Neste domingo jogaram Vasco
e Corinthians no estádio Mané Garrincha, localizado na cidade de Brasília. A
tarde tinha tudo para ser um espetáculo. O Campeão do Mundo, com grande elenco,
contra outro grande time, um dos maiores do Brasil. O palco, batizado com o
nome de um dos grandes mestres do futebol brasileiro. Duas grandes torcidas
apaixonadas e vibrantes. Entretanto o que se viu, foi de fazer vergonha a
qualquer apaixonado pelo futebol, que carregue um mínimo de caráter consigo.
Não sem motivos, o estádio leva
o nome de Garrincha. Somente ele, com suas pernas tortas e técnica apuradíssima
poderia apresentar um futebol de qualidade naquele pasto que insistem chamar de
gramado. Um dos estádios que custou mais caro aos cofres do governo –
aproximadamente 1,7 bilhão de reais – apresenta um tapete vergonhoso, que
conta mais com areia do que com grama. Garrincha, que foi um ícone do futebol
mundial devido à sua maestria com a bola nos pés, deve estar se remexendo no
túmulo quando seu nome é utilizado num palco tão vergonhoso, e reflexo claro da
corrupção e desrespeito com a população.
A vergonha se seguiu com o
futebol apresentado pelo Corinthians. Time com a maior torcida do país, a qual
carrega lemas como lealdade, humildade e procedimento. Time que ostenta uma
folha salarial próxima os R$ 90 milhões anuais. Time que conta com uma das
melhores estruturas para treinamento da América Latina. Time que jogou com
preguiça e sem vibração. Ao invés de famosa raça, o que se viu foi um elenco
com medo de sujar o próprio uniforme. Em quase nenhuma partida desse ano, o
alvinegro mostrou o futebol apresentado na Libertadores e Mundial do ano
passado, quando conquistou o mundo.
Não bastasse essa combinação
de tragédias, alguns “torcedores” não poderiam deixar de fazer sua parte. Uma
briga generalizada tomou conta das arquibancadas no decorrer da partida.
Torcedores, segundo a mídia, de duas torcidas organizadas entraram em conflito
manchando ainda mais o domingo futebolístico. Nesta terça-feira, foi noticiado
que um dos envolvidos na briga era Leandro Silva de Oliveira, um dos doze
corintianos que ficaram presos em Oruro, após a tragédia envolvendo a morte do
menino Kevin. Para esse rapaz, se for confirmada sua participação, cinco meses
de uma prisão tida como injusta, não foram suficientes para afastá-lo da briga
na arquibancada Até quando vândalos que vão aos estádios apenas para praticar
violência vão ser aceitos dentro dos mesmos? Até quando a polícia vai ter que
montar verdadeiras estratégias de guerra para conter marginais à porta dos
estádios?
Ainda sou a favor das
torcidas organizadas. Mas desde que elas sejam de fato organizadas. Que confeccionem
bandeirões, entoem cantos, empurrem o time. Que contribuam com o espetáculo.
Tenho certeza que a cúpula das torcidas e grande parte dos torcedores não
concordam com as atitudes de alguns membros. Todavia, não basta mais apenas discordar.
Que sejam todos os membros cadastrados e que tenham todos seus dados
minuciosamente declarados e cedidos à justiça, e quando se envolverem em
qualquer tipo de confusão, dentro ou fora dos estádios, que sejam banidos para
sempre. Não é aceitável que o país do futebol, sede da próxima Copa do Mundo,
fique à mercê dessa estirpe. Seriedade dos organizadores e punições pesadas aos
vândalos. Famílias querem freqüentar as arquibancadas, e não podem mais ter
esse direito tomado por marginais que se dizem organizados.
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