segunda-feira, 27 de maio de 2013

Alô?

Uma matéria publicada no portal Bonde me deixou surpreso já pelo seu título. "Preso liga para rádio e denuncia superlotação em Londrina". O que? Até pensei que se tratava de alguma piada de mau gosto, mas não, este absurdo realmente aconteceu. É o golpe final para um sistema carcerário que está com as pernas bambas há muitos anos.
O interno ligou para um programa comandado por Carlos Camargo na Paiquerê AM e descascou críticas à superlotação da cela em que se encontrava. "Está impossível ficar aqui dentro. São mais de 130 presos, tem suspeita de tuberculose. Eles só sabem abrir a portinhola e jogar preso aqui dentro."
Pasmem, quase fiquei com pena do preso! Não sei qual crime ele cometeu para estar lá dentro, mas ninguém merece ser colocado num situação precária dessas. Tá, talvez alguns mereçam, mas com certeza não todos que lá estão.
Em contrapartida, um preso mais famoso, o presidente do PV em Londrina, que é acusado de pedofilia, onde algumas das vítimas teriam menos de seis anos de idade, está preso no quartel do corpo de bombeiros, provavelmente sozinho e com um amplo espaço para tirar seus cochilos.
Não sei o que está mais errado. Um sistema que deveria servir para ressocializar os indivíduos que lá estão, mas só faz piora-los e deixa-los mais criminosos do que quando lá chegaram, ou as leis, que deveriam ser um escudo de amparo para a sociedade, mas protege aqueles que deveriam ser punidos com mais contundência. Não somente pelas barbáries cometidas, mas por portar um diploma de curso superior e não contar a desculpa da ignorância.
São tantos absurdos em sequência, que o fato de um aparelho celular estar dentro de uma cela, perde toda a importância que deveria ter. Afinal, eles parecem já fazer parte do cotidiano das cadeias brasileiras. Sabe-se lá por qual orifício eles chegam até lá, mas sempre chegam.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ironia

Eis que um dos caras que eu mais desprezo no jornalismo esportivo brasileiro, resolveu dizer algumas palavras sobre a Seleção Brasileira de Futebol. E não é que acabou por explanar tudo que eu gostaria de dizer. Parabéns Tiago Leifert.

Seleção de verdade
Mês que vem, hein. Mês que vem é a Copa das Confederações. A Itália vem aí. Espanha. Uruguai. Ferrou. Acho que todos os colunistas do mundo estão escrevendo exatamente sobre o evento e suas seleções. Quero entrar na roda, mas não falar de escalação nem de tática. Quero falar da crise de imagem da seleção brasileira. Não, não me refiro a ministros, Romários, gravações, CBF. Tô falando do jogo mesmo, da experiência de assistir à seleção brasileira.
Quando foi o último golaço da seleção? O último drible desconcertante? A última grande jogada? Tentei lembrar sem consultar o Youtube. Faça o mesmo, querido leitor. Eu não me lembro. Assistir a um jogo da seleção, hoje, é tão marcante quanto um (com todo respeito) do São Caetano. A seleção era para nós um pouco de Harlem Globetrotters com resultado; a gente sabia que algo incrível iria acontecer. A gente sabia que ia ganhar e os caras sabiam que iam perder. Cadê tudo isso? 
Você deve se lembrar das eliminatórias de 1993, no auge da crise, quando os jogadores resolveram entrar de mãos dadas. É disso que eu estou falando. Falta uma imagem para a seleção atual, falta se comunicar melhor com o torcedor. Melhor, não. Falta se comunicar direito.
O que eu faria? Primeiro, proibiria redes sociais na concentração. Chega dessa palhaçada de “mlki Oscar meu parça na resenha kkkk!”. Hoje, acho que o torcedor quer e precisa ver rostos sérios. Cara feia, cara de fome. A imagem atual é: “Tão achando graça do quê?”. É fotinho no Instagram, é Daniel Alves tirando foto no espelho do elevador para mostrar o look. Ah, para! Vamos fechar um pouco essa cara, usar tons mais escuros. Quem sabe um blazer? Um terno sem gravata?
Eu proibiria desembarcar no estádio usando os headphones coloridos by Dr. Dre. Mensagem: “Tô indo trabalhar em nome de um país, não tô indo me divertir”.
Eu obrigaria os jogadores a cantar o hino nacional em VOZ ALTA, todos, para que aquela câmera que fica passando de um em um captasse orgulho, vontade, “TERRA ADORADA, PÁTRIA AMADA”, bem alto.
Eu, se fosse o Felipão, treinaria marcar pressão no primeiro tempo. Isso passa a imagem de um time inquieto, brigador. Vale a pena. Prefiro ver um jogador tomar amarelo porque exagerou na dividida a vê-lo caído com dor. E nesse momento de reconquista, eu acho que as dancinhas nos gols não contribuem para a imagem da seleção. Precisamos ver gritos, dentes, socos no ar!
Não me entenda mal nesse breve momento kadafiano. Eu me lembro da seleção desembarcando numa final de Copa cantando pagode. E achei sensacional, era perfeito para o momento. O recado era: “Tamo aqui cagando porque somos os melhores e vamos ganhar essa porra em ritmo de churrasco”. Passou uma imagem de controle, autoconfiança. Mas a vida mudou. Agora é pão com mortadela. Precisamos começar do zero. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Parquímetros de Portugal


Nada tenho contra os Portugueses. Mas é fato, ou folclore, que historicamente eles possuem uma fama de ser menos dotados de inteligência que os “gênios” nascidos no Brasil. Considerando que as centenas de piadas existentes tenham algum fundo de verdade, vou subentender que os novos parquímetros instalados nas vias de Londrina são frutos de algum pensador da terra do bacalhau. Só pode ser essa a explicação.
Não é possível que algum sábio daqui tenha inventado tamanha geringonça que nada faz além de burocratizar, mais, o sistema de controle dos estacionamentos nas ruas da cidade. Quando um contribuinte – que já paga IPVA, IPTU, IR entre outros – estaciona seu carro numa via pública, ele tem que pagar pelo estacionamento. Isso já é antigo. Mas recentemente instalaram os tais parquímetros. Uma peça feia e normalmente mal localizada até a qual o usuário tem que se dirigir e depositar moedas de acordo com o tempo que o carro vai permanecer estacionado. O problema é que a “moderna” geringonça não devolve troco e entende que o número de moedas que nela forem depositadas é o tempo requisitado. Ou seja, não importa se o tempo necessário é de 20 min. Se for depositado R$ 1,00, é esse período que será comprado. Não bastasse isso, as atendentes que sempre trabalharam fazendo este serviço, continuam labutando, e ainda precisam bater metas mensais de vendas. Vender o que e pra quem? As máquinas não estão ali para fazer isso?
O parquímetro deveria ser uma modernização do antigo bóton que recentemente foi instalado – junto a outras centenas de máquinas bancadas pelo dinheiro público – para automatizar o sistema de cobrança. Mas o que aconteceu foi um completo retrocesso que só fez burocratizar o sistema ao invés de facilitar. Só pode ser coisa de português mesmo.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Bosque Central

“O tribunal de Justiça (TJ) julgou constitucional emenda ao Código Ambiental tornando o bosque central de Londrina, como área de preservação ambiental, proibindo a construção de ruas ou vias no local.” (Coluna Naym Libos, no jornal Impacto)
Pronto, era o que faltava para a perpetuação da sujeira e reinado das pombas na região central de Londrina. Um salve também para o congestionamento do trânsito e ausência de vagas para estacionamento.
O Bosque está abandonado a três gestões de prefeitos. Desde sua última revitalização por volta do ano 2000, nada mais foi feito por este que é um dos cartões postais da cidade, ou ao menos deveria ser. Mas o que se vê é um local sujo e sem condições mínimas para ser frequentado. A muito o parquinho para as crianças está sucateado e a quadra não recebe times com frequência. O transito na região central é um caos e a falta de vagas para estacionamento um realidade.
O ideal seria uma reforma do bosque com a abertura e passagem da Rua Piauí por dentro dele, obra que inclusive começou a ser feita, mas foi barrada por meia dúzia de desocupados que ficaram abraçados a algumas árvores para evitar que fossem derrubadas. Agora a situação ficou bonita, com o bosque ainda abandonado e servindo de residência às pombas, marginais, michês e sabe-se lá o que mais.
Com esse novo entendimento do TJ, a situação promete se prolongar por mais alguns anos, já que a prefeitura fez uso de recurso para tentar reverter a situação. Enquanto isso os moradores continuam órfãos de uma área de lazer na região central da cidade, os comerciantes com movimento prejudicado pela falta de vagas de estacionamento, e os motoristas estressados com os engarrafamentos do trânsito. Todo mundo sai ganhando.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Loucura?


O futebol é uma coisa estranha. Não somente ele, mas todos os esportes que atraem de alguma maneira a atenção das massas. Ninguém ganha nada com o futebol, salvo os participantes do mesmo. Os torcedores não fazem nada além de torcer e gastar seu suado dinheiro com ingressos, uniformes e tantas outras coisas oferecidas pelo mercado do esporte. Mas por que as pessoas dedicam várias horas do seu dia e grande parte de seu esforço para discuti-lo? Por que lágrimas saltam aos olhos depois de derrotas ou vitórias heroicas? O que faz milhares de pessoas gritarem o nome do seu time após uma derrota?
Perguntas difíceis de responder. Alguns podem dizer que o motivo é a ignorância das massas. Aquela mesma que aliena o povo e os leva a votar em políticos corruptos e a permanecer alheio a recorrentes problemas no sistema político. Mas isso não acontece somente no Brasil. No mundo todo, boa parte da população é contagiada por este amor louco para com o esporte. Mesmo nos países mais desenvolvidos, onde a educação e a cultura recebem a atenção merecida, milhares de pessoas compartilham da mesma paixão dos brasileiros, em maior ou menor grau.
Parece que o esporte se liga ao íntimo das pessoas desde cedo. Quando ainda crianças elas convivem com o contraste de sentimentos após vitórias ou derrotas. Essa mistura cria um elo curioso, e pelo resto da vida elas sentem a necessidade de ter uma parcela de participação no dia a dia do seu clube de coração. Pouco importa se alguém sabe que ela está ali, mas a euforia de uma conquista não é descritível por simples palavras ou gestos. É preciso sentir. Que loucura o futebol, que loucos os apaixonados por ele.

Boicote à Conmebol

Os clubes brasileiros precisam se posicionar contra o Conmebol. Não é mais aceitável os absurdos que os times tem enfrentado nas partidas organizadas por esta entidade mesquinha e corrupta. Em um curto período dois anos, o Brasil vai organizar dois dos maiores eventos esportivos existentes no globo. Para tal, as entidades, clubes e torcedores brasileiros estão tendo que se adequar às regras aplicadas na Europa, onde a organização e o respeito vem em primeiro lugar. Entretanto, não será possível alcançar tal adequação caso os times continuem a participar de campeonatos organizados pela Conmebol, onde a desorganização e o desrespeito ganham um destaque especial.
O que aconteceu com o Corinthians no Pacaembu foi somente a cereja de um bolo fabricado pela Conmebol desde o início da competição. Já teve punição absurda ao time do parque São Jorge no episódio em Oruro. Suspensão exagerada ao principal jogador do São Paulo às vésperas de partidas decisivas. O Grêmio também sofreu com punição para seu treinador, que apanhou, mas pasmem, levou toda a culpa. Só por aqui mesmo. Tudo isso somada à desorganização das partidas nos países vizinhos, onde reina absoluta a violência e a pressão contra nossos times, que normalmente apanham três vezes. Do adversário, da torcida e da polícia.
A Conmebol deve estar incomodada com a supremacia dos clubes brasileiros nos últimos anos. As equipes estão se estruturando e a economia passa por um momento favorável, assim os resultados em campo são constantes. Cabe então aos chefões do futebol Sulamericano mexer os pauzinhos para que a sequência de títulos brasileiros seja quebrada. Para tal, vale tudo. Se o Juiz não conseguir resolver, acontecem absurdos como um time não voltar para o segundo tempo do jogo, como aconteceu na partida entre São Paulo e Tigres ano passado.
Os times brasileiros tem um poder que parecem desconhecer. Caso aconteça uma mobilização por parte deles e um boicote à Conmebol, os campeonatos organizados por ela perderão grande parte de seu valor, pois são os times daqui que atraem os investimentos pesados de patrocinadores. Medidas urgentes precisam ser tomadas já. O mundo está vendo os papelões que estão acontecendo por aqui, e a imagem que já não era boa, continua a piorar.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Somos diferentes

Vamos aos fatos. Dois gols legais anulados e dois pênaltis não marcados. Corinthians fora da Libertadores desse ano e um breve adeus ao Bi. Festa de todos os torcedores que não são corintianos. Mistérios da Conmebol por escalar um árbitro que já tinha apitado partidas muito discutidas do Corinthians. Futebol é assim. Um dia se ganha e outro se perde.
Mas a impressão que ficou no final do jogo, tanto pela torcida quanto pelos jogadores do Corinthians foi: NÃO PERDEMOS ESSE JOGO.
Os torcedores permaneceram no estádio até o último minuto, e vários minutos após ele gritando o nome do time e cantando as músicas que os empurraram a vários títulos nos últimos anos. Palmas aos jogadores, que jogaram o tempo todo com hombridade e em nenhum momento apelaram para a violência em campo. Palmas mais uma vez para a torcida que aceitou o resultado e fez uma festa que, tenho certeza, arrepiou até os que estavam torcendo contra. Adeus aos tempos de violência e boas vindas aos estádios sem alambrados. Essa torcida merece.
O resultado final foi lamentável para os corintianos, mas a torcida provou, mais uma vez, que é diferente das outras. Parabéns ao Boca que fez as partidas que lhe cabia. Ao árbitro algumas vaias, pois queimou seu fim de carreira. Ao Corinthians parabéns. À torcida, parabéns. Esse campeonato passa e ano que vem tem outro. Mas que a Conmebol fique atenta, pois suas atitudes são claramente tendenciosas contra os clubes brasileiros e imagino que, num breve futuro, eles vão deixar de participar dos campeonatos organizados por ela.
Ps. O Corinthians começa a ser o grande favorito ao título do Brasileirão 2013.

Por que não vou à missa.

A pouco estava me perguntando porquê não vou à missa. Sendo criado numa família católica e frequentadora da igreja, deveria ser do meu costume seguir a tradição. Acredito em Deus e gosto muito desse Senhor misterioso, pois vejo nele o motivo da vida ser maravilhosa e a resposta de vários porquês em momentos de dúvidas ou aflição. Mas não consigo ter pela igreja essa mesma admiração. Muito provavelmente essa desconfiança seja oriunda do fato de a igreja ser formada e mantida por homens, assim como eu, cheios de pecados e de dúvidas na vida. O problema é que por ser da igreja, algumas dessas pessoas vestem uma máscara de hipocrisia e se sentem mais santas que todos as demais. Não só na igreja, mas também nas redes sociais, vejo todos os dias pessoas postando mensagens maravilhosas e juras de amor a Deus. Mas esses mesmos canalhas se escondem nessa máscara maldita e no seu dia a dia se empenham em ser mais sacanas o quanto conseguirem.
Por não ir muito à igreja, estou meio por fora das leis pregadas por ela hoje em dia - as quais mudam de acordo com que lhe convém -, mas creio que para Deus não existe ser mais pecador do que esses que estão fazendo juras de amor a Ele e ferrando seus irmão aqui em vida.
Tentei me lembrar da última vez que fui à missa. E cheguei à conclusão que lá dentro me sentia muito mais pecador do que fora dela. A concentração nas palavras não vinha porque tinha que ficar preocupado se estava acompanhando direito o festival de rituais feito por todos. Levantar, sentar, ajoelhar, levantar, sentar, ajoelhar. Tinha ainda que cantar músicas longas e bater palmas feito um robô. Sem contar nas olhadelas de lado que lançava toda vez que avistava um mocinha bonitinha. Na hora da hóstia ficava observando a cara de santo que todos faziam para recebe-la e pensava: "qual desses é o mais sacana na sua vida fora daqui?".
Não. Na igreja não conseguia me concentrar, e este deve ser outro motivo que fez diminuir minhas idas até lá. Quando troco umas palavras com Ele dentro do meu quarto, no silêncio da madrugada, a concentração é muito melhor e as palavras saem, no mínimo, mais sinceras que em qualquer outro lugar. Penso que é melhor assim..

terça-feira, 7 de maio de 2013

Policia enquadrada

Deve ser muito complicado ser policial no Brasil. A começar pelo salário de fome que nossos oficiais recebem todos os meses. Depois as condições oferecidas para exercer a profissão, ou a falta delas – viaturas, armamentos, munição, etc. Após enfrentar todos os desafios, o policial realiza seu trabalho com sucesso. Investiga, persegue, e prende, ou elimina o meliante, que é o caso que aconteceu no Rio de Janeiro ano passado e foi divulgado recentemente pelo Fantástico na rede Globo. Alheios a todas as dificuldades enfrentadas pela policia do Rio e sem dar valor ao trabalho deles, os órgãos governamentais vão agora investigar os meios utilizados no dia para realizar a operação. O que foi transmitido para a população foi um aparente abuso de poder e tiros que estariam colocando a vida da população em risco. Um tiroteio entre o helicóptero da polícia e os bandidos foi a única imagem transmitida e agora os policiais estão à mercê da justiça.
Muito típico dos administradores desse país. Ficam com suas bundas sentadas em cadeiras confortáveis durante o ano todo, ou ainda por anos a fio. Não se preocupam em oferecer à população carente o mínimo necessário para subsistência. Deixam traficantes nadarem às braçadas dentro das favelas e construírem verdadeiros impérios de terror. Muitos ganham suas regalias ainda com “arregos” no tráfico, do bicho, da prostituição, ou seja lá o que mais. Nessa bagunça toda onde o ganha-ganha é geral, menos por parte da população, estoura um escândalo desses e as autoridades resolvem agir. Sobra para os policiais, parte que fala menos alto nessa equação, e que agora provavelmente devem ser afastados de seus cargos e sofrerem penalizações.
E assim segue o Brasil. Esse episódio vai passar e ser esquecido como muitos outros. Os mesmos problemas vão continuar existindo e outros escândalos vão estourar. A população continuará alheia aos problemas como se nada tivessem a ver com isso. Afinal, a Copa já está aí. O Neymar está indo para a Europa. O Felipão vai divulgar a escalação da seleção. E outras coisas muito mais importantes que segurança e bem estar estão na iminência de acontecer. A população não tem tempo para reclamar.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Uma faca de dois gumes

Corinthians classificado para a final do Paulista. Com esse resultado o time fará semana que vem, três jogos em sete dias que podem selar seu destino no primeiro semestre do ano. Nos dois domingos jogos contra o Santos pela final do Paulista, e no meio da semana a partida decisiva contra o Boca pela Libertadores. Ontem os jogadores comemoraram muito a classificação em cima do SPFC, mas será que realmente foi boa para a temporada? É claro que nunca é bom perder, mas se lembrarmos do ano passado, foi exatamente uma derrota, contra a Ponte, que fez o time crescer e se dedicar totalmente à Libertadores culminando com sua conquista pela primeira vez na história do clube.
O excesso de jogos e a dificuldade em focar em uma competição podem ser determinantes na postura do time em campo e numa provável eliminação precoce na Liberta, onde precisa vencer bem em casa. Por outro lado esse mesmo fator pode levar o time a reencontrar seu modus operandi definitivo que consagrou ano passado e passar bem pelos dois adversários. Time pra isso tem! Mas a resposta só pode ser dada após o fim dessa jornada.
O professor Tite tem uma semana para trabalhar bem com seus jogadores. Testar opções e talvez, enfim, encontrar um lugar para Alexandre Pato. Depois disso é decisão em cima de decisão e qualquer bobeira pode significar uma tristeza para a Fiel. O objetivo é levantar o caneco nas duas competições, mas a impressão que fica é que, caso não passe pelo Boca, essa vitória contra o SPFC vai ser levemente lamentada pela maioria da torcida. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Empresa à deriva

Uma empresa, seja ela familiar, ou não, pode ser comparada a um barco pesqueiro em alto-mar.
Digo que pode ser familiar ou não, porque tratarei aqui com mais ênfase nas empresas dirigidas por famílias, onde nem sempre a organização é seu forte.
Como em um pesqueiro, a empresa precisa de uma meta, lucros e extremos cuidados para não “afundar”. E pede que todos os fatores internos e externos ligados a ela, sejam observados com o máximo de atenção.
Esses fatores podem ser comparados e estudados um a um, e veremos uma grande ligação entre eles. Vejamos:
Num pesqueiro, é o capitão quem escolhe o rumo que todos irão seguir, escolhe as regras, quem embarca ou não. Cuida dos mantimentos e dos detalhes para o barco navegar. Numa tormenta, toma todas as decisões. E é o grande responsável em caso de um bom dia de pesca.
Assim se torna óbvio que numa empresa, o capitão é o dirigente ou o “dono”. Esses substantivos serão sempre utilizados no singular, pois, por mais que se trate de um grupo de dirigentes, ou de uma família que
esteja à frente do negocio, as decisões precisam ser fruto de um consenso, visando ser as mais acertadas o possível.
Sabe-se que, num pesqueiro, por mais que o capitão escolha a rota e tome todas as decisões, ele precisa primeiro cuidar para que o mesmo continue navegando sem avarias. Para isso ele não pode ignorar nenhum
fator que colabore para o mesmo. O casco tem de estar intacto, os tripulantes empenhados, o motor funcionando e as redes tem de trazer peixes.
Veremos a seguir que todos esses fatores são de suma importância, e podem ser comparados a um setor específico de todas as empresas.

O Casco
O casco é o setor mais importante numa embarcação. Ele não pode ser ameaçado nunca, pois mantém o barco flutuando e dá proteção a todos. Por esses motivos, antes de tomar qualquer decisão, o capitão precisa pensar no casco, e vez ou outra, mudar a rota para que o mesmo não seja ameaçado.
Por isso o casco se trata do financeiro das empresas. Nada pode ser feito sem antes o financeiro ser consultado e ter aprovado.  Ele é o esqueleto da empresa, e uma vez que ele fique demasiadamente avariado a empresa tem grandes chances de ir à falência.
Por mais que o capitão queira seguir uma rota ele precisa prever os obstáculos no caminho e segurar o barco ou mudar a direção. Se uma empresa familiar toma atitudes pensando somente na família, ela tem grandes chances de prejudicar seu financeiro, e por conseqüência abalar o sistema todo.
O financeiro precisa ser respeitado e escolher quando se pode abrir o cofre para investimentos ou precisa conter os gastos, evitando o pior para todos.
Muitas empresas familiares desrespeitam essa regra, investindo valores indevidos em bens pessoais, que não tem interesse para a empresa, resultando num acúmulo de dividas que pode se tornar perigoso.
O financeiro está sempre disposto a distribuir os lucros e fazer investimentos, mas requer que seu ritmo seja seguido à risca, com muito planejamento.

As redes de pesca.
As redes trazem os lucros para a tripulação. Elas pescam os peixes, que são o grande objetivo da viagem, e precisam fazer isso com o máximo de competência. Sendo assim, as redes são chamadas de setor de compras nas empresas.
Num mercado com um grande número de concorrentes, principalmente quando se trata de micro e pequenas empresas, a diferença entre o quanto se gasta para produzir determinado produto e o preço final de venda, costumam ser cada vez mais próximos. Ou seja, para ganhar mercado muitas empresas precisam obedecer o preço final aceito pelo mercado.  Sendo assim, o setor de compras é determinante para os lucros das empresas. Uma vez que se compra bem e mantém uma boa relação com os fornecedores,
melhorando prazos e garantindo a matéria prima, terá mais facilidade de vender no preço de mercado e mesmo assim lucrar uma boa porcentagem no final.
O gestor precisa exigir o máximo do setor de compras e nunca se dar por satisfeito. Sempre existe uma negociação que pode ser melhorada ou um novo fornecedor querendo entrar no mercado. Mas vale lembrar que a boa relação com o fornecedor é primordial, pois não adianta comprar mais barato se não tem garantia de entrega do produto.

Os tripulantes e os mantimentos
Num pesqueiro os tripulantes nunca devem estar descontentes. Se tal situação ocorrer, o primeiro resultado é a queda geral no rendimento, e por conseqüência uma quantidade menor de peixes fisgados.
Os tripulantes não podem ter fome nem sede. Precisam ter boas condições de trabalho e quase nunca trabalhar à exaustão. Digo “quase”, porque se o tripulante estiver contente e mantiver uma boa relação com
sua equipe e capitão, quando se fizer necessário, seja numa tormenta ou num bom dia de pesca, ele vai trabalhar mais que o de costume sem reclamar.
Os tripulantes, é obvio, são os colaboradores da nossa empresa. Os mantimentos, o setor de RH.
Os colaboradores tem de estar contentes e comprometidos com os objetivos da empresa. Eles são a vitrine, e normalmente quem mantém o primeiro contato com os clientes.
Quem deve fazer esse quadro se tornar uma realidade é o setor de RH. E o gestor tem que tomar todo o cuidado para que ele obtenha sucesso. Para um colaborador estar contente não existe nenhum mistério. Deve-se remunerar de acordo com o merecimento; elogiar o trabalho quando necessário; garantir que a carga horária seja justa e se encaixe nas limitações da equipe; dar treinamento adequado; aceitar as sugestões e críticas; aplicar modificações e melhoramentos quando se fizer necessário.
Por outro lado, o setor de RH tem de evitar os “piratas” que se encontram pelo caminho. Não deixando que estes permaneçam muito tempo na empresa e não contamine os bons colaboradores.

O Motor
O motor tem sempre que estar trabalhando. Nunca deve ser desligado. Vez ou outra ele diminui a potencia, e só para totalmente, mesmo que por pouco tempo, se o clima estiver bom e o mar cheio de peixes.
Falamos aqui do setor de marketing e propaganda. Pois sempre se disse que a propaganda é a alma do negocio. Os maiores conglomerados empresariais do mundo deixam de divulgar sua marca e seus produtos. E não é possível que eles estejam enganados.
O marketing move a empresa e a faz alcançar novas metas e lucros. Mas essa área, como todas as outras, precisa sempre respeitar as decisões do financeiro. E só pode estar a todo vapor quando todas as outras áreas estiverem funcionando com extrema precisão. Pois não adianta alavancar as vendas se não tem condições de atender a demanda.

O capitão
Todo pesqueiro que possui um sábio capitão está fadado ao sucesso.
É óbvio que sempre haverá tempestades no caminho, mas um bom capitão saberá escolher a rota menos perigosa. Saberá, também, respeitar todos os setores e os manterá em ordem. Pois ele sabe que a embarcação tem de continuar navegando e trazendo lucros para todos os tripulantes.
Numa empresa familiar, onde existem vários capitães, é preciso que todos tenham esse conhecimento e não pulem as etapas. Todos devem saber que o que tem de ser preservado é a saúde financeira da empresa, e a
mesma tem de render frutos. Uma vez que a empresa estiver ameaçada, toda a família estará também, e isso acaba sendo prejudicial a todos.
A empresa tem de se manter firme no mercado e sempre continuar navegando.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Inimiga Soberba

Nesta quarta o Corinthians foi derrotado pelo Boca Juniors dentro da mística La Bombonera. Mas pode-se dizer que a derrota foi mais culpa do próprio Corinthians do que do desempenho do Boca. Os Argentinos tem um time que é somente a sobra do time finalista do ano passado – que já não era lá essas coisas – e se agarraram na história e na pressão que a torcida faz dentro dos seus domínios. O Corinthians por sua vez, vem sofrendo com um tipo de acomodamento que ataca diversos times multi-campeões, especialmente no Brasil. Uma soberba onde os jogadores sentem que podem fazer o resultado a qualquer momento e relaxam na raça e vontade de lutar. E quando um time cai nesse pecado ele é castigado pela bola e pelos “deuses do futebol”. Por isso esse é o esporte mais maravilhoso do mundo.
Mas, por outro lado, o Corinthians volta para o Brasil com um resultado “menos ruim” do que poderia ser. Apesar do perigosíssimo placar de 1x0 a situação é claramente possível de ser revertida. O maior trunfo da equipe é seu plantel recheado de jogadores de qualidade e que, com toda certeza, entenderam a lição recebida ontem. O clima dentro do avião deve ter sido de indignação para com eles mesmos pela vergonhosa atuação dentro de campo.
A resposta tem que ser dada dentro de campo, e já no próximo compromisso, contra o SPFC. A velha raça tem que voltar e o suor tem que escorrer vermelho. Como diria o professor Adenor “treino é jogo e jogo é guerra”. Com esse espírito aliado à qualidade técnica dos jogadores, muito provavelmente o Timão passará dessa fase da Liberta e chegará à final do Paulista. Fácil não vai ser. Nunca é. Mas é possível, e muito.

“O rato que tem medo” (Millôr Fernandes)


A história é bem simples. Um rato que depois de muito sofrer pede para um grande mágico transformá-lo em um gato. Não suportava mais ser perseguido e intimidado.
Nem bem foi transformado, ironicamente, passou a perseguir todos os ratos que encontrou. Porém, com inédita crueldade e efetiva precisão. Afinal conhecia com propriedade o modus operandi destrutivo dos ratos.
Viveu satisfeito até encontrar um cão – que então o persegue.
Implora mais uma vez para que mágico o transforme, dessa vez em um cão, e assim, por efeito da magia vai subindo sucessivamente a escala zoológica até chegar na iminência de ser transformado em ser humano.
Nessa passagem, o mágico, numa peripécia o transforma novamente num rato.
- Mas por que voltei a ser rato?  – pergunta o animal, transbordando frustração.
É com a sabedoria típica das fábulas que o Grande Mágico responde:
- De que adiantaria para o mundo mais um Homem com “coração de rato”!