Vasco, Cruzeiro, Grêmio e
Bahia vão disputar a série B do campeonato brasileiro ano que vem. Algo
totalmente inimaginável há alguns anos por qualquer um que conheça um mínimo da
história do futebol brasileiro. São times enormes, com grandes torcidas, e todos
eles campeões brasileiros. Grêmio e Cruzeiro são casos ainda mais absurdos,
pois estavam disputando, e ganhando, títulos de expressão nacional e
internacional até pouco tempo atrás. Mas esse cenário é somente a colheita de
um plantio pobre e generalizado no futebol brasileiro. Há anos que os clubes
vem apresentando, de maneira geral, um fraco desempenho de gestão, e uma hora a
conta chega. Sempre chega.
Para compreender o abismo que
o futebol brasileiro se encontra, é preciso olhar bem mais fundo do que apenas
o desempenho dos onze que entram em campo. Além do fato de estarmos perdendo
talentos cada vez mais novos para o futebol europeu, a gestão brasileira não
consegue acompanhar o desempenho do resto do mundo. A tecnologia tomou conta
dos gramados, a eficiência na gestão é fator básico para um clube, e o
planejamento ainda mais. A gravidade do peso contra o amadorismo ainda foi
inflada por mudanças nas leis que punem a irresponsabilidade na gestão e com o
descolamento de alguns clubes, inclusive pequenos, que melhoraram muito seus
setores administrativos. Mas o problema não está somente nos clubes. Está na
CBF, na arbitragem, na imprensa e nas torcidas, que parecem viver em pleno anos
80. Nada evoluiu e o futebol está cada vez mais enfadonho e perdendo público. O
produto entregue ao cliente final, como eu já disse muitas vezes, é
extremamente ruim. Não tem atratividade, não encanta, não se diferencia.
Mas nem tudo é desespero por
aqui. A legislação continua mudando e logo teremos clubes empresas como acontece
no resto do mundo. A CBF deve perder cada vez mais espaço para a criação de
novas ligas e a gestão dos clubes terá que se profissionalizar, pois não haverá
espaço para amadores, ou corruptos na liderança dos clubes. Vai ser uma lenta
caminhada, mas que não deixa espaços para alternativas. O que vai mudar mesmo é
presença de grandes caciques e clubes com a administração inchada de
conselheiros que só atrapalham, além da reformulação do quadro de equipes
principais, com alguns deixando de ser “grandes” e dando lugar para clubes até
então coadjuvantes. Segue a velha máxima: a vida odeia amadores.
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