segunda-feira, 14 de abril de 2014

As emoções de ver o Londrina Campeão.


Já sofri muito com o Tubarão. Cansei de ir ao estádio pra ver o time sucumbir nos minutos finais tomando empates e viradas inesperadas e inacreditáveis. O trauma se tornou tão grande que comecei a acreditar que era eu o culpado, o grande vilão da história. Parei de ir ao campo e prendi-me em casa para ouvir pelo rádio ou ver pela TV. Mas esse ano o time mostrava algo diferente. Um poder de reação e um controle emocional característico de times campeões. Arrisquei-me diante do Criciúma pela Copa do Brasil e vi um time maravilhoso em campo. Era o convite para voltar à beira do gramado. Dessa vez aderi a um novo ritual: sempre sem camisa do time ou bandeira, só com o coração e o grito forte na garganta. O tubarão não me decepcionou, atropelou os adversários e chegou à grande final do campeonato Paranaense.
O clima na cidade durante a semana decisiva foi a essência do futebol clássico. Aquele que nem cheguei a conhecer, apenas li e ouvi falar. O futebol onde não existia esse glamour exacerbado em torno dos ídolos em campo. Sem esse distanciamento criado pela mídia e pelas grandes marcas. Dessa vez os protagonistas eram próximos. Alguns até conhecidos. O clássico do Café voltava a ser grandioso como nas épocas de outrora e um dos dois times de guerreiros levantaria a taça.
Tentei adquirir um ingresso para assistir o jogo em Maringá, mas a disputa era enorme e nem perto cheguei de garantir minha ida, mesmo ficando duas horas numa ingrata fila. O jeito foi se contentar em assistir o jogo pela TV e enviar vibrações positivas a distancia. Mas como todo grande título, essa história vem acompanhada de reviravoltas que faz o coração parar por alguns momentos. Aos 45 do segundo tempo, o que se traduz por meio-dia e meia do dia do jogo, um amigo avisa que tem um ingresso sobrando para a final e que eu deveria correr para a rodoviária. Não pensei duas vezes. Corri contra o tempo. Sem café da manhã, sem almoço, sem banho, apenas com o básico nos bolsos. Quinze minutos até a rodoviária e logo dentro do ônibus, ainda sem acreditar muito. Iria ver o Tubarão na final.
Depois de uma viagem surreal, com uma caravana de dezenas de ônibus e vans, estávamos dentro do estádio Willie Davids em Maringá. Invadimos a casa adversária e tudo que se via e ouvia eram cores e vozes de torcedores do Londrina: “Não é mole não. O Willie Davids virou o Cafezão!”
Que aperto, que sufoco. Pressão do time adversário, bolas na trave, defesas históricas, gritos de alívio, olhares para o céu em busca de um milagre. Gol do Londrina, explosão, vibração, abraços em desconhecidos, gritos para espantar o peso da tensão. Empate do Maringá, dúvidas por um instante, e novos gritos para apoiar o time. O sufoco continuou até o fim do segundo tempo. O adversário perdeu gols, às vezes por incompetência, às vezes por que realmente não era dia da bola entrar. E quando é assim, a gente sente que o caneco vai ser nosso.
A disputa por pênaltis foi tão nervosa quanto o jogo. Mas tudo se encaminhou para o grito de redenção. É CAMPEÃO!!! Centenas de pessoas que nunca tinham sonhado presenciar esse momento corriam sem rumo, de um lado para o outro, como se quisessem apenas se libertar de um fantasma que os acompanhara durante a vida toda. Uns chorando, outros sorrindo, ajoelhados, deitados, abraçados. Cada um vibrava da maneira mais irracional possível. Apenas para mostrar que conquistou tão sonhada glória.
Depois do jogo o alívio era geral. Cada um ali parecia ter perdido uns quinhentos quilos que carregava nos ombros. Viagem de volta cheia de histórias e comentários sobre lances do jogo: “Você viu aquela bola na trave?” “E o último pênalti? Pensei que o goleiro tinha defendido!” “Resolvi nem olhar mais para o campo!”
Na chegada em Londrina só nos restava ir ao encontro dos outros milhares de emocionados no tradicional ponto de comemorarão da cidade, a Avenida Higienópolis, e esperar a chegada do time de campeões. Mas dessa vez o campeão era dessa terra. E todos entoavam um grito só, uma alma só.

É CAMPEÃO!!! Parabéns LEC e muito obrigado por nos proporcionar tamanha alegria. Que muitas outras glórias venham. E que Deus cuide para estarmos lá para presenciar.