quarta-feira, 6 de outubro de 2021

O Capitalismo e o livre mercado

 


O capitalismo é, sem sombra de dúvidas, a maior revolução econômica da história da nossa civilização. Ele permitiu a geração de riquezas, aumento de renda, expansão e aumento da população e desenvolvimento tecnológico que trouxe o mundo à sua situação atual, onde temos acesso a um conjunto de regalias e conforto jamais visto na história. O capitalismo também é responsável pelo crescimento da desigualdade social, mas ao contrário do que tentam colocar na sua cabeça, esse também é um ponto positivo do capitalismo, pois antes dele, toda a população era igualmente miserável, vivendo da caça, pesca e pequenas trocas de bens, sem nunca ter possibilidade alguma de ascensão social, uma vez que apenas as famílias tradicionais da aristocracia tinham condições de ter uma vida tranquila e confortável.  Entretanto, nos últimos cinquenta anos (talvez mais), o capitalismo vem passando por uma série de transformações impulsionadas pelas regulações estatais que o prostituem como ideal de geração de riquezas e troca justa de valores para se tornar um sistema de castas e privilégios, permitindo que existam no mundo corporações gigantescas, monopólios, oligopólios e pouca concorrência nos mercados, que é a base e o motor do progresso e desenvolvimento das sociedades capitalistas.

O livre mercado, que permitiria ampla concorrência e dificultaria a existência de grandes corporações, vem sendo dinamitado pela influência estatal e minado o desenvolvimento das pequenas empresas. Com o crescimento da burocracia, criação massiva de leis, regulamentações e engessamento das livres relações contratuais e de negociação, o mercado se torna um ambiente inóspito para pequenos empreendedores, que não tem capital para enfrentar o aparato burocrático. Esse contexto é um prato cheio para grandes players que possuem um robusto sistema jurídico e organizacional e, com os pequenos enfrentando dificuldades, tem o caminho livre para dominar o mercado, comprando as empresas menores e inovadoras, estabelecendo monopólios e controle da economia. Por esse motivo, apesar de parecer contraproducente, a influência exercida pelo estado nas relações comerciais é muito interessante para as grandes corporações. Um exemplo claro dessa influência, foi a recente ocupação de mercado exercida pelas empresas UBER e IFOOD no país. Ainda no início da implantação desses serviços houve um grande debate sobre os direitos trabalhistas dos motoristas e usuários do sistema. Essa nova variável, apesar de aparentar um grande golpe para o modelo de negócios, na verdade serviu como obstáculo para o desenvolvimento de novas startups nesse segmento, que poderiam se aproveitar da revolução no setor e estabelecer seus mercados. O risco era grande demais para investir, pois um passivo trabalhista dessa magnitude inviabilizaria o projeto e a insegurança jurídica era alta. Pouco tempo depois, curiosamente após as duas grandes corporações dominarem seus mercados criando seus monopólios, essa polêmica foi enterrada, e não se fala mais nesse tema – ao menos não na grande mídia. Mas agora é tarde demais para alguma empresa pequena conseguir capacidade estrutural para concorrer com as gigantes.

Esses dois exemplos servem para ilustrar a situação como um todo, mas também temos a influência das grandes corporações na legislação nacional, como a taxação de dividendos. Mais uma vez, algo que pode parecer muito danoso para eles, serve na verdade como obstáculo para os menores, que terão maior dificuldade para estabelecer uma concorrência nos mercados. Como sabemos, sem concorrência fica muito mais fácil de estabelecer preços de mercado e ditar os rumos econômicos de qualquer setor. Esse controle exercido pelas grandes corporações também já atingiu o desenvolvimento de novas tecnologias no mundo, com a compra de patentes, ou ataques a inovações que gerariam produtos substitutos aos mercados já estabelecidos. Portanto, é necessário clarear esse ambiente e mostrar como as coisas realmente são e as consequências de algumas estratégias econômicas e políticas. É muito comum ver algumas pessoas defendendo maior regulamentação estatal, taxação de grandes fortunas e dividendos ou leis trabalhistas e ambientais mais rígidas e ao mesmo tempo fazendo campanha contra grandes corporações capitalistas e até mesmo contra o próprio capitalismo. Lamento informar, mas essa posição é contraditória e boa parte das bandeiras que essas pessoas defendem, servem, na verdade, como proteção para esses grandes “vilões capitalistas”. Por hora, apenas uma conclusão: somente o livre mercado salva o capitalismo.

 


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