terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz Natal

Não sei por quê
Nesses tempos de festas.
A solidão é o que mais me conforta

A falsidade me enoja, e os falsos
santos me entorpecem

Esqueça, infortúnio
O que fez, está feito

Hombridades de má hora,
não fazem milagres
Cortejos tardios
São gotas em um mar poluído

Vislumbremos o ano novo
Vislumbrastes sua nova vida.

Apenas não acredito...

O tempo dirá.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Vicentão


É amigo velho. Chegou sua hora. Depois de tantos anos de amizade, histórias, piadas e cervejas, hoje foi embora o amigo Vicentão. Figura rara. Com suas virtudes e seus defeitos, Vicentão foi autenticidade pura.
Por mais de uma década me acostumei a esperar a chegada do velho amigo para almoçar. Todos os dias, sem falta, chegava o Vicentão para o bom papo e as risadas de sempre. Logo sua mesa estava cheia de amigos para as conversas que se estendiam aos mais variados assuntos. Cresci ouvindo suas narrativas e absorvi muitas de suas palavras e ensinamentos. Quando o Vicentão não vinha, parecia que o dia não tinha passado, não fechava, algo estava errado.
Aprendi com o Vicentão que o fim não deve ser lamentado. O que deve ser lamentado é uma vida que deixa de ser vivida. Vicentão não teve o que lamentar. Viveu intensamente, fez piadas sobre seus problemas e sempre olhou para o futuro com esperança. Assim foi até seus últimos dias. Quando perguntavam sobre seu estado de saúde, ele dizia calmamente: “To fudido velho, mas vou lutar e vencer.”
Não deu velho amigo. Mas ficarão na lembrança as suas histórias e seu bom humor. Suas frases impactantes e de verdades surpreendentes. Peço licença para tomar uma cerveja na sua despedida. Depois de tantas, é assim que prefiro dar meu adeus a ti. Um grande abraço e descanse em paz...

Frases do velho amigo:
“A exposição é para dois tipos de pessoas: para o rico e para o jacu. O rico expõe e o jacu para pra ver.”
“Se juntar o PT ao PSDB, o resultado é o PCC”
“Corrupção é uma coisa que dá muito dinheiro e você não participa. Quando você passa a participar deixa de ser corrupção e torna-se um grande negócio.”
“Como posso crer num país onde um ladrão chama o outro de Vossa Excelência?”
“O melhor sexo é o sexo pago. E no fim das contas é o que sai mais barato.”

“O casamento é a maneira mais cara de se ter uma mulher de graça.”

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

E acabou...

E acabou o ano para o Corinthians. Eliminado na Copa do Brasil nesta quarta pelo Grêmio e com chances mínimas de disputar uma vaga na Libertadores do ano que vem. Quem dera isso fosse mesmo verdade. O time ainda é assombrado pelo risco do rebaixamento e precisa de pelo menos oito pontos para se ver totalmente salvo. Serão longos oito pontos.
Depois do ano mais glorioso de sua história, o Corinthians vive um momento que ninguém esperava, nem mesmo os torcedores rivais. As atuações do time chegam a arrepiar os fios de cabelo da fiel torcida, tão acostumada com raça e determinação em campo. Os jogadores estão entregues, e mesmo com dois títulos no bolso em 2013, pode-se dizer que grande parte da torcida vai terminar o ano envergonhada com os portadores do manto sagrado. Nem mesmo o time que foi rebaixado em 2007 se portava de maneira tão apática dentro de campo. Aquele elenco era fraco, ruim mesmo, mas ainda tinha brio e lutava até o fim das partidas. Caímos para a série B aquele ano. Mas caímos lutando.
O que se viu ontem na Arena do Grêmio e em muitos jogos durante o ano foi qualquer coisa, menos jogadores com brio. Salvo raras exceções, a maioria estava entregue, caminhando e como sempre, sem vontade de buscar o gol, que daria a classificação. Não sabemos dos detalhes que acontecem nos bastidores, mas esse elenco claramente está rachado. Muitos colocam Tite como maior culpado pelo fraco desempenho apresentado, mas custo a acreditar que uma pessoa pode passar de melhor técnico do Brasil e campeão do Mundo, para um total ignorante em período tão pequeno de tempo. Como fazer o time ganhar se a grande estrela do grupo, no qual foram investidos 40 milhões, apronta uma bizarrice extrema na hora de bater seu pênalti e recua a bola para o goleiro adversário? Os outros que erraram também não bateram bem, principalmente o Edenilson, mas o que esse moleque fez, escapa a qualquer coisa dentro do aceitável. Foi uma falta de respeito com a torcida, companheiros, diretoria e até com o adversário. Por mim esse playboy seria dispensado já e nunca mais portaria o manto alvinegro. Não tem nosso perfil, não sabe o que é Corinthians, e está mais preocupado com o gel que passa no cabelo do que com seu rendimento em campo.
A grande verdade nisso tudo é que em nenhum momento merecemos ganhar a partida e a classificação. Fizemos uma apresentação horrorosa e esperamos a sorte ajudar. Não ajudou. Agora é juntar os cacos e terminar o ano com um mínimo de dignidade. A era Tite realmente ruma para o fim. Não por incapacidade sua, mas pelo desgaste gigantesco à qual foi colocada. Chega ao fim também o tempo de muitos jogadores. Agradecemos pelos títulos e terão espaço nos nossos corações eternamente, mas acabou. Que venha um novo treinador, novas caras, e um novo planejamento ao longo prazo. Esta pode ser a única parte boa em não participar da Libertadores do ano que vem. Vamos começar do zero, do ponto inicial, e poderemos conquistar o mundo novamente em 2015 ou 2016. VAI CORINTHIANS!!!

terça-feira, 8 de outubro de 2013

É mais fácil bater.

A onda de protestos segue firme no Brasil. Inúmeros prestadores de serviços estão em greve, e alguns continuam nas ruas a protestar. O que marca as manifestações é a onda de violência que segue acontecendo na maioria dos eventos. Uma mistura de vandalismo com falta de preparo das autoridades faz com que os enfrentamentos se tornem inevitáveis.
Por parte da população é, no mínimo, compreensível a revolta. São décadas sendo roubada pelos políticos num silêncio assustador. Os escândalos de corrupção são inúmeros, a impunidade constante e os serviços públicos cada vez mais precários. Uma hora a bolha iria estourar, e agora todos querem dar seu grito de revolta. As autoridades por sua vez ficam entre a cruz e a espada. Muitos deles com certeza apóiam os protestos, mas são subordinados e tem que seguir ordens dos escalões mais altos. E o mais alto deles é a politicagem. As ordens devem ser das mais específicas: Combater qualquer tipo de manifestação, se necessário com armas em punho. É mais fácil marginalizar e tirar a legitimidade dos protestos do que solucionar os problemas que motivaram os mesmos.
O que mais assusta, entretanto, é o silêncio do governo. Mesmo com os caos instaurado nas ruas, nenhuma atitude eficaz é tomada. A presidenta está ocupada com a mágoa motivada pelas espionagens americanas e não consegue arrumar tempo para cuidar do seu próprio quintal. Quando vai a eventos públicos é vaiada, e acaba chamando o público de mal educado, caindo em total contradição, pois esquece que é o seu governo o responsável por prover tal educação.
O governo se protege. Coloca seguranças ao redor do Palácio do Planalto e a cavalaria nas ruas. O povo fica cada vez mais impaciente, pois além de ser feito de palhaço, agora também apanha e é humilhado. Ninguém ainda tem idéia exata de onde isso pode parar. Eu tenho medo, mas uma coisa é certa, o povo quando quer tem o poder nas mãos e faz mudanças acontecerem. A história e o presente provam isso, falta o Brasil, mais uma vez, provar também.

Tite, o menor culpado.

O Corinthians iniciou o ano como um dos grandes favoritos a grande parte dos títulos que estariam em disputa. O que credenciava o time a isso era o excelente ano vivido em 2012, um plantel com várias opções e um grupo unido sob um comando firme do Técnico Tite. Após dez meses passados, o time realmente conquistou dois dos três títulos disputados até agora e ainda briga pela Copa do Brasil. Entretanto foi eliminado – de maneira injusta – do mais importante deles, a Libertadores, e já não tem mais chances no brasileiro. Mesmo com esse aproveitamento o time tem sido vaiado em algumas partidas e alguns torcedores, como sempre acontece no Brasil, já pedem a cabeça do técnico Tite. Mas afinal, qual a verdadeira culpa do professor nessa queda brusca de rendimento?
Sim, o Sr. Adenor tem lá sua parcela de culpa. Mas nem de longe isso é motivo para esquecer que ele é o maior campeão da história do clube, muito menos para fazer com que saia pela porta dos fundos após tantas glórias. O time foi prejudicado esse ano por uma série de fatores. A começar pelo vergonhoso calendário, onde o número excessivo de partidas sobrecarrega grande parte dos jogadores e estes acabam sofrendo com contusões. Quando não estão no departamento médico, desfalcam a equipe sendo convocados para as seleções, que num absurdo total, tem seus jogos marcandos junto com as rodadas do campeonato nacional. O campeonato regional é outro absurdo e um desrespeito, não tendo lógica durar tanto tempo, num período onde os times deveriam estar em pré-temporada. Este número grandioso de jogos em busca de bilheteria acaba por ter um efeito contrário, tirando a graça do espetáculo e fazendo a torcida se afastar dos estádios.
Outro grande culpado pela queda do time atende pelo nome de Carlos Amarilla. O paraguaio apitou uma das partidas mais vergonhosas da história recente do futebol, e eliminou o Corinthians precocemente da Libertadores. Foi um balde de água fria num time que vinha em pleno crescimento de rendimento. Fica complicado para um grupo acostumado a brigar pelo mundo, se ver refém de um árbitro covarde e ter que se contentar com o campeonato regional. De onde buscar determinação assim?
A diretoria pode ser lembrada aqui também, pois suas contratações não fizeram o efeito esperado. Mas minha memória para esses assuntos é muito boa, e me lembro bem que no início do ano a aprovação era quase unânime com a vinda de Pato e a permanência dos principais jogadores. A desconfiança sempre ficou por conta dos laterais, mas convenhamos, quais as opções disponíveis no mercado. A grande burrada fica por conta das contratações de Ibson e Maldonado. Esses sim nunca contaram com o apoio da torcida.
O time sofreu ainda com punições estranhamente rigorosas, como o caso de Oruro, e do Mané Garrincha. Mas em alguns desses episódios a torcida, ou uma pequena parte dela também tem sua culpa no cartório. E parece que a lição não foi aprendida, visto que um torcedor atirou uma garrafa de água num dos bandeirinhas do jogo passado, e provavelmente novas punições venham por ai.
Por fim os jogadores. Todos entendem que é complicado manter o desempenho por tanto tempo, mas vale lembrá-los que seus salários continuam entrando em suas contas da mesma maneira. A camisa que ventem é merecedora do mesmo respeito que ano passado, e os torcedores continuam fazendo sacrifícios para acompanhar o time seja onde ele for. Nenhum tipo de acomodamento é aceitável no Corinthians e sempre serão cobrados, seja no jogo, no treino ou nas ruas.
Sou um defensor da permanência de Tite. Após o jogo contra o Santos na Vila na Libertadores prometi a mim mesmo que nunca mais falaria mal desse cara e sigo cumprindo minha promessa. O professor merece uma despedida honrosa, se tiver mesmo que sair. Fez por merecer isso. Chega de fazer com que nossos ídolos saiam do clube às avessas e sem o reconhecimento merecido.

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Um viva à Terra Celta


Neste fim de semana uma coisa muito importante vai acontecer ao cenário musical Londrinense. Uma banda daqui, criada nas mesas dos bares londrinenses e com músicos daqui, vai estar presente num dos maiores festivais de música do mundo. O Rock In Rio!
Pode parecer que esses caras são uns baita sortudos, que foram levados pelo destino ao palco sagrado do Rock. Mas não! Tive o prazer de acompanhar essa banda desde seus primeiros shows no antigo Tomate Seco, um dos poucos lugares na cidade que dava espaço para músicos alternativos. Desde lá, em meados de 2006, se não me engano, vi esses caras batalhando dia pós dia para buscar seu lugar ao sol. Atravessaram problemas diversos, viagens em carros e vans apertadas, carregaram seus equipamentos – não são poucos – para montá-los nos mais diversos tipos de palcos, com boa estrutura ou sem. Investiram dinheiro do próprio bolso para produzir um estilo único e lutaram contra a falta de espaço, pois os espaços estão todos ocupados pelas músicas pobres e repetitivas.
Muitos tentaram fazer o que a Banda Terra Celta fez. Nossa cidade conta com centenas de músicos dos mais variados estilos. Mas quase todos acabam sucumbindo frente às dificuldades impostas pelo mercado e frente à falta de apoio. Mas esses malucos que estarão no Palco Rock Street neste final de semana insistiram. Lutaram, e a cada dia colhem frutos dessa louca insistência.
Que esta seja a primeira conquista realmente grandiosa dos nossos conterrâneos da Terra Celta. Que saiam de lá para conquistar mais palcos no Brasil e no Mundo. E que sua música e seu estilo sejam reconhecidos pelo verdadeiro valor que possuem. Parabéns!

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Quando a vergonha bate.

Neste domingo jogaram Vasco e Corinthians no estádio Mané Garrincha, localizado na cidade de Brasília. A tarde tinha tudo para ser um espetáculo. O Campeão do Mundo, com grande elenco, contra outro grande time, um dos maiores do Brasil. O palco, batizado com o nome de um dos grandes mestres do futebol brasileiro. Duas grandes torcidas apaixonadas e vibrantes. Entretanto o que se viu, foi de fazer vergonha a qualquer apaixonado pelo futebol, que carregue um mínimo de caráter consigo.
Não sem motivos, o estádio leva o nome de Garrincha. Somente ele, com suas pernas tortas e técnica apuradíssima poderia apresentar um futebol de qualidade naquele pasto que insistem chamar de gramado. Um dos estádios que custou mais caro aos cofres do governo – aproximadamente 1,7 bilhão de reais – apresenta um tapete vergonhoso, que conta mais com areia do que com grama. Garrincha, que foi um ícone do futebol mundial devido à sua maestria com a bola nos pés, deve estar se remexendo no túmulo quando seu nome é utilizado num palco tão vergonhoso, e reflexo claro da corrupção e desrespeito com a população.
A vergonha se seguiu com o futebol apresentado pelo Corinthians. Time com a maior torcida do país, a qual carrega lemas como lealdade, humildade e procedimento. Time que ostenta uma folha salarial próxima os R$ 90 milhões anuais. Time que conta com uma das melhores estruturas para treinamento da América Latina. Time que jogou com preguiça e sem vibração. Ao invés de famosa raça, o que se viu foi um elenco com medo de sujar o próprio uniforme. Em quase nenhuma partida desse ano, o alvinegro mostrou o futebol apresentado na Libertadores e Mundial do ano passado, quando conquistou o mundo.
Não bastasse essa combinação de tragédias, alguns “torcedores” não poderiam deixar de fazer sua parte. Uma briga generalizada tomou conta das arquibancadas no decorrer da partida. Torcedores, segundo a mídia, de duas torcidas organizadas entraram em conflito manchando ainda mais o domingo futebolístico. Nesta terça-feira, foi noticiado que um dos envolvidos na briga era Leandro Silva de Oliveira, um dos doze corintianos que ficaram presos em Oruro, após a tragédia envolvendo a morte do menino Kevin. Para esse rapaz, se for confirmada sua participação, cinco meses de uma prisão tida como injusta, não foram suficientes para afastá-lo da briga na arquibancada Até quando vândalos que vão aos estádios apenas para praticar violência vão ser aceitos dentro dos mesmos? Até quando a polícia vai ter que montar verdadeiras estratégias de guerra para conter marginais à porta dos estádios?
Ainda sou a favor das torcidas organizadas. Mas desde que elas sejam de fato organizadas. Que confeccionem bandeirões, entoem cantos, empurrem o time. Que contribuam com o espetáculo. Tenho certeza que a cúpula das torcidas e grande parte dos torcedores não concordam com as atitudes de alguns membros. Todavia, não basta mais apenas discordar. Que sejam todos os membros cadastrados e que tenham todos seus dados minuciosamente declarados e cedidos à justiça, e quando se envolverem em qualquer tipo de confusão, dentro ou fora dos estádios, que sejam banidos para sempre. Não é aceitável que o país do futebol, sede da próxima Copa do Mundo, fique à mercê dessa estirpe. Seriedade dos organizadores e punições pesadas aos vândalos. Famílias querem freqüentar as arquibancadas, e não podem mais ter esse direito tomado por marginais que se dizem organizados.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Corta-lhes o saco.

A corrupção é o entrave maior para o desenvolvimento de qualquer país. No Brasil, além da mão grande correr solta nos bastidores da política, reina uma impunidade crônica para com os corruptos, o que faz com que se esbaldem com grande tranqüilidade no orçamento público. Este círculo vicioso deu ao Brasil a fama de contar com os políticos mais caras-de-pau de todo o globo. Aqui a corrupção se tornou moeda obrigatória na hora de negociar a votação de projetos importantes. E o povo, como sempre, nem entra em pauta.
São décadas de agravamento desse quadro fétido e promíscuo. E para tal roubalheira ter um fim, somente atitudes enérgicas e punições exemplares serviriam como gatilho para uma melhoria. A corrupção é um crime tão hediondo, baixo e nojento, que fica difícil pensar numa punição à altura para tal delito. Pode parecer, num olhar mais inocente, que o único crime de um corrupto é se apossar daquilo que não lhe é devido. Mas não. Quando um corrupto desvia dinheiro da saúde, ele é responsável direto por centenas de mortes recorrentes das más condições de trabalho nos hospitais. Quando um corrupto desvia dinheiro da educação, ele é agente bloqueador do ensino das crianças, que com este direito afanado, não terão condições de evoluírem socialmente, e vez ou outra cairão na marginalidade para obter o pão de cada dia.
Para um breve início, qualquer punição já bastaria para os corruptos, visto que hoje, nenhuma de fato existe. Mas não adianta fazer o canalha pagar com serviços comunitários. Não adianta prende-lo em regime domiciliar. Não adianta lhe arrancar algum dinheiro, pois ele tem muito. Não adianta nem a assustadora pena de morte, como existe em alguns países, pois todas as pessoas vão um dia morrer, e esses crápulas não merecem algo que seja comum a todos. A um corrupto, ao menos aos corruptos homens, deveria ser-lhe cortado o saco! Arrancando-lhe as bolas, qualquer resquício de dignidade que nele ainda exista seria retirado. E é isso que esses usurpadores da dignidade social merecem. Ser jogados ao chão e obrigados a lamentar todos os dias da sua infeliz vida, ter um dia metido a mão no dinheiro público.
Com uma punição dessas ou ao menos similar, tenho certeza que os níveis de corrupção cairiam rapidamente no Brasil. Quem em sã consciência vai arriscar as bolas por alguns milhões? De que adianta o bolso cheio de grana se tudo o que lhe resta entre as pernas é um vazio imoral? Eis a solução para os corruptos no Brasil! Se quiserem acabar com eles, corta-lhes o saco! Em breve pensarei em punição similar para as corruPTas...

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

O beijo do Sheik

Tem cara que gosta mesmo de uma boa polêmica. Emerson Sheik com toda certeza é um deles. Após a vitória sobre o Coritiba neste domingo, o atacante postou uma foto dando um selinho no amigo Isaac Azar. Pronto, estava feito o burburinho. Em poucas horas os comentários nas redes sociais já estavam na casa dos milhares. Muita gente apoiando a atitude do jogador e muita gente querendo a cabeça do autor dos dois gols mais importantes da história corintiana. O episódio foi ainda um prato cheio para os torcedores rivais gozarem a felicidade de ver um dos jogadores que mais representa o alvinegro paulista atualmente, beijando um homem. Polêmica pouca é bobagem.
Mas o que quis Emerson com tal atitude? Sheik é o típico fanfarrão. Não tem medo de dizer o que pensa, mas pensa muito antes de abrir a boca ou tirar uma foto com essas conotações. Pode até parecer que é por impulso, mas Sheik é muito mais estrategista do que aparenta ser. Ele gosta de jogar lenha na fogueira e ver a oposição ardendo no fogo que ele provocou. Sheik é reconhecidamente um dos jogadores que mais pega mulheres no mundo do futebol. Sempre está tirando fotos, acompanhado de modelos lindas e maravilhosas nas festas mais badaladas de SP. Mas por algum motivo ele resolveu provocar uma discussão sobre o homossexualismo, e dentro da sua segurança pessoal, psicológica e de caráter, deu um selinho no amigo e disse “falem o que quiser, seus babacas”
O resultado do beijo do Sheik foi, no mínimo, engraçado, mas requer uma boa atenção. Hoje pela manhã integrantes de uma das organizadas foram ao CT do Corinthians para requisitar um pedido de desculpas públicas do jogador. Só não se sabe a quem ele deve pedir desculpas e por qual motivo. Pois nada fez contra alguém e nem feriu/agrediu qualquer pessoa. Só se for aos machões tatuados que escondem suas indecisões e desilusões sexuais atrás de muita cara feia e voz grossa. São esses mesmos que adoram bater em torcedores de outros clubes quando estão acompanhados de outra centena às suas costas. São esses mesmos que batem em mulheres e crianças. São esses mesmos os maiores covardes quando sozinhos ou frente alguém do seu tamanho.  Ora, os machões ficaram incomodados com a atitude de Sheik e logo esqueceram tudo o que ele fez pelo clube. Ainda bem que eram poucos torcedores, cinco segundo o portal G1, o que mostra que a grande maioria já deixou no passado esta burrice que é o preconceito e a homofobia. Ou que realmente entenderam a imagem que o Sheik quis passar.
Emerson Sheik. Sou Corintiano. Diretor de uma das torcidas – Clube dos Corintianos de Londrina – que se organiza e se esforça para honrar o nome do Corinthians, e participante de eventos de outras torcidas que fazem o mesmo. E sei que você não é gay, ou ao menos não era até ontem. Pois caso tenha adentrado ao caminho da ralação barba com barba, eu não te respeitarei menos por isso. O que fizeste para o Corinthians está feito e será para sempre lembrado. Caso queira desfilar de tanguinha no carnaval do ano que vem, o faça de bom grado! As pessoas são o que fazem para si e para os outros, e você só fez coisas boas para o meu time e para minha torcida. O que faz na sua vida extra campo só diz respeito a você, meu caro. Um grande abraço e VAI CORINTHIANS!

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Mensalão

Nesta semana os recursos das condenações de um dos maiores escândalos políticos do Brasil começaram a ser julgados. Trata-se do famigerado episódio conhecido como “Escândalo do Mensalão”. Tal nome – Mensalão - foi inspirado nas mensalidades direcionadas a cada participante de uma inescrupulosa rede de corrupção. O nome “escândalo” nasceu da ignorância do brasileiro e da cara-de-pau dos corruptos. Segundo o dicionário, a palavra “escândalo” se refere a algo indecoroso e fora dos bons costumes. Entretanto, se existe uma coisa que não é ausente aos bons costumes dos políticos brasileiros, são as pomposas mensalidades. A corrupção está arraigada no DNA da política brasileira desde sempre. Este país funciona à base da mensalidade e do agrado. Os poucos políticos que tentam vencer esta barreira acabam vencidos pela maioria corrompida e, logo, corrompedora. O Mensalão foi apenas a ponta do iceberg, onde todos se fingiram estar embasbacados com tanta sujeira explicita.
Os porquês de tanta corrupção são muitos, mas um deles com toda a certeza é a impunidade. Em pouco mais de dois anos completar-se-ão dez anos do estopim do escândalo. Até hoje nenhum investigado foi punido, e muitos deles continuam com seus cargos públicos ativos e sabe-se lá com quantas mensalidades caindo nos seus bolsos. Assim fica muito fácil ser político corrupto. O sistema, mais uma vez, privilegia o criminoso e pune a população.
Ninguém mais, em sã consciência, acredita que tanto burburinho vai dar em alguma coisa. O escândalo do Mensalão se foi e novos escândalos surgiram. Nenhum deles acarretou em punições a políticos. A única coisa que fez algum político ficar de cabelos em pé nesse meio tempo, foi a recente manifestação da população contra a falta de respeito que vem sofrendo desde sempre. Esta sim motivou ações rápidas e pontuais. Mas as manifestações se foram, e a calmaria promete se prolongar algum tempo. A esperança que fica é que esse tempo seja curto, e que, na próxima manifestação o povo não grite que acordou, mas sim que não voltará a dormir jamais.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Mais respeito

Recentemente o governo brasileiro criou um programa para importar para médicos do exterior. Calei-me sobre o assunto, pois a complexidade do mesmo foge aos olhos de uma opinião sem profundo conhecimento das dificuldades do sistema de saúde brasileiro. O território nacional é muito extenso e as localidades mais afastadas sofrem com a rejeição dos profissionais da área. Os motivos são diversos: falta de estrutura, distancia da família, dificuldade de locomoção, clima. Sendo assim, os moradores de tais regiões acabam sofrendo com a falta de assistência, e para sanar tal deficiência, o governo foi pontual e importou a mão-de-obra. Desde ponto de vista, a medida foi acertada. E somente deste ponto de vista. Mais uma vez os políticos brasileiros tomam medidas para tirar os seus da reta e criam leis para camuflar sua incompetência histórica na gestão do país. Não faltam profissionais brasileiros na área da saúde. O que falta é dar a esses profissionais as condições mínimas para exercer a sua profissão. Não adianta oferecer salários exorbitantes e deixa-los à mercê da sorte na hora de uma cirurgia importante, sem as ferramentas necessárias. Até mesmo nos grandes centros as condições são alarmantes. Os investimentos demoram a sair, e quando saem, desaparecem nas mãos dos burocratas e corruptos. Para a população, pouco chega.
Não bastasse essa lambança que o governo Dilma aprontou, a coisa promete piorar. Hoje alguns portais noticiaram a intenção da presidenta de importar engenheiros para destravar o andamento das obras públicas. Segundo o governo, faltam especialistas nas prefeituras dispostos a elaborar projetos para o básico e executivo, fundamentais para que as cidades possam receber recursos da União. Era a cereja do bolo, ou a sentada na merda que faltava para completar o estrago. No lugar de o governo investir na sua população, no ensino e na formação de profissionais, ele prefere busca-los no exterior. Qualquer pessoa que já estudou numa escola pública sabe das dificuldades que enfrenta. Minto! Na verdade não enfrenta “dificuldade” alguma, pois lá quase nada se aprende. Lembro-me bem de algumas aulas de Geografia onde o exercício do dia era pintar mapas. No Primário? Não, em pleno terceiro ano do ensino médio. Um aluno de escola pública que anseia entrar numa faculdade de medicina ou engenharia tem que, literalmente, aprender todo o conteúdo depois que se forma na escola. Assim realmente fica complicado formar médicos ou engenheiros. Tive a sorte de estudar em escolas públicas com boas estruturas e bem localizadas. Assim fico pensando: se eu pintava mapas no Terceirão, o que os alunos das escolas do Acre fazem? Aviões de papel?
O Brasil possui 201 escolas médicas em atividade. Deve possuir número parecido de escolas de engenharia. O Brasil tem uma população que já ultrapassa os 220 milhões. O Brasil bate recordes de arrecadação de impostos ano pós ano. E ainda assim o Brasil não consegue formar mão-de-obra. Onde vão trabalhar os 13 mil médicos que se formam todos os anos? Essa é uma conta que não fecha. O governo adora fazer propaganda para mostrar a evolução do país. Segundo ele e a TV Globo, aqui a crise mundial não chegou. O Governo adora dar Bolsa Vagabundo e Desempregado. Mas para o pai de família trabalhador, só sobra chumbo e impostos. Pergunte a uma mãe, que está nesse momento sentada com o filho no colo esperando o atendimento a horas e horas no postinho de saúde sobre o que ela pensa do desenvolvimento do país. Aqui tem Dinheiro, tem Copa do Mundo, tem Olimpíadas, tem ajuda para “países amigos”. O que falta mesmo é um pouco de respeito para com a população.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Faltou cinta

Nesta segunda-feira uma família foi brutalmente assassinada na cidade de São Paulo. Avó, Tia, Mãe e Pai foram baleados, e o principal suspeito é o filho do casal, que segundo investigação da policia, cometeu suicídio após os crimes. A barbárie, se confirmada essa versão da polícia, é gigantesca. Uma criança de 13 anos, que ainda deveria estar começando a descobrir as malícias da vida, é apontada como suspeita da chacina dos próprios parentes. Só a hipótese de a história se confirmar, o que deve acontecer visto que não existem outros suspeitos, já deve servir para a sociedade refletir sobre o nível de cidadãos que estamos criando para ser o futuro da nação.
As crianças passaram a ser protegidas por uma legislação que dá a elas todos os tipos de direitos, e quase nenhum dever. Bem acomodadas do alto dos artigos do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – os aprendizes de vagabundos se tornaram verdadeiros Sheiks dentro das suas casas. Os pais, por sua vez, são reféns dos pestinhas e ficam de mãos atadas, sendo algumas vezes, até ameaçados, agredidos, e agora assassinados pelos novos marmanjos. É um grande absurdo um cidadão de 14 anos não poder trabalhar e ajudar seus pais na renda de casa. Um jovem dessa idade tem força, disposição e saúde para trabalhar meio período e estudar no outro. Se assim fosse, ao invés de ficar na rua aprendendo tudo o que não presta, poderia ser iniciado em alguma profissão. E além do ofício, estaria aprendendo noções de respeito, honra e dignidade que há muito foram esquecidas por boa parte da sociedade.
Algumas das pessoas de melhor caráter que conheço começaram a trabalhar ou ajudar seus pais por volta dos doze anos de idade. Isso não os transformou em incapazes nem tirou deles a saúde, muito pelo contrário, ensinou a eles a dar valor ao pão que dispõem na mesa na hora das refeições. Essas mesmas pessoas contam com orgulho algumas histórias de vezes em que passaram dos limites nas artes que costumavam aprontar, ao ponto de seus pais entenderam que palavras não seriam suficientes para aprenderem a lição. A cinta usada pelo pai durante o dia do trabalho costuma ser a grande vilã desses contos. Hoje em dia, tal punição é praticamente inconcebível. Os psicólogos afirmam que os pais não podem castigar seus filhos com “violência”, os políticos compraram a ideia e fizeram leis para punir. Mas esqueceram que a grande maioria das famílias não tem acesso à cultura necessária para educar somente na base da paz e amor. Não conheço um programa do governo para ensinar essa outra maneira tão mágica, e os pais, coitados, não podendo corrigir seus filhos ao seu jeito, simplesmente deixaram de fazê-lo de jeito algum. O resultado é uma juventude que simplesmente não sabe o que é punição. Não entende o valor das coisas e acredita piamente que o mundo é uma paraíso da tecnologia e do conforto. Quando esses jovens chegam ao mercado de trabalho e à vida de verdade, ficam perdidos e se tornam adultos incompetentes, estressados e infelizes.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Big Mac X ingressos X renda


Há alguns dias a revista The Economist divulgou o Big Mac Index referente ao mês de julho, o segundo desse ano. Basicamente, esse índice usa a teoria do poder paritário de compra para, baseado num produto de apelo e consumo popular e amplo, disseminado e semelhante em todo o mundo, aferir o status de uma moeda em relação a outras e, por extensão, dar uma ideia do custo de vida em uma nação. O sanduíche Big Mac, da rede McDonalds, é o produto escolhido, como é fácil perceber pelo nome.
Esse comparativo deixa bem clara a imagem de como o brasileiro paga caro para consumir produtos iguais ou de menor qualidade - caso do futebol - que em diversos países do globo. A ordem de entrada no ranking é muito simples. Quanto mais entradas para um jogo de futebol o torcedor puder comprar com sua renda anual, melhor será a colocação do país. Neste quesito, começamos levando uma surra do Japão, onde os nipônicos podem comprar 2.046 ingressos para ver seu time do coração com a renda per capta de um ano, e o brasileiro apenas 645. Esta disparidade pode ser explicada pela importância dada ao esporte nos dois países, sendo que no Brasil o futebol é muito mais valorizado, portando alguma diferença é compreensível. Entretanto, percebe-se que o público médio em jogos da JLeague é quase 50% maior que o do campeonato brasileiro, então, algo está errado. Se olharmos o preço do famigerado lanchinho da famosa rede de fast food, produto equivalente nos dois países, os japoneses gastam pouco mais da metade que os brasileiros para saciar a fome. Outros comparativos interessantes podem ser feitos, principalmente com países onde o futebol é levado tão a serio quanto no Brasil. Por exemplo, na Inglaterra, país que inventou o futebol, e onde o espetáculo como um todo é muito melhor, cada cidadão pode comprar 911 ingressos com sua renda de um ano, e com o dinheiro de cada ingresso pode comprar 10,5 BigMacs. No Brasil, com o dinheiro de um ingresso é possível comprar apenas 3,6 lanches.
Essas conclusões derrubam um velho tabu que muitos brasileiros acreditam ser verdadeiro. Dizem que no exterior as pessoas ganham mais, mas o custo de vida é proporcionalmente maior. Uma grande mentira. No Brasil, além de os encargos serem altíssimos e os serviços prestados pelo governo serem de péssima qualidade, o custo de vida é consideravelmente maior que nos países desenvolvidos, se comparada a renda X custo. A mídia gosta de pregar que a Europa está em crise e que o Brasil está em pleno crescimento econômico, mas enquanto as condições de vida e consumo não forem equivalentes, o brasileiro vai continuar comendo sardinha e pagando por caviar.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Bem vindo Frio

O frio é algo que incomoda. Decididamente não gosto do inverno. É ruim pra sair da cama, pra tomar banho, pra ir trabalhar e até pra tomar cerveja.  Em Londrina, onde faz frio de verdade apenas algumas semanas do ano, as pessoas não estão habituadas, e por isso sofrem de forma maximizada os seus efeitos. Mas analisando num contexto global e histórico, o clima frio é uma das vertentes que tem maior mérito no que se trata da evolução do homem.
Tripartindo o globo terrestre, constata-se que os países mais desenvolvidos estão próximos aos hemisférios norte e sul, onde naturalmente faz mais frio. Os países localizados na chamada zona tropical, são na sua maioria subdesenvolvidos e foram, em alguma época da história, dominados pelos países que avançaram primeiro na corrida pelo desenvolvimento. Este atraso evolucional pode ser explicado pelo acomodamento que o calor proporciona aos habitantes de determinada região. Onde o clima é agradável sobram recursos naturais. Água aos montes, refeições fartas e ausência de roupas são características, uma vez que andar semi-peladão foi algo natural em diversas civilizações, e ainda é em algumas. Os homens seguem naturalmente seu instinto, e uma vez que todas as suas necessidades básicas estão saciadas, existem poucos motivos para ele buscar maneiras diferentes de existir. Prova de tal constatação existe aqui no nosso quintal. Os índios, primeiros habitantes do confortável Brasil, não evoluíram praticamente nada desde que Cabral aportou suas fragatas no litoral, e muito menos antes disso. Mas esse é um assunto para outro dia.
Por outro lado, onde faz frio durante grande parte do ano, as coisas são muito diferentes. Para uma civilização sobreviver em uma região onde o clima é inóspito, ela precisa se adaptar. E qualquer adaptação é sinônimo de evolução. Se os recursos naturais não são fartos durante o ano todo, essa civilização tem que criar maneiras de armazená-los e racionalizá-los para durarem o ano todo, ou sua existência estará seriamente ameaçada. E foi por meio dessas diversas adaptações que o homem descobriu a roda, as ferramentas, e evoluiu gradativamente até os dias de hoje. Sendo assim, esse vilão que nos atormenta todos os anos sem descanso, merece ser reconhecido pela sua contribuição histórica para a evolução do homem.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Passe livre não existe.

Após uma primeira vitória oriunda dos recentes protestos por todo o território nacional, onde grande parte das cidades que haviam reajustado o preço dos transportes públicos voltou aos preços antigos, agora começa um movimento defendendo a tarifa zero para tais serviços. Na verdade esse movimento existe há muito tempo e foi o idealizador dos protestos atuais. Mas vamos por partes. Reclamar por transportes públicos decentes e a preços justos é uma coisa. Mas pedir para o serviço ser gratuito é totalmente diferente. Não existe como o serviço ser gratuito visto que existe um custo automático para mantê-lo. Passe livre não existe. Por mais que ninguém pague pela passagem, os valores para cobrir tais custos teriam de vir de outra fonte de recursos.
Essa é a mesma conta quando se oferece passes livres para estudantes, deficientes ou idosos. Por mais que seja justo, ou ético, algumas pessoas não pagarem pelo transporte, outras pessoas vão ter que pagar. E nesse caso, pagar mais caro, pois estão bancando além da sua passagem, a dos que estão utilizando o serviço gratuitamente. Pode-se argumentar que quem deve pagar a conta então é o governo. Mas para isso ele também vai ter que tirar o dinheiro de algum orçamento, e aí a situação fica mais injusta, porque todo cidadão vai pagar, mesmo que ele não utilize o transporte.
A luta pelo preço justo dos transportes precisa ser embasada em números e um bom grau de bom senso. Não é muito difícil calcular qual o preço ideal para as tarifas. É sabida a quantidade de serviços de transporte que uma cidade precisa para suprir sua demanda. É fácil calcular também quanto esse serviço custa. Basta juntar esses dados, mais o orçamento para manutenção, investimento e lucros (justos) da empresa contratada, que chegaremos a um “x” a ser pago por cada usuário. E esse valor tem que ser pago, ponto final. Caso contrário o transporte deixa de existir.
Protestar por justiça, respeito, e por direitos garantidos pela constituição é nobre, e faz com que a causa ganhe muitos adeptos. Mas utilizar essa premissa para requerer benefícios que não fazem sentido, visto de um âmbito social e econômico, tira a legitimidade de qualquer manifesto popular, e faz com que aqueles que são contra as manifestações ganhem argumentos para continuar reprimindo os manifestantes.

terça-feira, 18 de junho de 2013

O inevitável confronto.

Mais de duzentas mil pessoas saíram às ruas no País todos para apoiar as reivindicações da semana passada. Mais uma vez afirmo, tais reivindicações nada tem a ver somente com o reajuste no passe de ônibus. Essa premissa foi somente o estopim que faltava para incendiar a fúria de um povo que vem sendo humilhado por seu governo há décadas. Ninguém mais suporta os escândalos políticos e a recorrente impunidade. Mensaleiros, obras superfaturadas, desvios de dinheiro, falta de escolas e hospitais, estradas sucateadas e pedagiadas. Apenas um desses motivos bastaria para o povo ir às ruas em qualquer país desenvolvido, mas os brasileiros, sempre com a realidade mascarada pela grande mídia, resolveram esperar o acúmulo de motivos.
Grande parte das passeatas se passou em tons de paz e harmonia. Entretanto, como não poderia deixar de ser, em alguns momentos, principalmente nos grandes centros, o controle escapou da mão dos organizadores. Uma parte ínfima, porém nunca desconsiderável dos participantes, achou que deveria partir para o confronto com os policiais que faziam o patrulhamento, o e caos se instaurou. Parte dessa revolta foi motivada pelos próprios policiais, que na semana passada responderam com violência aos protestos pacíficos, e tal truculência não foi esquecida. Mas o grande culpado ainda é o governo e os políticos, que fizeram um esforço dantesco para despertar a fúria de uma população que, camuflada na sua inocência, só quer saber de paz e festa. Mas ele esquece que é exatamente esse povo, que engole seco os absurdos enfrentados diariamente, mas quando acordado, se torna o poder mais forte e por vezes impossível de se enfrentar.
Foi o mais forte clamor popular desde os caras pintadas em 1992, que teve como resultado o impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Desta vez o motivo da revolta popular ainda não está bem claro, e os reflexos talvez não sejam visíveis num curto prazo. O conjunto de motivos é mais fácil de compreender – descaso do governo, escândalos políticos e gastos com a Copa – e assim, o povo decidiu que era hora de se manifestar. Resta agora esperar os próximos dias para saber se novas manifestações vão ocorrer e se serão ainda maiores. Mas algo importantíssimo já aconteceu. Pela primeira vez os eleitores mais jovens tiveram o prazer de se sentir verdadeiros cidadãos, participando de uma luta por aquilo que lhes é devido, seus direitos mais básicos e respeito por parte dos governantes.

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Protestos em SP

Todas as manchetes que ganham letras maiores nos jornais dessa semana tem a ver com os protestos na cidade de São Paulo. Milhares de manifestantes foram às ruas para reclamar. O principal argumento deles é um reajuste na tarifa dos ônibus. Não sei quem lidera e organiza o protesto. Talvez tenha motivação política. Não sei se estão certos ou errados. O que sei é que esses protestos não são motivados apenas  por um reajuste de vinte centavos na passagem. O que essas pessoas estão fazendo na capital paulista, pode não ser a melhor das opções, pois estão depredando o patrimônio público e privado. Mas a verdade é que estão fazendo alguma coisa.
No lugar de ficar sentado confortavelmente na frente da TV ou de um computador - como estou agora - reclamando e fingindo ter a solução para todos os problemas do país, eles foram às ruas e estão arriscando sua integridade física para reclamar mais atenção à população. Se você, eleitor, tivesse feito seu papel com decência nas últimas 10 eleições, talvez tais medidas não fossem necessárias hoje em dia. Se os serviços prestados à população tivessem um mínimo de qualidade, ninguém reclamaria um aumento nas tarifas. Todos ficam horrorizados com os gastos públicos com a Copa do Mundo e Olimpíadas. Mas a cada dois anos, na única situação onde o povo tem verdadeiro poder legal, nas eleições, os mesmos absurdos se repetem e políticos com o histórico manchado e seus sucessores são eleitos.
A tristeza maior é que os meios de comunicação tendem a marginalizar qualquer tipo de manifesto público. Os repórteres, principalmente os da maior rede de jornalismo, transmitem as notícias argumentando tendenciosamente contra os protestantes. A imagem que fica é que ali se encontram um bando de desocupados que só querem fazer baderna. Talvez isso até seja verdade em partes, mas como dito acima, ao menos estão fazendo algo.
Uma pena que protestos parecidos não ocorram com frequência em Brasília. Imagine se toda essa fúria fosse voltada contra o Palácio do Planalto? Os políticos veriam que nesse país não existem somente pessoas acomodadas, e veriam sua integridade ameaçada. Talvez assim começassem a exercer seus cargos com a seriedade que lhes é esperada. A violência quase nunca é a solução. Mas em determinadas situações, principalmente quando não restam outras alternativas e os corruptos  detém todas as ferramentas para se defender, inclusive a constituição, a violência é uma boa aliada. Talvez a única!

A lei

É incrível a capacidade que a lei brasileira tem de punir. Pessoas honestas, trabalhadores, policiais, bombeiros. Qualquer cidadão que tente cumprir seu dever estará à mercê dessa maquiavélica legislação. Pouco ela faz com bandidos, políticos corruptos e assassinos, mas o cidadão de bem, esse sim esta ferrado.
Quando algo acontece errado e atrai a atenção da mídia, como a tragédia de Santa Maria, as autoridades são rápidas em criar inquéritos para indicar os culpados. Normalmente são eles homens da linha de frente, nesse caso específico, os bombeiros. Tanto é assim que oito foram indiciados pelo incidente. Raras são as vezes que alguém do escalão mais alto é investigado. Logo eles que tem o poder para prover condições para as linhas de frente trabalharem corretamente. Será que esses bombeiros tinham equipamentos adequados para exercer suas funções? Ninguém sabe. Outra situação em que a lei é "eficaz" é no momento em que um policial mata um bandido. Dois personagens. O oficial colocando sua vida em risco para proteger a população, e o bandido, que não teve coragem de trabalhar e escolheu o caminho do crime. No momento do embate, vence o policial, e o que ele ganha? Uma investigação para apurar se agiu da maneira correta. Este, que deveria ganhar uma medalha de honra e ser visto como herói, acaba afastado das funções até que seja provado que ele é inocente. Que felicidade quando um bandido é morto, e de preferencia com vários tiros, para ter certeza que não vai sobreviver, pois é sabido que vaso ruim não quebra fácil. Que alegria, um a menos para ameaçar a vida do cidadão de bem. Só que não. O bandido vira vítima e propenso mártir.
A lei é dura. É cruel com a parcela frágil da sociedade. Sua função deveria ser exatamente a de proteger estas pessoas, mas o que faz é o contrário. O cidadão de bem é um refém desarmado, e quando menos esperar estará sendo julgado. Talvez por cometer o simples pecado de ser honesto. Assim, conclui-se que lei é lei, justiça é outra coisa. 

terça-feira, 11 de junho de 2013

Networking

As disputas no mundo corporativo e empresarial se tornam cada vez mais acirradas. Os profissionais tem procurado a especialização para crescer na carreira e buscar algo que a sociedade entende como sucesso. Este sucesso está baseado, quase na sua totalidade, em conquistas financeiras. Carros luxuosos, mansões, dinheiro para gastar com produtos que o mercado cria para atenuar esta sede insaciável pelo consumo. Com essa filosofia são criadas pessoas que, cada vez mais, esquecem que existe uma vida além da profissional, e se perdem como pessoas e como ser humanos.
Para buscar o crescimento, alguns profissionais fazem de tudo, e teorias para mapear tal caminho não são poucas. O marketing, famoso criador de termos, é o pai de um que está na moda. O tal do Networking. Em tese, seria algo como cultivar uma rede de relacionamentos. Mas eu prefiro definir como: Ir a lugares que você não quer, para fazer coisas que você não gosta, para agradar pessoas que você não conhece. Assim você se enche de contatos à sua volta e pode ter facilitada sua ascensão profissional. As pessoas só esquecem que seguindo tal caminho deixam de ser quem são. Esquecem suas características pessoais e seus valores e acabam por se tornar pessoas que odeiam a si mesmas. Talvez conquistem o objetivo financeiro, mas comumente se perdem no processo. Isso acontece porque, no mesmo momento em que os marqueteiros dizem para cultivar sua rede de contatos, eles afirmam que você tem que tomar cuidado com o que fala, pensa, ou que posta nas redes sociais. Ou seja, você não pode postar uma foto na balada se divertindo com seus amigos porque tal sujeito que trabalha na sua empresa vai ver, e vai espalhar um boato que você é um cachaceiro irresponsável, e isso pode atrapalhar sua promoção, que estava por vir. Você não pode escrever um palavrão na sua página pessoal porque vai ser mal interpretado. Para que serve então uma página pessoal se não para dizer o que pensa no momento em que tem vontade?
Obter sucesso financeiro deveria ser menos burocrático. Um profissional, que trabalha duro e honestamente, automaticamente deveria conquistar depois de algum tempo, a sua plena realização pessoal. Essa frescura criada para padronizar comportamentos é nada mais que uma bela de uma hipocrisia com um nome bonitinho. A ascensão na vida profissional deveria se manter ligada ao rendimento do profissional no seu horário de trabalho, e não no que faz ou deixa de fazer na sua vida pessoal. Esse caminho, que já é seguido por algumas corporações e até ensinado nas faculdades, é perigoso. No momento em que as pessoas deixarem de ser elas mesmas, a diversidade de opiniões e até a própria democracia estarão ameaçadas. Não é benéfico para a sociedade como um todo, ser formada por pessoas que dizem amém a tudo e a todos. A beleza da sociedade está exatamente na diversidade de opiniões e é ela que traz o progresso.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Existe esperança!

Hoje foi publicada a decisão do juiz da 2ª Vara da Fazenda Pública de Londrina, Emil Gonçalves, permitindo às 3.800 lojas representadas pelo Sindicato Varejista de Londrina (Sincoval) abrir suas portas na terça-feira de carnaval. Ele entendeu que o Município não tinha o poder para definir o feriado por meio da lei 11.468/2011. É a segunda vez neste ano que o sindicato obtém liminar cassando um feriado. O primeiro foi o da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.
Minhas opiniões sobre os feriados já foram muito bem explanadas em outro post denominado “deixa o povo trabalhar”, mas confesso que não esperava ações tão enérgicas por parte do judiciário. Isso mostra que existe esperança e que temos homens sérios atuando em prol da cidade. A ação movida pelo Sincoval teve como vítima logo o feriado mais preguiçoso do ano, o qual praticamente acaba com o mês em que ele cai. Não é raro ouvir comerciantes resmungando a famosa frase. “O ano só começa depois do carnaval”.
O secretário do Sindicado dos Empregados no Comércio (Sindecolon), Célio Vila, já garantiu que a entidade apresentará recurso como parte interessada, e o tema ainda deve ter uma longa história. Mas essa já é uma primeira vitória aos verdadeiros interessados no progresso da cidade. Quando perguntado pelo Paraná TV sobre o que mudaria se o comercio abrisse ou não no feriado, o mesmo secretário garantiu: “Não. Não muda nada. O dinheiro é o mesmo e quem não compra hoje, compra amanha.” Como diria num momento desses um parceiro blogueiro. “PÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃTAAAAAA QUE PARIU!”. Não é possível que o senhor Célio Vila acredite em tamanha atrocidade que deixou escapar da sua boca. Qualquer um que está no comércio sabe que uma boa parcela das venda é gerada por impulso do consumidor. E para tal impulso existir são necessárias duas coisas básicas. 1) O comércio tem que estar de portas abertas. 2) O consumidor tem que passar por ele. Esse é um princípio dos mais simplórios do Marketing, e parece que alguns dos secretários dessa cidade estão precisando de um pouco desta disciplina.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Deixa o povo trabalhar

Alguns rumores indicam que o Prefeito de Londrina, Alexandre Kireeff, vai cancelar o feriado dessa sexta-feira, do Padroeiro da cidade, ou torna-lo facultativo. Nenhum meio de comunicação confirmou essa informação até o momento, mas só a possibilidade de acontecer, já anima.
Os feriados, principalmente os que caem perto do fim de semana, prejudicam consideravelmente a economia. O comercio não pode funcionar, as fabricas não podem produzir e riqueza deixa de ser gerada. Segundo o economista Gabriel Leal de Barro, os feriados no Brasil custam o equivalente a 4% do PIB anual do país, o que em 2012 significou cerca de R$ 172,6 bilhões. Além de existirem 10 feriados nacionais, tem ainda os feriados municipais, que colaboram para aumentar o rombo.
Se esta ação do prefeito de Londrina se confirmar, pode ser o primeiro passo para uma mudança de cultura política, visto que tal medida não é nada popular e vai na contramão das ações eleitoreiras e pouco benéficas num âmbito geral comumente praticadas por políticos. A política governamental é um tanto contraditória quando se trata de feriados. Uma vez que o governo se preocupa constantemente em aumentar a geração de empregos, mas ao mesmo tempo proíbe as empresas de trabalharem com o excesso de dias ociosos durante o ano.
O comercio Londrinense, além de sofrer com os feriados, enfrenta também um forte embate com a prefeitura no que diz respeito aos horários permitidos para trabalhar. Vários comerciantes gostariam de estender seus horários para além das 18 horas na semana e além do meio-dia nos sábados, mas sofrem penalizações se o fizerem. Uma das justificativas por parte da prefeitura é que esses comerciantes fazem os funcionários trabalharem sem receber horas extras como manda a lei. A justificativa seria válida se fosse dela a missão de regulamentar isso, mas não é. Existe o Ministério do trabalho e uma dezena de sindicatos para monitorar se as leis trabalhistas estão sendo cumpridas. O que acontece aqui é que esses órgãos não fazem seu trabalho como deveria e a prefeitura cria leis para acobertar a incompetência, assim colocando o fardo nas costas da população e dos empresários, como é de seu costume.
Grandes cidades no mundo permitem suas empresas trabalharem 24 horas por dia durante os 365 dias no ano. Com isso ganham com a geração de renda, aumento de empregos e podem prover melhores condições de vida para a população. Chega de se esconder e permitir aos preguiçosos levarem sempre a vantagem. Deixa o povo trabalhar. Deixa o povo produzir.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Alô?

Uma matéria publicada no portal Bonde me deixou surpreso já pelo seu título. "Preso liga para rádio e denuncia superlotação em Londrina". O que? Até pensei que se tratava de alguma piada de mau gosto, mas não, este absurdo realmente aconteceu. É o golpe final para um sistema carcerário que está com as pernas bambas há muitos anos.
O interno ligou para um programa comandado por Carlos Camargo na Paiquerê AM e descascou críticas à superlotação da cela em que se encontrava. "Está impossível ficar aqui dentro. São mais de 130 presos, tem suspeita de tuberculose. Eles só sabem abrir a portinhola e jogar preso aqui dentro."
Pasmem, quase fiquei com pena do preso! Não sei qual crime ele cometeu para estar lá dentro, mas ninguém merece ser colocado num situação precária dessas. Tá, talvez alguns mereçam, mas com certeza não todos que lá estão.
Em contrapartida, um preso mais famoso, o presidente do PV em Londrina, que é acusado de pedofilia, onde algumas das vítimas teriam menos de seis anos de idade, está preso no quartel do corpo de bombeiros, provavelmente sozinho e com um amplo espaço para tirar seus cochilos.
Não sei o que está mais errado. Um sistema que deveria servir para ressocializar os indivíduos que lá estão, mas só faz piora-los e deixa-los mais criminosos do que quando lá chegaram, ou as leis, que deveriam ser um escudo de amparo para a sociedade, mas protege aqueles que deveriam ser punidos com mais contundência. Não somente pelas barbáries cometidas, mas por portar um diploma de curso superior e não contar a desculpa da ignorância.
São tantos absurdos em sequência, que o fato de um aparelho celular estar dentro de uma cela, perde toda a importância que deveria ter. Afinal, eles parecem já fazer parte do cotidiano das cadeias brasileiras. Sabe-se lá por qual orifício eles chegam até lá, mas sempre chegam.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Ironia

Eis que um dos caras que eu mais desprezo no jornalismo esportivo brasileiro, resolveu dizer algumas palavras sobre a Seleção Brasileira de Futebol. E não é que acabou por explanar tudo que eu gostaria de dizer. Parabéns Tiago Leifert.

Seleção de verdade
Mês que vem, hein. Mês que vem é a Copa das Confederações. A Itália vem aí. Espanha. Uruguai. Ferrou. Acho que todos os colunistas do mundo estão escrevendo exatamente sobre o evento e suas seleções. Quero entrar na roda, mas não falar de escalação nem de tática. Quero falar da crise de imagem da seleção brasileira. Não, não me refiro a ministros, Romários, gravações, CBF. Tô falando do jogo mesmo, da experiência de assistir à seleção brasileira.
Quando foi o último golaço da seleção? O último drible desconcertante? A última grande jogada? Tentei lembrar sem consultar o Youtube. Faça o mesmo, querido leitor. Eu não me lembro. Assistir a um jogo da seleção, hoje, é tão marcante quanto um (com todo respeito) do São Caetano. A seleção era para nós um pouco de Harlem Globetrotters com resultado; a gente sabia que algo incrível iria acontecer. A gente sabia que ia ganhar e os caras sabiam que iam perder. Cadê tudo isso? 
Você deve se lembrar das eliminatórias de 1993, no auge da crise, quando os jogadores resolveram entrar de mãos dadas. É disso que eu estou falando. Falta uma imagem para a seleção atual, falta se comunicar melhor com o torcedor. Melhor, não. Falta se comunicar direito.
O que eu faria? Primeiro, proibiria redes sociais na concentração. Chega dessa palhaçada de “mlki Oscar meu parça na resenha kkkk!”. Hoje, acho que o torcedor quer e precisa ver rostos sérios. Cara feia, cara de fome. A imagem atual é: “Tão achando graça do quê?”. É fotinho no Instagram, é Daniel Alves tirando foto no espelho do elevador para mostrar o look. Ah, para! Vamos fechar um pouco essa cara, usar tons mais escuros. Quem sabe um blazer? Um terno sem gravata?
Eu proibiria desembarcar no estádio usando os headphones coloridos by Dr. Dre. Mensagem: “Tô indo trabalhar em nome de um país, não tô indo me divertir”.
Eu obrigaria os jogadores a cantar o hino nacional em VOZ ALTA, todos, para que aquela câmera que fica passando de um em um captasse orgulho, vontade, “TERRA ADORADA, PÁTRIA AMADA”, bem alto.
Eu, se fosse o Felipão, treinaria marcar pressão no primeiro tempo. Isso passa a imagem de um time inquieto, brigador. Vale a pena. Prefiro ver um jogador tomar amarelo porque exagerou na dividida a vê-lo caído com dor. E nesse momento de reconquista, eu acho que as dancinhas nos gols não contribuem para a imagem da seleção. Precisamos ver gritos, dentes, socos no ar!
Não me entenda mal nesse breve momento kadafiano. Eu me lembro da seleção desembarcando numa final de Copa cantando pagode. E achei sensacional, era perfeito para o momento. O recado era: “Tamo aqui cagando porque somos os melhores e vamos ganhar essa porra em ritmo de churrasco”. Passou uma imagem de controle, autoconfiança. Mas a vida mudou. Agora é pão com mortadela. Precisamos começar do zero. 

terça-feira, 21 de maio de 2013

Parquímetros de Portugal


Nada tenho contra os Portugueses. Mas é fato, ou folclore, que historicamente eles possuem uma fama de ser menos dotados de inteligência que os “gênios” nascidos no Brasil. Considerando que as centenas de piadas existentes tenham algum fundo de verdade, vou subentender que os novos parquímetros instalados nas vias de Londrina são frutos de algum pensador da terra do bacalhau. Só pode ser essa a explicação.
Não é possível que algum sábio daqui tenha inventado tamanha geringonça que nada faz além de burocratizar, mais, o sistema de controle dos estacionamentos nas ruas da cidade. Quando um contribuinte – que já paga IPVA, IPTU, IR entre outros – estaciona seu carro numa via pública, ele tem que pagar pelo estacionamento. Isso já é antigo. Mas recentemente instalaram os tais parquímetros. Uma peça feia e normalmente mal localizada até a qual o usuário tem que se dirigir e depositar moedas de acordo com o tempo que o carro vai permanecer estacionado. O problema é que a “moderna” geringonça não devolve troco e entende que o número de moedas que nela forem depositadas é o tempo requisitado. Ou seja, não importa se o tempo necessário é de 20 min. Se for depositado R$ 1,00, é esse período que será comprado. Não bastasse isso, as atendentes que sempre trabalharam fazendo este serviço, continuam labutando, e ainda precisam bater metas mensais de vendas. Vender o que e pra quem? As máquinas não estão ali para fazer isso?
O parquímetro deveria ser uma modernização do antigo bóton que recentemente foi instalado – junto a outras centenas de máquinas bancadas pelo dinheiro público – para automatizar o sistema de cobrança. Mas o que aconteceu foi um completo retrocesso que só fez burocratizar o sistema ao invés de facilitar. Só pode ser coisa de português mesmo.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Bosque Central

“O tribunal de Justiça (TJ) julgou constitucional emenda ao Código Ambiental tornando o bosque central de Londrina, como área de preservação ambiental, proibindo a construção de ruas ou vias no local.” (Coluna Naym Libos, no jornal Impacto)
Pronto, era o que faltava para a perpetuação da sujeira e reinado das pombas na região central de Londrina. Um salve também para o congestionamento do trânsito e ausência de vagas para estacionamento.
O Bosque está abandonado a três gestões de prefeitos. Desde sua última revitalização por volta do ano 2000, nada mais foi feito por este que é um dos cartões postais da cidade, ou ao menos deveria ser. Mas o que se vê é um local sujo e sem condições mínimas para ser frequentado. A muito o parquinho para as crianças está sucateado e a quadra não recebe times com frequência. O transito na região central é um caos e a falta de vagas para estacionamento um realidade.
O ideal seria uma reforma do bosque com a abertura e passagem da Rua Piauí por dentro dele, obra que inclusive começou a ser feita, mas foi barrada por meia dúzia de desocupados que ficaram abraçados a algumas árvores para evitar que fossem derrubadas. Agora a situação ficou bonita, com o bosque ainda abandonado e servindo de residência às pombas, marginais, michês e sabe-se lá o que mais.
Com esse novo entendimento do TJ, a situação promete se prolongar por mais alguns anos, já que a prefeitura fez uso de recurso para tentar reverter a situação. Enquanto isso os moradores continuam órfãos de uma área de lazer na região central da cidade, os comerciantes com movimento prejudicado pela falta de vagas de estacionamento, e os motoristas estressados com os engarrafamentos do trânsito. Todo mundo sai ganhando.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Loucura?


O futebol é uma coisa estranha. Não somente ele, mas todos os esportes que atraem de alguma maneira a atenção das massas. Ninguém ganha nada com o futebol, salvo os participantes do mesmo. Os torcedores não fazem nada além de torcer e gastar seu suado dinheiro com ingressos, uniformes e tantas outras coisas oferecidas pelo mercado do esporte. Mas por que as pessoas dedicam várias horas do seu dia e grande parte de seu esforço para discuti-lo? Por que lágrimas saltam aos olhos depois de derrotas ou vitórias heroicas? O que faz milhares de pessoas gritarem o nome do seu time após uma derrota?
Perguntas difíceis de responder. Alguns podem dizer que o motivo é a ignorância das massas. Aquela mesma que aliena o povo e os leva a votar em políticos corruptos e a permanecer alheio a recorrentes problemas no sistema político. Mas isso não acontece somente no Brasil. No mundo todo, boa parte da população é contagiada por este amor louco para com o esporte. Mesmo nos países mais desenvolvidos, onde a educação e a cultura recebem a atenção merecida, milhares de pessoas compartilham da mesma paixão dos brasileiros, em maior ou menor grau.
Parece que o esporte se liga ao íntimo das pessoas desde cedo. Quando ainda crianças elas convivem com o contraste de sentimentos após vitórias ou derrotas. Essa mistura cria um elo curioso, e pelo resto da vida elas sentem a necessidade de ter uma parcela de participação no dia a dia do seu clube de coração. Pouco importa se alguém sabe que ela está ali, mas a euforia de uma conquista não é descritível por simples palavras ou gestos. É preciso sentir. Que loucura o futebol, que loucos os apaixonados por ele.

Boicote à Conmebol

Os clubes brasileiros precisam se posicionar contra o Conmebol. Não é mais aceitável os absurdos que os times tem enfrentado nas partidas organizadas por esta entidade mesquinha e corrupta. Em um curto período dois anos, o Brasil vai organizar dois dos maiores eventos esportivos existentes no globo. Para tal, as entidades, clubes e torcedores brasileiros estão tendo que se adequar às regras aplicadas na Europa, onde a organização e o respeito vem em primeiro lugar. Entretanto, não será possível alcançar tal adequação caso os times continuem a participar de campeonatos organizados pela Conmebol, onde a desorganização e o desrespeito ganham um destaque especial.
O que aconteceu com o Corinthians no Pacaembu foi somente a cereja de um bolo fabricado pela Conmebol desde o início da competição. Já teve punição absurda ao time do parque São Jorge no episódio em Oruro. Suspensão exagerada ao principal jogador do São Paulo às vésperas de partidas decisivas. O Grêmio também sofreu com punição para seu treinador, que apanhou, mas pasmem, levou toda a culpa. Só por aqui mesmo. Tudo isso somada à desorganização das partidas nos países vizinhos, onde reina absoluta a violência e a pressão contra nossos times, que normalmente apanham três vezes. Do adversário, da torcida e da polícia.
A Conmebol deve estar incomodada com a supremacia dos clubes brasileiros nos últimos anos. As equipes estão se estruturando e a economia passa por um momento favorável, assim os resultados em campo são constantes. Cabe então aos chefões do futebol Sulamericano mexer os pauzinhos para que a sequência de títulos brasileiros seja quebrada. Para tal, vale tudo. Se o Juiz não conseguir resolver, acontecem absurdos como um time não voltar para o segundo tempo do jogo, como aconteceu na partida entre São Paulo e Tigres ano passado.
Os times brasileiros tem um poder que parecem desconhecer. Caso aconteça uma mobilização por parte deles e um boicote à Conmebol, os campeonatos organizados por ela perderão grande parte de seu valor, pois são os times daqui que atraem os investimentos pesados de patrocinadores. Medidas urgentes precisam ser tomadas já. O mundo está vendo os papelões que estão acontecendo por aqui, e a imagem que já não era boa, continua a piorar.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Somos diferentes

Vamos aos fatos. Dois gols legais anulados e dois pênaltis não marcados. Corinthians fora da Libertadores desse ano e um breve adeus ao Bi. Festa de todos os torcedores que não são corintianos. Mistérios da Conmebol por escalar um árbitro que já tinha apitado partidas muito discutidas do Corinthians. Futebol é assim. Um dia se ganha e outro se perde.
Mas a impressão que ficou no final do jogo, tanto pela torcida quanto pelos jogadores do Corinthians foi: NÃO PERDEMOS ESSE JOGO.
Os torcedores permaneceram no estádio até o último minuto, e vários minutos após ele gritando o nome do time e cantando as músicas que os empurraram a vários títulos nos últimos anos. Palmas aos jogadores, que jogaram o tempo todo com hombridade e em nenhum momento apelaram para a violência em campo. Palmas mais uma vez para a torcida que aceitou o resultado e fez uma festa que, tenho certeza, arrepiou até os que estavam torcendo contra. Adeus aos tempos de violência e boas vindas aos estádios sem alambrados. Essa torcida merece.
O resultado final foi lamentável para os corintianos, mas a torcida provou, mais uma vez, que é diferente das outras. Parabéns ao Boca que fez as partidas que lhe cabia. Ao árbitro algumas vaias, pois queimou seu fim de carreira. Ao Corinthians parabéns. À torcida, parabéns. Esse campeonato passa e ano que vem tem outro. Mas que a Conmebol fique atenta, pois suas atitudes são claramente tendenciosas contra os clubes brasileiros e imagino que, num breve futuro, eles vão deixar de participar dos campeonatos organizados por ela.
Ps. O Corinthians começa a ser o grande favorito ao título do Brasileirão 2013.

Por que não vou à missa.

A pouco estava me perguntando porquê não vou à missa. Sendo criado numa família católica e frequentadora da igreja, deveria ser do meu costume seguir a tradição. Acredito em Deus e gosto muito desse Senhor misterioso, pois vejo nele o motivo da vida ser maravilhosa e a resposta de vários porquês em momentos de dúvidas ou aflição. Mas não consigo ter pela igreja essa mesma admiração. Muito provavelmente essa desconfiança seja oriunda do fato de a igreja ser formada e mantida por homens, assim como eu, cheios de pecados e de dúvidas na vida. O problema é que por ser da igreja, algumas dessas pessoas vestem uma máscara de hipocrisia e se sentem mais santas que todos as demais. Não só na igreja, mas também nas redes sociais, vejo todos os dias pessoas postando mensagens maravilhosas e juras de amor a Deus. Mas esses mesmos canalhas se escondem nessa máscara maldita e no seu dia a dia se empenham em ser mais sacanas o quanto conseguirem.
Por não ir muito à igreja, estou meio por fora das leis pregadas por ela hoje em dia - as quais mudam de acordo com que lhe convém -, mas creio que para Deus não existe ser mais pecador do que esses que estão fazendo juras de amor a Ele e ferrando seus irmão aqui em vida.
Tentei me lembrar da última vez que fui à missa. E cheguei à conclusão que lá dentro me sentia muito mais pecador do que fora dela. A concentração nas palavras não vinha porque tinha que ficar preocupado se estava acompanhando direito o festival de rituais feito por todos. Levantar, sentar, ajoelhar, levantar, sentar, ajoelhar. Tinha ainda que cantar músicas longas e bater palmas feito um robô. Sem contar nas olhadelas de lado que lançava toda vez que avistava um mocinha bonitinha. Na hora da hóstia ficava observando a cara de santo que todos faziam para recebe-la e pensava: "qual desses é o mais sacana na sua vida fora daqui?".
Não. Na igreja não conseguia me concentrar, e este deve ser outro motivo que fez diminuir minhas idas até lá. Quando troco umas palavras com Ele dentro do meu quarto, no silêncio da madrugada, a concentração é muito melhor e as palavras saem, no mínimo, mais sinceras que em qualquer outro lugar. Penso que é melhor assim..

terça-feira, 7 de maio de 2013

Policia enquadrada

Deve ser muito complicado ser policial no Brasil. A começar pelo salário de fome que nossos oficiais recebem todos os meses. Depois as condições oferecidas para exercer a profissão, ou a falta delas – viaturas, armamentos, munição, etc. Após enfrentar todos os desafios, o policial realiza seu trabalho com sucesso. Investiga, persegue, e prende, ou elimina o meliante, que é o caso que aconteceu no Rio de Janeiro ano passado e foi divulgado recentemente pelo Fantástico na rede Globo. Alheios a todas as dificuldades enfrentadas pela policia do Rio e sem dar valor ao trabalho deles, os órgãos governamentais vão agora investigar os meios utilizados no dia para realizar a operação. O que foi transmitido para a população foi um aparente abuso de poder e tiros que estariam colocando a vida da população em risco. Um tiroteio entre o helicóptero da polícia e os bandidos foi a única imagem transmitida e agora os policiais estão à mercê da justiça.
Muito típico dos administradores desse país. Ficam com suas bundas sentadas em cadeiras confortáveis durante o ano todo, ou ainda por anos a fio. Não se preocupam em oferecer à população carente o mínimo necessário para subsistência. Deixam traficantes nadarem às braçadas dentro das favelas e construírem verdadeiros impérios de terror. Muitos ganham suas regalias ainda com “arregos” no tráfico, do bicho, da prostituição, ou seja lá o que mais. Nessa bagunça toda onde o ganha-ganha é geral, menos por parte da população, estoura um escândalo desses e as autoridades resolvem agir. Sobra para os policiais, parte que fala menos alto nessa equação, e que agora provavelmente devem ser afastados de seus cargos e sofrerem penalizações.
E assim segue o Brasil. Esse episódio vai passar e ser esquecido como muitos outros. Os mesmos problemas vão continuar existindo e outros escândalos vão estourar. A população continuará alheia aos problemas como se nada tivessem a ver com isso. Afinal, a Copa já está aí. O Neymar está indo para a Europa. O Felipão vai divulgar a escalação da seleção. E outras coisas muito mais importantes que segurança e bem estar estão na iminência de acontecer. A população não tem tempo para reclamar.


segunda-feira, 6 de maio de 2013

Uma faca de dois gumes

Corinthians classificado para a final do Paulista. Com esse resultado o time fará semana que vem, três jogos em sete dias que podem selar seu destino no primeiro semestre do ano. Nos dois domingos jogos contra o Santos pela final do Paulista, e no meio da semana a partida decisiva contra o Boca pela Libertadores. Ontem os jogadores comemoraram muito a classificação em cima do SPFC, mas será que realmente foi boa para a temporada? É claro que nunca é bom perder, mas se lembrarmos do ano passado, foi exatamente uma derrota, contra a Ponte, que fez o time crescer e se dedicar totalmente à Libertadores culminando com sua conquista pela primeira vez na história do clube.
O excesso de jogos e a dificuldade em focar em uma competição podem ser determinantes na postura do time em campo e numa provável eliminação precoce na Liberta, onde precisa vencer bem em casa. Por outro lado esse mesmo fator pode levar o time a reencontrar seu modus operandi definitivo que consagrou ano passado e passar bem pelos dois adversários. Time pra isso tem! Mas a resposta só pode ser dada após o fim dessa jornada.
O professor Tite tem uma semana para trabalhar bem com seus jogadores. Testar opções e talvez, enfim, encontrar um lugar para Alexandre Pato. Depois disso é decisão em cima de decisão e qualquer bobeira pode significar uma tristeza para a Fiel. O objetivo é levantar o caneco nas duas competições, mas a impressão que fica é que, caso não passe pelo Boca, essa vitória contra o SPFC vai ser levemente lamentada pela maioria da torcida. 

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Empresa à deriva

Uma empresa, seja ela familiar, ou não, pode ser comparada a um barco pesqueiro em alto-mar.
Digo que pode ser familiar ou não, porque tratarei aqui com mais ênfase nas empresas dirigidas por famílias, onde nem sempre a organização é seu forte.
Como em um pesqueiro, a empresa precisa de uma meta, lucros e extremos cuidados para não “afundar”. E pede que todos os fatores internos e externos ligados a ela, sejam observados com o máximo de atenção.
Esses fatores podem ser comparados e estudados um a um, e veremos uma grande ligação entre eles. Vejamos:
Num pesqueiro, é o capitão quem escolhe o rumo que todos irão seguir, escolhe as regras, quem embarca ou não. Cuida dos mantimentos e dos detalhes para o barco navegar. Numa tormenta, toma todas as decisões. E é o grande responsável em caso de um bom dia de pesca.
Assim se torna óbvio que numa empresa, o capitão é o dirigente ou o “dono”. Esses substantivos serão sempre utilizados no singular, pois, por mais que se trate de um grupo de dirigentes, ou de uma família que
esteja à frente do negocio, as decisões precisam ser fruto de um consenso, visando ser as mais acertadas o possível.
Sabe-se que, num pesqueiro, por mais que o capitão escolha a rota e tome todas as decisões, ele precisa primeiro cuidar para que o mesmo continue navegando sem avarias. Para isso ele não pode ignorar nenhum
fator que colabore para o mesmo. O casco tem de estar intacto, os tripulantes empenhados, o motor funcionando e as redes tem de trazer peixes.
Veremos a seguir que todos esses fatores são de suma importância, e podem ser comparados a um setor específico de todas as empresas.

O Casco
O casco é o setor mais importante numa embarcação. Ele não pode ser ameaçado nunca, pois mantém o barco flutuando e dá proteção a todos. Por esses motivos, antes de tomar qualquer decisão, o capitão precisa pensar no casco, e vez ou outra, mudar a rota para que o mesmo não seja ameaçado.
Por isso o casco se trata do financeiro das empresas. Nada pode ser feito sem antes o financeiro ser consultado e ter aprovado.  Ele é o esqueleto da empresa, e uma vez que ele fique demasiadamente avariado a empresa tem grandes chances de ir à falência.
Por mais que o capitão queira seguir uma rota ele precisa prever os obstáculos no caminho e segurar o barco ou mudar a direção. Se uma empresa familiar toma atitudes pensando somente na família, ela tem grandes chances de prejudicar seu financeiro, e por conseqüência abalar o sistema todo.
O financeiro precisa ser respeitado e escolher quando se pode abrir o cofre para investimentos ou precisa conter os gastos, evitando o pior para todos.
Muitas empresas familiares desrespeitam essa regra, investindo valores indevidos em bens pessoais, que não tem interesse para a empresa, resultando num acúmulo de dividas que pode se tornar perigoso.
O financeiro está sempre disposto a distribuir os lucros e fazer investimentos, mas requer que seu ritmo seja seguido à risca, com muito planejamento.

As redes de pesca.
As redes trazem os lucros para a tripulação. Elas pescam os peixes, que são o grande objetivo da viagem, e precisam fazer isso com o máximo de competência. Sendo assim, as redes são chamadas de setor de compras nas empresas.
Num mercado com um grande número de concorrentes, principalmente quando se trata de micro e pequenas empresas, a diferença entre o quanto se gasta para produzir determinado produto e o preço final de venda, costumam ser cada vez mais próximos. Ou seja, para ganhar mercado muitas empresas precisam obedecer o preço final aceito pelo mercado.  Sendo assim, o setor de compras é determinante para os lucros das empresas. Uma vez que se compra bem e mantém uma boa relação com os fornecedores,
melhorando prazos e garantindo a matéria prima, terá mais facilidade de vender no preço de mercado e mesmo assim lucrar uma boa porcentagem no final.
O gestor precisa exigir o máximo do setor de compras e nunca se dar por satisfeito. Sempre existe uma negociação que pode ser melhorada ou um novo fornecedor querendo entrar no mercado. Mas vale lembrar que a boa relação com o fornecedor é primordial, pois não adianta comprar mais barato se não tem garantia de entrega do produto.

Os tripulantes e os mantimentos
Num pesqueiro os tripulantes nunca devem estar descontentes. Se tal situação ocorrer, o primeiro resultado é a queda geral no rendimento, e por conseqüência uma quantidade menor de peixes fisgados.
Os tripulantes não podem ter fome nem sede. Precisam ter boas condições de trabalho e quase nunca trabalhar à exaustão. Digo “quase”, porque se o tripulante estiver contente e mantiver uma boa relação com
sua equipe e capitão, quando se fizer necessário, seja numa tormenta ou num bom dia de pesca, ele vai trabalhar mais que o de costume sem reclamar.
Os tripulantes, é obvio, são os colaboradores da nossa empresa. Os mantimentos, o setor de RH.
Os colaboradores tem de estar contentes e comprometidos com os objetivos da empresa. Eles são a vitrine, e normalmente quem mantém o primeiro contato com os clientes.
Quem deve fazer esse quadro se tornar uma realidade é o setor de RH. E o gestor tem que tomar todo o cuidado para que ele obtenha sucesso. Para um colaborador estar contente não existe nenhum mistério. Deve-se remunerar de acordo com o merecimento; elogiar o trabalho quando necessário; garantir que a carga horária seja justa e se encaixe nas limitações da equipe; dar treinamento adequado; aceitar as sugestões e críticas; aplicar modificações e melhoramentos quando se fizer necessário.
Por outro lado, o setor de RH tem de evitar os “piratas” que se encontram pelo caminho. Não deixando que estes permaneçam muito tempo na empresa e não contamine os bons colaboradores.

O Motor
O motor tem sempre que estar trabalhando. Nunca deve ser desligado. Vez ou outra ele diminui a potencia, e só para totalmente, mesmo que por pouco tempo, se o clima estiver bom e o mar cheio de peixes.
Falamos aqui do setor de marketing e propaganda. Pois sempre se disse que a propaganda é a alma do negocio. Os maiores conglomerados empresariais do mundo deixam de divulgar sua marca e seus produtos. E não é possível que eles estejam enganados.
O marketing move a empresa e a faz alcançar novas metas e lucros. Mas essa área, como todas as outras, precisa sempre respeitar as decisões do financeiro. E só pode estar a todo vapor quando todas as outras áreas estiverem funcionando com extrema precisão. Pois não adianta alavancar as vendas se não tem condições de atender a demanda.

O capitão
Todo pesqueiro que possui um sábio capitão está fadado ao sucesso.
É óbvio que sempre haverá tempestades no caminho, mas um bom capitão saberá escolher a rota menos perigosa. Saberá, também, respeitar todos os setores e os manterá em ordem. Pois ele sabe que a embarcação tem de continuar navegando e trazendo lucros para todos os tripulantes.
Numa empresa familiar, onde existem vários capitães, é preciso que todos tenham esse conhecimento e não pulem as etapas. Todos devem saber que o que tem de ser preservado é a saúde financeira da empresa, e a
mesma tem de render frutos. Uma vez que a empresa estiver ameaçada, toda a família estará também, e isso acaba sendo prejudicial a todos.
A empresa tem de se manter firme no mercado e sempre continuar navegando.