sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

Sobra amadorismo no futebol brasileiro.

 


Vasco, Cruzeiro, Grêmio e Bahia vão disputar a série B do campeonato brasileiro ano que vem. Algo totalmente inimaginável há alguns anos por qualquer um que conheça um mínimo da história do futebol brasileiro. São times enormes, com grandes torcidas, e todos eles campeões brasileiros. Grêmio e Cruzeiro são casos ainda mais absurdos, pois estavam disputando, e ganhando, títulos de expressão nacional e internacional até pouco tempo atrás. Mas esse cenário é somente a colheita de um plantio pobre e generalizado no futebol brasileiro. Há anos que os clubes vem apresentando, de maneira geral, um fraco desempenho de gestão, e uma hora a conta chega. Sempre chega.

Para compreender o abismo que o futebol brasileiro se encontra, é preciso olhar bem mais fundo do que apenas o desempenho dos onze que entram em campo. Além do fato de estarmos perdendo talentos cada vez mais novos para o futebol europeu, a gestão brasileira não consegue acompanhar o desempenho do resto do mundo. A tecnologia tomou conta dos gramados, a eficiência na gestão é fator básico para um clube, e o planejamento ainda mais. A gravidade do peso contra o amadorismo ainda foi inflada por mudanças nas leis que punem a irresponsabilidade na gestão e com o descolamento de alguns clubes, inclusive pequenos, que melhoraram muito seus setores administrativos. Mas o problema não está somente nos clubes. Está na CBF, na arbitragem, na imprensa e nas torcidas, que parecem viver em pleno anos 80. Nada evoluiu e o futebol está cada vez mais enfadonho e perdendo público. O produto entregue ao cliente final, como eu já disse muitas vezes, é extremamente ruim. Não tem atratividade, não encanta, não se diferencia.

Mas nem tudo é desespero por aqui. A legislação continua mudando e logo teremos clubes empresas como acontece no resto do mundo. A CBF deve perder cada vez mais espaço para a criação de novas ligas e a gestão dos clubes terá que se profissionalizar, pois não haverá espaço para amadores, ou corruptos na liderança dos clubes. Vai ser uma lenta caminhada, mas que não deixa espaços para alternativas. O que vai mudar mesmo é presença de grandes caciques e clubes com a administração inchada de conselheiros que só atrapalham, além da reformulação do quadro de equipes principais, com alguns deixando de ser “grandes” e dando lugar para clubes até então coadjuvantes. Segue a velha máxima: a vida odeia amadores.