terça-feira, 27 de agosto de 2013

Quando a vergonha bate.

Neste domingo jogaram Vasco e Corinthians no estádio Mané Garrincha, localizado na cidade de Brasília. A tarde tinha tudo para ser um espetáculo. O Campeão do Mundo, com grande elenco, contra outro grande time, um dos maiores do Brasil. O palco, batizado com o nome de um dos grandes mestres do futebol brasileiro. Duas grandes torcidas apaixonadas e vibrantes. Entretanto o que se viu, foi de fazer vergonha a qualquer apaixonado pelo futebol, que carregue um mínimo de caráter consigo.
Não sem motivos, o estádio leva o nome de Garrincha. Somente ele, com suas pernas tortas e técnica apuradíssima poderia apresentar um futebol de qualidade naquele pasto que insistem chamar de gramado. Um dos estádios que custou mais caro aos cofres do governo – aproximadamente 1,7 bilhão de reais – apresenta um tapete vergonhoso, que conta mais com areia do que com grama. Garrincha, que foi um ícone do futebol mundial devido à sua maestria com a bola nos pés, deve estar se remexendo no túmulo quando seu nome é utilizado num palco tão vergonhoso, e reflexo claro da corrupção e desrespeito com a população.
A vergonha se seguiu com o futebol apresentado pelo Corinthians. Time com a maior torcida do país, a qual carrega lemas como lealdade, humildade e procedimento. Time que ostenta uma folha salarial próxima os R$ 90 milhões anuais. Time que conta com uma das melhores estruturas para treinamento da América Latina. Time que jogou com preguiça e sem vibração. Ao invés de famosa raça, o que se viu foi um elenco com medo de sujar o próprio uniforme. Em quase nenhuma partida desse ano, o alvinegro mostrou o futebol apresentado na Libertadores e Mundial do ano passado, quando conquistou o mundo.
Não bastasse essa combinação de tragédias, alguns “torcedores” não poderiam deixar de fazer sua parte. Uma briga generalizada tomou conta das arquibancadas no decorrer da partida. Torcedores, segundo a mídia, de duas torcidas organizadas entraram em conflito manchando ainda mais o domingo futebolístico. Nesta terça-feira, foi noticiado que um dos envolvidos na briga era Leandro Silva de Oliveira, um dos doze corintianos que ficaram presos em Oruro, após a tragédia envolvendo a morte do menino Kevin. Para esse rapaz, se for confirmada sua participação, cinco meses de uma prisão tida como injusta, não foram suficientes para afastá-lo da briga na arquibancada Até quando vândalos que vão aos estádios apenas para praticar violência vão ser aceitos dentro dos mesmos? Até quando a polícia vai ter que montar verdadeiras estratégias de guerra para conter marginais à porta dos estádios?
Ainda sou a favor das torcidas organizadas. Mas desde que elas sejam de fato organizadas. Que confeccionem bandeirões, entoem cantos, empurrem o time. Que contribuam com o espetáculo. Tenho certeza que a cúpula das torcidas e grande parte dos torcedores não concordam com as atitudes de alguns membros. Todavia, não basta mais apenas discordar. Que sejam todos os membros cadastrados e que tenham todos seus dados minuciosamente declarados e cedidos à justiça, e quando se envolverem em qualquer tipo de confusão, dentro ou fora dos estádios, que sejam banidos para sempre. Não é aceitável que o país do futebol, sede da próxima Copa do Mundo, fique à mercê dessa estirpe. Seriedade dos organizadores e punições pesadas aos vândalos. Famílias querem freqüentar as arquibancadas, e não podem mais ter esse direito tomado por marginais que se dizem organizados.

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