terça-feira, 6 de agosto de 2013

Faltou cinta

Nesta segunda-feira uma família foi brutalmente assassinada na cidade de São Paulo. Avó, Tia, Mãe e Pai foram baleados, e o principal suspeito é o filho do casal, que segundo investigação da policia, cometeu suicídio após os crimes. A barbárie, se confirmada essa versão da polícia, é gigantesca. Uma criança de 13 anos, que ainda deveria estar começando a descobrir as malícias da vida, é apontada como suspeita da chacina dos próprios parentes. Só a hipótese de a história se confirmar, o que deve acontecer visto que não existem outros suspeitos, já deve servir para a sociedade refletir sobre o nível de cidadãos que estamos criando para ser o futuro da nação.
As crianças passaram a ser protegidas por uma legislação que dá a elas todos os tipos de direitos, e quase nenhum dever. Bem acomodadas do alto dos artigos do ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente – os aprendizes de vagabundos se tornaram verdadeiros Sheiks dentro das suas casas. Os pais, por sua vez, são reféns dos pestinhas e ficam de mãos atadas, sendo algumas vezes, até ameaçados, agredidos, e agora assassinados pelos novos marmanjos. É um grande absurdo um cidadão de 14 anos não poder trabalhar e ajudar seus pais na renda de casa. Um jovem dessa idade tem força, disposição e saúde para trabalhar meio período e estudar no outro. Se assim fosse, ao invés de ficar na rua aprendendo tudo o que não presta, poderia ser iniciado em alguma profissão. E além do ofício, estaria aprendendo noções de respeito, honra e dignidade que há muito foram esquecidas por boa parte da sociedade.
Algumas das pessoas de melhor caráter que conheço começaram a trabalhar ou ajudar seus pais por volta dos doze anos de idade. Isso não os transformou em incapazes nem tirou deles a saúde, muito pelo contrário, ensinou a eles a dar valor ao pão que dispõem na mesa na hora das refeições. Essas mesmas pessoas contam com orgulho algumas histórias de vezes em que passaram dos limites nas artes que costumavam aprontar, ao ponto de seus pais entenderam que palavras não seriam suficientes para aprenderem a lição. A cinta usada pelo pai durante o dia do trabalho costuma ser a grande vilã desses contos. Hoje em dia, tal punição é praticamente inconcebível. Os psicólogos afirmam que os pais não podem castigar seus filhos com “violência”, os políticos compraram a ideia e fizeram leis para punir. Mas esqueceram que a grande maioria das famílias não tem acesso à cultura necessária para educar somente na base da paz e amor. Não conheço um programa do governo para ensinar essa outra maneira tão mágica, e os pais, coitados, não podendo corrigir seus filhos ao seu jeito, simplesmente deixaram de fazê-lo de jeito algum. O resultado é uma juventude que simplesmente não sabe o que é punição. Não entende o valor das coisas e acredita piamente que o mundo é uma paraíso da tecnologia e do conforto. Quando esses jovens chegam ao mercado de trabalho e à vida de verdade, ficam perdidos e se tornam adultos incompetentes, estressados e infelizes.

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