O capitalismo é, sem sombra de dúvidas, a maior revolução econômica da história da nossa civilização. Ele permitiu a geração de riquezas, aumento de renda, expansão e aumento da população e desenvolvimento tecnológico que trouxe o mundo à sua situação atual, onde temos acesso a um conjunto de regalias e conforto jamais visto na história. O capitalismo também é responsável pelo crescimento da desigualdade social, mas ao contrário do que tentam colocar na sua cabeça, esse também é um ponto positivo do capitalismo, pois antes dele, toda a população era igualmente miserável, vivendo da caça, pesca e pequenas trocas de bens, sem nunca ter possibilidade alguma de ascensão social, uma vez que apenas as famílias tradicionais da aristocracia tinham condições de ter uma vida tranquila e confortável. Entretanto, nos últimos cinquenta anos (talvez mais), o capitalismo vem passando por uma série de transformações impulsionadas pelas regulações estatais que o prostituem como ideal de geração de riquezas e troca justa de valores para se tornar um sistema de castas e privilégios, permitindo que existam no mundo corporações gigantescas, monopólios, oligopólios e pouca concorrência nos mercados, que é a base e o motor do progresso e desenvolvimento das sociedades capitalistas.
O livre mercado, que permitiria
ampla concorrência e dificultaria a existência de grandes corporações, vem
sendo dinamitado pela influência estatal e minado o desenvolvimento das
pequenas empresas. Com o crescimento da burocracia, criação massiva de leis, regulamentações
e engessamento das livres relações contratuais e de negociação, o mercado se
torna um ambiente inóspito para pequenos empreendedores, que não tem capital
para enfrentar o aparato burocrático. Esse contexto é um prato cheio para
grandes players que possuem um robusto sistema jurídico e organizacional e, com
os pequenos enfrentando dificuldades, tem o caminho livre para dominar o
mercado, comprando as empresas menores e inovadoras, estabelecendo monopólios e
controle da economia. Por esse motivo, apesar de parecer contraproducente, a
influência exercida pelo estado nas relações comerciais é muito interessante
para as grandes corporações. Um exemplo claro dessa influência, foi a recente
ocupação de mercado exercida pelas empresas UBER e IFOOD no país. Ainda no
início da implantação desses serviços houve um grande debate sobre os direitos
trabalhistas dos motoristas e usuários do sistema. Essa nova variável, apesar de
aparentar um grande golpe para o modelo de negócios, na verdade serviu como obstáculo
para o desenvolvimento de novas startups nesse segmento, que poderiam se
aproveitar da revolução no setor e estabelecer seus mercados. O risco era
grande demais para investir, pois um passivo trabalhista dessa magnitude
inviabilizaria o projeto e a insegurança jurídica era alta. Pouco tempo depois,
curiosamente após as duas grandes corporações dominarem seus mercados criando
seus monopólios, essa polêmica foi enterrada, e não se fala mais nesse tema –
ao menos não na grande mídia. Mas agora é tarde demais para alguma empresa
pequena conseguir capacidade estrutural para concorrer com as gigantes.
Esses dois exemplos servem
para ilustrar a situação como um todo, mas também temos a influência das
grandes corporações na legislação nacional, como a taxação de dividendos. Mais
uma vez, algo que pode parecer muito danoso para eles, serve na verdade como
obstáculo para os menores, que terão maior dificuldade para estabelecer uma
concorrência nos mercados. Como sabemos, sem concorrência fica muito mais fácil
de estabelecer preços de mercado e ditar os rumos econômicos de qualquer setor.
Esse controle exercido pelas grandes corporações também já atingiu o
desenvolvimento de novas tecnologias no mundo, com a compra de patentes, ou
ataques a inovações que gerariam produtos substitutos aos mercados já
estabelecidos. Portanto, é necessário clarear esse ambiente e mostrar como as
coisas realmente são e as consequências de algumas estratégias econômicas e
políticas. É muito comum ver algumas pessoas defendendo maior regulamentação
estatal, taxação de grandes fortunas e dividendos ou leis trabalhistas e
ambientais mais rígidas e ao mesmo tempo fazendo campanha contra grandes
corporações capitalistas e até mesmo contra o próprio capitalismo. Lamento informar,
mas essa posição é contraditória e boa parte das bandeiras que essas pessoas
defendem, servem, na verdade, como proteção para esses grandes “vilões
capitalistas”. Por hora, apenas uma conclusão: somente o livre mercado salva o
capitalismo.
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