quarta-feira, 20 de outubro de 2021

O Circo acabou.

 

A CPI da pandemia foi chamada de Circo da Pandemia desde o seu início. Não era mistério que o único objetivo era político e que as verdadeiras investigações para apurar corrupções seriam enterradas uma a uma, como de fato foram. Uma comissão com seus membros escolhidos a dedo, onde o grande líder era o Senador Renan Calheiros, que dispensa apresentações. Calheiros é mais um entre tantos políticos de carreira no Brasil que reúne no seu passado uma miríade de escândalos políticos, denúncias por corrupção, lavagem de dinheiro e tantos outros crimes de colarinho branco tão comuns na política brasileira. Seu fiel escudeiro, Omar Aziz, carrega na sua sombra a suspeita de envolvimento num escândalo de corrupção que desviou 200 milhões da saúde do seu estado, quando era Governador. Somente isso já bastaria para qualquer cidadão minimamente razoável não levar a sério a CPI. Mas ela seguiu.

Durante os trabalhos, o grande foco da CPI foi desmoralizar o governo Bolsonaro. A única meta foi a de encontrar um fio para puxar que desestabilizasse todo o governo. A mente desses senhores, bandidos de carreira, funciona de maneira muito previsível. Ora, se a corrupção é a sua principal atividade, eles pensavam: “Se eu fosse do governo, de onde desviaria verbas públicas”? A cada nova ideia que tinham, eles iniciavam uma nova investigação. Era óbvio para eles, por exemplo, que o governo estaria superfaturando os contratos da compra de vacinas, pois é o que eles fariam. E por isso criaram uma narrativa transformando uma suposição das suas mentes diabólicas em verdade absoluta. Em vão, pois nenhum pagamento foi efetuado. E dessa mesma maneira foram criadas dezenas de outras narrativas pela CPI que foram se desmanchando como castelos de areia. Nada prosperou e a credibilidade, que já era baixa, foi enterrada enquanto ficava claro que a pressão em cima do governo não era justificável.

Ainda assim, a CPI chegou perto de desenterrar o grosso da corrupção. Quando algo realmente tinha chances de prosperar e identificar os corruptos que fazem nosso país seguir à margem do mundo desenvolvido e que foram – esses, sim – responsáveis por mortes na pandemia, eles optaram por não investigar. Isso aconteceu quando os escândalos de desvios de recursos enviados pelo Governo Federal foram descobertos nos Estados: Superfaturamento na compra de respiradores, verbas direcionadas para centros de atendimentos nunca construídos, empresas fantasmas e de fachada, lobistas atuando na intermediação de contratos. Tudo estava claro e cristalino. Mas a CPI fechou os olhos e optou por não investigar os governadores.

Hoje, o Circo chega ao fim. Dos meses de trabalhos e recursos públicos desperdiçados, deve sobrar um relatório de mil páginas com as denúncias contra o governo Federal. Um relatório que já estava todo montado na cabeça corrupta de Renan Calheiros desde antes de os trabalhos começarem. Ele sonha com esse momento desde o início, onde a CPI deveria chegar ao seu ápice e ele mesmo ser reconhecido com um herói nacional ao colaborar ativamente para retirar Bolsonaro da cadeira Presidencial. O relatório é um balde de água fria na cabeça de Renan e de todos que torceram pela CPI durante todo esse tempo. São mil páginas de delírios e pornografia mental de velhos lobos da política brasileira. Como a CPI não tem poder de indiciar ninguém, apenas de sugerir ao Ministério Público, certamente quase nada prosperará. Se bem usada pelo Governo Federal, pode até servir de munição para a campanha de Bolsonaro para o ano que vem. Afinal, jamais um governo foi tão minuciosamente investigado por tanto tempo e por tanta gente. Se, ainda assim nada de relevante é encontrado, certamente esse é o Governo mais transparente e honesto que já esteve à frente desse país.

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