quarta-feira, 27 de março de 2024

O outro lado da Retrospectiva

 

Na edição desta quarta-feira, 27, o professor de socioeconomia Luís Miguel Luzio dos Santos, teve seu artigo “Retrospectiva socioeconômica 2023” publicado pela Folha de Londrina. Nele, o professor da UEL cita diversos indicadores divulgados pelo IBGE para sustentar sua afirmação de que o ano de 2023 foi para “arrumar a casa e, principalmente, recuperar a estabilidade institucional ameaçada em anos precedentes”. Entretanto o respeitável professor se esqueceu de citar alguns fatos e números que impactaram diretamente a população brasileira, e este artigo visa remediar essa situação.

O ano de 2023 apresentou déficit primário de 234 bilhões de reais, motivado pela sina desse governo em elevar os gastos estatais a alturas ameaçadoras. O próprio presidente Lula gastou mais de R$ 1 bilhão apenas em viagens pelo mundo levando consigo uma comissão com dezenas de pessoas. O prejuízo das estatais superou os R$ 5,6 bilhões no mesmo ano e o Brasil superou a Argentina e se tornou o país mais endividado da América Latina. Se o país apresentou alguma chance de recuperação foi motivada pelo agronegócio, um dos setores que enfrentam atualmente enorme perseguição ideológica por parte do Governo Federal.

O Brasil sofreu com o fechamento de empresas, com um acréscimo de 68% nos pedidos de recuperação judicial, maior número desde 2020, o ano da pandemia, levando a um ambiente de estagnação e desaceleração do mercado de trabalho. E mesmo com um cenário desafiador na geração de renda por parte da população, o Governo Federal avançou contra um dos setores que mais emprega no país, que é o de motoristas de aplicativos, gerando uma verdadeira revolta nos profissionais que têm se mobilizado para manifestações massivas em todo o território nacional.

O brasileiro viu a escalada das arbitrariedades no poder judiciário capitaneadas pelos ministros do STF movendo processos que não seguem os ritos jurídicos previstos na constituição em uma verdadeira caçada à opositores. A violência segue se espalhando pelo país e a insegurança é um temor crescente para todos os brasileiros. Tivemos ainda a soltura de célebres condenados na operação Lava Jato, aquela que esmiuçou o maior esquema de corrupção da história brasileira e as empresas envolvidas nos escândalos conseguiram novos acordos com a justiça em processos com dívidas que superavam os R$ 8 bilhões de reais.

O professor ainda apresenta uma questão ética no final do seu artigo sobre o que é o desenvolvimento? “Aumentar a riqueza independentemente de quem será beneficiado, ou propor a erradicação da pobreza como prioridade absoluta”. Em uma realidade com a geração de empregos e renda sendo sucateados, com a criminalidade e a impunidade crescentes, com rombos bilionários nas contas públicas e com 3.7 milhões de beneficiários do Bolsa Família tendo seus benefícios cancelados, e outros 8.4 milhões bloqueados, parece que esse governo não está fazendo nem um, nem outro.

 

 


quarta-feira, 6 de março de 2024

Impostos e liberdade.


“Nada é mais certo neste mundo do que a morte e os impostos”. Foi Benjamim Franklin que popularizou essa famosa frase que deixa bem clara a verdade que os cidadãos precisam aceitar: impostos sempre existiram e sempre vão existir. O primeiro sistema de tributação conhecido remete ao Antigo Egito, por volta de 3000 a.C., durante a primeira dinastia do Antigo Império. Mas como tudo na vida, o problema é sempre a dose. A curva de Laffer, um famoso conceito teórico, demonstra que existe um limite ao nível de taxação ao qual a economia pode suportar de maneira saudável mantendo a crescente de arrecadação por parte do Governo. A partir de um certo grau, haverá uma desaceleração econômica e, por consequência, uma redução na arrecadação total anotada pelo Estado. Muitos economistas defendem que o Brasil já ultrapassou esse ponto da curva há muito tempo.

Nesta semana o Governo Lula apresentou o projeto de lei que regulamenta o trabalho de motoristas por aplicativo. O objetivo é estabelecer diretrizes para a relação dos trabalhadores com as empresas e, claro, arrecadar mais impostos. Será cobrado um total de 27,5% sobre a remuneração mínima dos trabalhadores – 7,5% dos motoristas e 20% das empresas –, e serão estabelecidos limites de horas trabalhadas, além da criação de sindicatos para intermediar a criar ainda mais regras no relacionamento entre as partes, o que significará mais burocracia e ganhos menores para os profissionais.

Com o desenvolvimento da tecnologia, a sociedade tende a buscar soluções e criar mecanismos para se desprender das amarras estatais, e o Governo luta para barrar esse movimento. Os aplicativos de serviços de entrega eram, até essa semana, um oásis na relação de livre comércio e liberdades individuais, onde os profissionais podiam escolher onde e quando trabalhar, obtendo ganhos acima da média nacional. Além do mais, esse mercado foi fundamental para que pessoas desempregadas conseguissem uma renda extra, ou principal, durante os duros anos de recessão originados pela pandemia do Coronavírus.

Uma característica muito comum em países onde existem estados inchados e burocráticos é a existência de grandes corporações que criam monopólios ou oligopólios. É exatamente através de fortes regulamentações que se torna possível barrar a entrada de novos concorrentes e dominar mercados. As grandes empresas certamente apoiam essa iniciativa do Governo Lula, por mais que o neguem, pois estão interessadas em dominar definitivamente os mercados. Os maiores prejudicados são sempre os trabalhadores e os clientes, uma vez que os primeiros terão seus ganhos reduzidos e os últimos verão os preços finais dos produtos aumentarem para bancar os custos extras das empresas. Não se engane: as grandes corporações e o governo nunca perderão e quem pagará essa conta é a população.

 


segunda-feira, 4 de março de 2024

Um grande trabalho da nova administração do LEC

 



Em 05 de outubro de 2016, a Folha de Londrina publicou um artigo de minha autoria com o título: “Uma breve análise sobre o público no Estádio do Café”. Àquela época, o LEC fazia uma grandiosa campanha da Série B do Campeonato Brasileiro, estando dentro do G4 e com grandes chances de subir para a Série A e até mesmo podendo sonhar com o título do campeonato. Como sabemos, nada disso se tornou realidade, mas o que mais me chamava a atenção era o baixíssimo público presente nos jogos no Estádio do Café, mesmo com o time em alta e apresentando um belo futebol. Naquele campeonato, o LEC levava, em média até então, 4.116 pagantes por jogo durante a disputa da Série B. Muito pouco para um time que sonha em subir de divisão.

No artigo, eu tentava entender os motivos, criticava os problemas e apresentava diversas soluções. Em grande parte, as ações elencadas orbitavam em torno de recuperar a identidade do clube e se reaproximar do torcedor, algo que o time do gestor anterior nunca conseguiu, seja pela inexistência de carisma do próprio Malucelli ou pela ausência de campanhas mais estáveis e solidez do time. Ainda assim, sempre fui um defensor do lema: “Com Malucelli, ruim. Sem Malucelli, pior”. Cheguei até a dizer que o time iria acabar com a saída do gestor. Entretanto, para minha grata surpresa, o futuro do clube se desenha muito mais promissor do que aquilo que eu havia previsto. E tudo isso se deve ao grande trabalho que a gestão atual está fazendo.

As primeiras ações de marketing que me chamaram a atenção foram feitas ainda no final do ano passado, com o LEC descendo de tobogã para a Série C do Campeonato Brasileiro. Mesmo com a péssima campanha, as peças divulgadas pelo clube nas redes sociais mostravam um otimismo inédito e começavam a dar uma nova cara ao clube. Depois vieram ações dentro de shoppings da cidade para apresentar o time, o uniforme e o planejamento. E esse respeito com a torcida só aumentou desde então. É claro que ainda existem muitos gargalos e problemas a serem resolvidos, como a deficiência em montar uma estrutura de atendimento para públicos que não sejam medíocres. Para receber mais de 10 mil pessoas, a gestão precisa preparar o Café, com estrutura melhorada nos banheiros, acessos e lanchonetes. Pontos esses que foram alvos de muita reclamação da torcida no último jogo, contra o Club Athletico. Mas ainda assim, a nova administração conseguiu se destacar, fazendo uma nota pública reconhecendo os problemas e garantindo estar comprometida em buscar soluções. Uma jogada de mestre de quem sabe o que está fazendo.

Me considero um dos muitos torcedores do LEC que vivem em eterno conflito com o clube: Apaixonado pela cidade e pelo time, mas magoado com muitas desilusões e descaso das diretorias que comandaram o clube. Não foram poucas as vezes que bradei em alta voz: eu nunca mais vou ao estádio. Mas sou obrigado a confessar: no próximo jogo, quero estar lá no Café mais uma vez!


sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Operações contra ambulantes

 


 

A matéria de capa da Folha de Londrina desta quinta-feira, 18, cobriu a operação realizada pela CMTU para combater o comércio de produtos irregulares no calçadão de Londrina. Foram apreendidos desde cigarros, bijuterias, eletrônicos, até panos de prato, além de aplicação de multas de até R$ 1,2 mil. Operações similares à essa estão se tornando cada vez mais comuns no país, principalmente em grandes metrópoles como o Rio de Janeiro e São Paulo. São muitos os vídeos disponíveis nas redes sociais que mostram fiscais apreendendo produtos de ambulantes, que ficam revoltados e causam também a indignação da população em geral. O entendimento popular é de que falta humanidade a esses fiscais na hora de apreender produtos de pessoas que estão lutando para sobreviver e vencer a crise.

Uma questão importante nesse tema é de que os fiscais não tem nenhuma culpa nesse tipo de situação. Eles são funcionários como qualquer outro, e estão cumprindo ordens de superiores, que por sua vez, estão seguindo o que está previsto na legislação. Os verdadeiros culpados são os vereadores e deputados, que são quem fazem as leis do país. Apenas eles têm o poder, dado pelo povo, de legislar e tomar ações para mudar esse quadro. Não adianta a população reclamar e se sentir injustiçada e depois voltar a eleger os mesmos parlamentares. A cada dois anos o cidadão tem a ferramenta do voto para transmitir sua indignação, mas ao reeleger políticos que fazem essas leis ou as aprovam, estão dando um atestado de anuência a eles, o que é claramente contraditório nesse caso.

O Brasil sofre de uma pandemia de representantes públicos incompetentes. Isso se dá exatamente porque a população não demanda a devida atenção na escolha dos políticos. Esse ano teremos eleições mais uma vez, e certamente veremos eleitores votando em candidatos sem o preparo básico para exercer uma função pública. As características dos vereadores eleitos são das mais bizarras: popularidade, capacidade em criar conflitos, herança política e sobrenome famoso, entre outras “qualidades” muito duvidosas. Poucos se atentam ao histórico dos candidatos, à sua honestidade, ética, moral e, principalmente, conhecimento técnico e legal da administração pública. As propostas são das mais estapafúrdias e irracionais, nunca refletindo em posteriores cobranças aos eleitos. São esses políticos que farão leis abusivas e que levam ao cerceamento da liberdade da população. E esse é um ciclo sem fim. Quanto antes a população se atentar ao que está fazendo no momento de votar, poderemos ver o fim das situações dramáticas como essas operações de fiscalização.

Sobre a moralidade de vender produtos nas ruas, sem pagar impostos e sem arcar com uma série de outros custos como os demais comerciantes regularizados, há muito o que se debater. Mas o caminho correto para a prosperidade é sempre o livre mercado e o que deveríamos estar discutindo é como tirar o peso de impostos e regulações das empresas, visando o aquecimento econômico da cidade. O centro de Londrina já vem há muito tempo sofrendo com o enfraquecimento do comercio, e legislações duras e a falta de variedade de produtos e serviços só tendem a piorar essa situação.