigado por tanto tempo e por tanta gente. Se, ainda assim nada de relevante é encontrado, certamente esse é o Governo mais transparente e honesto que já esteve à frente desse país.

A ganância vai derrubar a esquerda. (Mais uma vez)


Quem já jogou futebol na infância conhece uma expressão que era usada com certo desdém por alguns mais habilidosos que os demais: “eu contra rapa”. Esse termo significava que era um contra o resto, contra todos. Durante esses três primeiros anos de governo Bolsonaro, foi isso que vimos no cenário político brasileiro. Foi todo mundo contra Bolsonaro. Todos que discordavam de algo do governo, ou eram de fato oposição declarada desde antes das eleições de 2018, se uniram em uníssono para bradar “fora Bolsonaro”. Acontece que ano que vem teremos novas eleições e bastante coisa vai mudar até lá, além de que algumas coisas nunca mudam: A ganância pelo poder não vai permitir que os opositores se mantenham unidos.

Faltando um ano para as eleições, os bastidores da política nacional começar a ficar cada vez mais aquecidos. É nessa época que as reuniões dos partidos começam a acontecer para definir quem serão os candidatos, quem terá destaque maior para reunir capital político, e outros detalhes menos nobres mais ligados ao poder, como quem organizará os “esquemas”, quem indicara ou será indicado para cargos importantes, normalmente na presidência de estatais, etc. Esse é o modus operandi da esquerda brasileira. Sempre foi, e sempre será. Mas isso leva a discussões calorosas e a uma guerra de egos que certamente causará abalos na oposição. Essa ruptura já começou, com Ciro discutindo com Lula e Dilma nos bastidores e Dória e Leite trocando farpas. A coisa tende só a aumentar.

Em 2018, Bolsonaro conseguiu se manter firme na disputa pela presidência exatamente por esse motivo. A esquerda apresentou diversos candidatos e nenhum deles conseguiu aglutinar votos o suficiente para derrubar o capitão. Essa luta de egos pode ser, mais uma vez, fator fundamental para a continuidade de Bolsonaro na Presidência, que aos trancos e barrancos, mas de maneira muito eficiente, conseguiu reunir uma cúpula de líderes fieis. Não vemos os principais ministros batendo de frente com Bolsonaro, e por mais que existam rusgas e a imprensa tente transformá-las em escândalos, nada tem saído do controle bolsonarista. Mais uma vez a esquerda tomará do seu próprio veneno e amargará mais quatro anos sendo coadjuvante no poder. Assim espero. Assim, será melhor para o Brasil.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

Bandido bom é bandido morto?

 



Nesse Domingo uma ação da PM de Maringá foi amplamente registrada e divulgada nas redes sociais. Na situação um veículo é perseguido por várias viaturas até ser fechado ficar sem saída. Aparentemente os bandidos disparam contra os policiais que revidaram prontamente com uma dezena de disparos contra levando os três meliantes a óbito. Tudo testemunhado e filmado por vários cidadãos. A reação do público foi imediata e uma famosa frase logo estava presente na boca da maioria: bandido bom é bandido morto.

É compreensível que a população esteja exausta da situação da criminalidade no país. Muitos não aguentam mais ser vítimas de assaltos ou crimes de toda natureza praticados por bandidos que simplesmente parecem não temer a nada nem a ninguém. O caos urbano tomou proporções incontroláveis e ações do tipo por parte da polícia são amplamente comemoradas pelos cidadãos. Alguns também exigem a liberação das armas e o livre acesso para que possam se defender quando as forças policiais não conseguem faze-lo. Entretanto, quando se trata de uma análise séria sobre o assunto é preciso ter cautela em julgar rapidamente esse tipo de ocorrência. Precisamos nos perguntar primeiro, o que leva pessoas a cometer crimes e os motivos dessas ações estarem se tornando mais numerosas e violentas.

Não é saudável para a sociedade concluir que algumas pessoas simplesmente nascem ruins e escolhem a seu bel prazer seguir o caminho do crime. Existe um contexto, principalmente nas comunidades mais carentes. O crime tem sido, em certa medida, “glamourizado”, e vemos crianças brincando de assaltar seus amiguinhos e poucos deles estão brincando de ser policiais. Isso pode ser motivado pela imprensa, filmes e novelas, mas também pelas expectativas deles que presenciam criminosos levando uma “vida boa” e esbanjando dinheiro oriundo de crimes e do tráfico de drogas. Falta na nossa sociedade a divulgação e valorização de valores conservadores como respeito, ética, moral, honestidade, família, Fé em Deus e companheirismo. Sobra a valorização de individualismo e de como é possível levar vantagem em cima do próximo com alguma malandragem ou até mesmo com alguns delitos. Nossos representantes precisam trabalhar com políticas sociais para recuperar os valores bons da sociedade e divulga-los aos mais jovens. São diversos os caminhos: a educação nas escolas; pratica de esportes; acompanhamento para entender o que essas crianças estão pensando e sentindo; palestras, livros e filmes para educa-los. Outro fator determinante para o crescimento da criminalidade é a clara impunidade no nosso sistema legal, onde bandidos ficam pouco tempo presos ou são liberados para saidinhas de feriados. São muitos direitos para os bandidos e poucos direitos para as vítimas. Se não existe uma punição seria e exemplar para criminosos, outros ficarão tentados a se desviar da lei achando que o crime compensa.

Quando tudo dá errado, o crime cometido, e ainda um policial é alvejado durante a fuga dos criminosos, como aconteceu em Maringá, não existe mais muito a ser feito, e a PM foi perfeita na sua ação. Com tantas falhas no sistema e na sociedade, é de se comemorar que bandidos sejam definitivamente impedidos de cometer crimes. É triste que tenhamos chegado tão longe e a uma percepção tão cruel por parte da população. É triste que muitos queiram comprar armas e fazer justiça com as próprias mãos ou procurem alguma chance de se defender. Mas é o que temos hoje e, a depender do interesse dos nossos políticos no assunto, será assim por um bom tempo, e para muitos, continuará sendo uma verdade: Bandido bom, é bandido morto!

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Blitz na rua Paranaguá

 


Durante essa semana, algo curioso chamou a atenção das pessoas que passam pela rua Paranaguá ou frequentam os comércios daquela região. Durante todos os dias, no mesmo horário, ocorreram blitz da polícia nas proximidades ao cruzamento com a rua Piauí e Pará. Uma ação tão insistente e repetitiva, que claramente prejudica o comercio de bares da região, faz levantar questionamento sobre a necessidade e as motivações. É também uma oportunidade para se analisar como os longos braços do Estado podem prejudicar alguns e privilegiar outros, de maneira bastante seletiva.

Há algumas semanas, um grupo de moradores da região organizou um abaixo-assinado contra a atividade dos bares. Esses moradores reclamam da recorrente atividade noturna, cercada por barulhos, música, conversa alta e grande movimentação de veículos. Por coincidência ou não, alguns dias depois, houve essa ação ostensiva, com objetivos que ainda desconhecidos, mas que claramente vem de encontro com a demanda dos moradores. Por se tratar de uma região central, a demanda dos moradores é frágil, pois a rua Paranaguá é famosa pela concentração de comércios noturnos há tempos. Entretanto, estão claramente no seu direito de se manifestar. A questão é que, na falta de mecanismos legais para alcançar seu objetivo, parecem estar contando com uma “mãozinha” das autoridades.

É preciso deixar claro que a atividade dos bares da região não é nem de perto criminosa ou ilegal. É uma atividade honesta e que demanda muito esforço e investimento, além de gerar uma grande quantidade de empregos. Os bares são a porta de entrada de muitos jovens no mercado de trabalho, e provém a oportunidade de uma receita extra para aqueles que precisam. Para se trabalhar no atendimento de um bar, não são necessários requisitos muito abrangentes e é uma ótima oportunidade para jovens no começo da carreira. Esse setor é ainda um grande polo comercial na cidade de Londrina, que por ser uma cidade universitária, tem grande demanda por estabelecimentos desse nicho. Ou seja, os bares são importantes e grandes geradores de receita e empregos para a cidade.

A ação localizada e calculada pode colocar fim a vários comércios da região, que verão o movimento cair, e com os custos altos, sofrerão um grande baque (mais um) no seu fluxo e caixa. Os alugueis são caros e a mão de obra numerosa, portanto, uma semana de interferência pode sim custar a vida de um comercio nesse setor. Não custa lembrar que é um dos setores que foi mais afetado durante a pandemia. É uma ação da polícia seletiva e injusta, pois todas as outras regiões com bares na cidade estão atuando tranquilamente. E aqui, vemos como a atuação do Estado pode prejudicar alguns e privilegiar outros.

Espero, realmente, que existam outros objetivos nas recorrentes blitz na região e que não seja algo calculado. Mas ao que tudo indica, o objetivo é claramente o de minar os comércios a expulsá-los para dar “paz” aos moradores. Se você é da região, antes de apoiar tal ação, tente ver a situação com os olhos dos empresários e trabalhadores da região que terão que arcar com prejuízos e com seus empregos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O Capitalismo e o livre mercado

 


O capitalismo é, sem sombra de dúvidas, a maior revolução econômica da história da nossa civilização. Ele permitiu a geração de riquezas, aumento de renda, expansão e aumento da população e desenvolvimento tecnológico que trouxe o mundo à sua situação atual, onde temos acesso a um conjunto de regalias e conforto jamais visto na história. O capitalismo também é responsável pelo crescimento da desigualdade social, mas ao contrário do que tentam colocar na sua cabeça, esse também é um ponto positivo do capitalismo, pois antes dele, toda a população era igualmente miserável, vivendo da caça, pesca e pequenas trocas de bens, sem nunca ter possibilidade alguma de ascensão social, uma vez que apenas as famílias tradicionais da aristocracia tinham condições de ter uma vida tranquila e confortável.  Entretanto, nos últimos cinquenta anos (talvez mais), o capitalismo vem passando por uma série de transformações impulsionadas pelas regulações estatais que o prostituem como ideal de geração de riquezas e troca justa de valores para se tornar um sistema de castas e privilégios, permitindo que existam no mundo corporações gigantescas, monopólios, oligopólios e pouca concorrência nos mercados, que é a base e o motor do progresso e desenvolvimento das sociedades capitalistas.

O livre mercado, que permitiria ampla concorrência e dificultaria a existência de grandes corporações, vem sendo dinamitado pela influência estatal e minado o desenvolvimento das pequenas empresas. Com o crescimento da burocracia, criação massiva de leis, regulamentações e engessamento das livres relações contratuais e de negociação, o mercado se torna um ambiente inóspito para pequenos empreendedores, que não tem capital para enfrentar o aparato burocrático. Esse contexto é um prato cheio para grandes players que possuem um robusto sistema jurídico e organizacional e, com os pequenos enfrentando dificuldades, tem o caminho livre para dominar o mercado, comprando as empresas menores e inovadoras, estabelecendo monopólios e controle da economia. Por esse motivo, apesar de parecer contraproducente, a influência exercida pelo estado nas relações comerciais é muito interessante para as grandes corporações. Um exemplo claro dessa influência, foi a recente ocupação de mercado exercida pelas empresas UBER e IFOOD no país. Ainda no início da implantação desses serviços houve um grande debate sobre os direitos trabalhistas dos motoristas e usuários do sistema. Essa nova variável, apesar de aparentar um grande golpe para o modelo de negócios, na verdade serviu como obstáculo para o desenvolvimento de novas startups nesse segmento, que poderiam se aproveitar da revolução no setor e estabelecer seus mercados. O risco era grande demais para investir, pois um passivo trabalhista dessa magnitude inviabilizaria o projeto e a insegurança jurídica era alta. Pouco tempo depois, curiosamente após as duas grandes corporações dominarem seus mercados criando seus monopólios, essa polêmica foi enterrada, e não se fala mais nesse tema – ao menos não na grande mídia. Mas agora é tarde demais para alguma empresa pequena conseguir capacidade estrutural para concorrer com as gigantes.

Esses dois exemplos servem para ilustrar a situação como um todo, mas também temos a influência das grandes corporações na legislação nacional, como a taxação de dividendos. Mais uma vez, algo que pode parecer muito danoso para eles, serve na verdade como obstáculo para os menores, que terão maior dificuldade para estabelecer uma concorrência nos mercados. Como sabemos, sem concorrência fica muito mais fácil de estabelecer preços de mercado e ditar os rumos econômicos de qualquer setor. Esse controle exercido pelas grandes corporações também já atingiu o desenvolvimento de novas tecnologias no mundo, com a compra de patentes, ou ataques a inovações que gerariam produtos substitutos aos mercados já estabelecidos. Portanto, é necessário clarear esse ambiente e mostrar como as coisas realmente são e as consequências de algumas estratégias econômicas e políticas. É muito comum ver algumas pessoas defendendo maior regulamentação estatal, taxação de grandes fortunas e dividendos ou leis trabalhistas e ambientais mais rígidas e ao mesmo tempo fazendo campanha contra grandes corporações capitalistas e até mesmo contra o próprio capitalismo. Lamento informar, mas essa posição é contraditória e boa parte das bandeiras que essas pessoas defendem, servem, na verdade, como proteção para esses grandes “vilões capitalistas”. Por hora, apenas uma conclusão: somente o livre mercado salva o capitalismo.