Nos últimos anos o Brasil vem
passando por uma onda de polarização política nunca antes vista na história do
país. Mesmo durante o regime militar, quando os militares tomaram o poder
usando como justificativa a defesa contra um projeto de implantação do
comunismo no Brasil, não se viu algo tão extremo. Até mesmo porque a direita
era apenas uma força de defesa contra a esquerda comunista, e seus membros
ainda não tinham uma noção clara dos valores que defendiam. Muito por isso a
esquerda perdeu a luta armada, mas dominou as instituições, veículos de
comunicação e a cultura. Ou seja: tudo que era necessário para fazer uma revolução
cultural e vencer as eleições presidenciais décadas depois, colocando em prática
seu projeto de perpetuação no poder. Esse é o grande motor por trás das cinco vitórias
do pelo PT após 2002, além do domínio em todas as casas legislativas do país
durante anos, e de garantir várias indicações ao STF.
Em paralelo, alguns pensadores
conservadores batalhavam às margens dos holofotes para combater o projeto da
esquerda e criar um movimento de direita com bases e valores sólidos, buscando
pessoas a quem pudessem preparar e representar o conservadorismo no Brasil. O
mais célebre foi o Professor Olavo de Carvalho, que construiu toda a sua obra
em torno desse objetivo. Foram dezenas de livros escritos, centenas de palestras
ministradas e milhares de horas-aula dedicadas a compartilhar seus ensinamentos
com um público cada vez mais numeroso e dedicado.
O professor Olavo foi o grande
arquiteto do que conhecemos como direita no Brasil hoje. Suas ideias foram tão fortemente
disseminadas e seus alunos conseguiram alcançar tanto prestígio que, em conjunto
com os escândalos de corrupção do PT, o Brasil pôde acompanhar um processo
massivo de manifestações e revolta popular no país ainda em meados de 2014, o que
culminou com o impeachment da Dilma em 2016. Era o fim do projeto de
perpetuação no poder da esquerda.
Em meio ao caos político, Jair
Messias Bolsonaro surgiu como o representante da direita conservadora no país. Foi
um processo natural, pois, para que eleições presidenciais possam ser vencidas,
é necessário que exista um político forte e popular. Bolsonaro cumpria com
esses requisitos e abraçou as ideias conservadoras do professor Olavo.
Combinação perfeita para se juntar à revolta popular contra o PT e vencer as
eleições de 2018. Mas o próprio professor Olavo dizia que tudo estava indo
rápido demais, e que a direita ainda não estava pronta para se sustentar no
poder do país, pois ainda não havia dominado as instituições e apenas a cadeira
da presidência não significava estar de fato no poder. Certeiro como sempre, o que se viu nos anos
seguintes foi uma onda de apoio cego a um político, e não às bases de ideias e
valores conservadores, e assim surgiu o bolsonarismo, um movimento de apoio ao
presidente eleito que passou a lutar com unhas e dentes para mantê-lo no poder
e defendê-lo dos contra-ataques do establishment que queria derrubá-lo a
qualquer custo. O resultado dessa guerra foi a volta do PT ao poder em 2022 e de
todos os esquemas e mamatas contra as quais a população havia se revoltado na
década anterior. Eis que o projeto de perpetuação no poder do PT tinha recebido
apenas um golpe, mas longe de encontrar seu fim.
Após as eleições e alguns suspiros
de revolta popular, e com seu líder afugentado nos EUA, os bolsonaristas abandonaram
suas origens e bases de valores, deixando lugar apenas para apoiar um político
que cada vez mais se entregou ao sistema para manter-se vivo. Atacado diariamente
por um establishment que vê a necessidade de destruí-lo completamente, o
ex-presidente se uniu à personagens como o ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto e
apoia a campanha de Ricardo Nunes à prefeitura de São Paulo, que prendeu
pessoas e demitiu funcionários durante a pandemia. Os bolsonaristas, cegos por
sua idolatria, continuam apoiando essas ações, enquanto os verdadeiros conservadores abriram
os olhos e estão buscando outros caminhos para o futuro do país. Essa divisão
fica cada vez evidente e, caso nada mude, veremos o fim do
bolsonarismo no país em breve, pois o movimento conservador é sustentado por
valores e não por pessoas: liberdade, fé em Deus, livre mercado e redução do
tamanho do Estado. Longe dessas bases, o ex-presidente está fadado ao suicídio
político e, junto com ele, o bolsonarismo. Mas o conservadorismo, esse sim
capitaneado pelo grande professor Olavo de Carvalho, têm vida longa no país.
Foi acertada e precisa a sua colocação : "Muito por isso a esquerda perdeu a luta armada, mas dominou as instituições, veículos de comunicação e a cultura".
ResponderExcluirOu seja, a esquerda ganhou a guerra. Não só aqui, também nos EUA.
Há um vídeo muito interessante no youtube com declarações de um russo ex-KGB, Yuri Bezmenov. É um vídeo relativamente longo, mas compensa muito ver.
https://www.youtube.com/watch?v=UlnmhJD_yNQ
E, sim, torçamos para que o conservadorismo não morra no país.
Perfeito! Vou colocar na minha lista aqui para assistir! Obrigado!
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