segunda-feira, 5 de novembro de 2018

Emolumentos




Vejam bem esta taxa cobrada por uma certidão simples em um cartório no Brasil. Está destacado o item chamado EMOLUMENTOS, que significa na prática, o lucro acusado nessa operação. Hoje tive que pagar duas dessas certidões para poder dar sequencia em um empreendimento. Isso parece justo?
São esses tipos de custos e burocracias que brecam o empreendedorismo no Brasil. São tantas taxas, empecilhos e tempo perdido, que acabam por desanimar os desavisados a investir seu patrimônio na iniciativa privada. Eu, depois de estar muito calejado com tal realidade, já estava preparado e ciente dos desafios a se enfrentar, mas um novo empreendedor, que está disposto  investir nos seus sonhos, acaba vencido por tamanhos abusos e disparates. Numa realidade em que as empresas acusam lucros reais de 5% ao fim do exercício, quando as coisas vão muito bem, é desanimador perceber que você paga uma porcentagem tão alta por um documento tão simples, que poderia muito bem ser emitido online e sem custos. Essa realidade mina o empreendedorismo e acaba por refletir nas centenas de portas fechadas nas ruas da nossa cidade. Cada prédio desocupado poderia ocupar uma pequena empresa com cinco ou dez funcionários, o que colaboraria decisivamente para reduzir o desemprego e por consequência, as desigualdades sociais.
O Brasil não valoriza o pequeno empresário e impõe a ele diversas barreiras desanimadoras. É sobre essas burocracias que os defensores do liberalismo e do estado mínimo lutam todos os dias. Esperamos que o novo governo mantenha sua posição de impulsionar o mercado reduzindo a burocracia e facilitando a vida dos empreendedores.

quinta-feira, 6 de setembro de 2018

A eleição foi decidida numa facada


Há pouco mais de uma hora, o candidato à presidência Jair Bolsonaro foi esfaqueado durante um evento da sua campanha. Esse episódio pode ser decisivo para esta eleição, que até então era a mais imprevisível dos últimos trinta anos. Entretanto, para entender como entregaram a eleição para o Bolsonaro, é preciso esquecer um pouco as visões e as preferências políticas e pensar em como a população em geral enxergará esse episódio, principalmente os indecisos.
Bolsonaro vem liderando as pesquisas no primeiro turno, mas perde em vários cenários no segundo turno. Isso acontece por causa da grande rejeição que o candidato enfrenta da população brasileira. Com esse trágico episódio de hoje, Bolsonaro pode reverter essa situação e conquistar preciosos votos para o segundo turno, ou ainda resolver tudo no primeiro pleito. O grande tendão de Aquiles de Bolsonaro sempre foi seu posicionamento polêmico e sua falta de humanidade. Mas na visão do eleitor comum, esse ataque covarde ao candidato, dá a ele a oportunidade de demonstrar um lado mais humano, além de oferecer munição para reafirmar seus posicionamentos firmes contra a violência. O brasileiro pode ter vários defeitos, mas não suporta a covardia e agressões baratas. Os próprios apoiadores das ideologias de esquerda podem ficar desconfortáveis em apoiar um movimento que é capaz desse tipo de atitude. Uma prova da gravidade do deslize, é que no exato momento que escrevo esse texto, a Globo News está fazendo um esforço dantesco para desvencilhar o agressor das ideologias de esquerda, e numa estratégia desesperada, estão colocando a culpa até na Maçonaria. Mas as redes sociais do agressor não mentem. Bolsonaro tem agora a chance de abordar uma estratégia focada no eleitor que jamais pensaria em votar nele. Os eleitores que já tinham preferência por ele, agora terão ainda mais certeza convicção e se mobilizarão para apoiá-lo.
A bobagem feita hoje por esse agressor foi tão grande, que cheguei a cogitar a possibilidade de ser uma cena armada pela comitiva do Bolsonaro, tamanha a vantagem competitiva que esse episódio lhe proporciona. Afinal, nessa política brasileira pode-se esperar de tudo. Mas o tamanho da arma utilizada e a gravidade do ferimento, logo jogaram essa teoria da conspiração por terra. Resta agora Bolsonaro saber utilizar esse acontecimento como fator positivo para sua campanha, e tudo estará encaminhado para sua vitória.

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Brasil: Os melhores políticos do mundo.



O Brasil passou nos últimos anos por grandes crises institucionais e políticas. Enfrentamos uma das maiores crises econômicas da história, grandes escândalos de corrupção vieram ao conhecimento da população, o povo foi às ruas para exigir honestidade e transparência dos seus representantes, e algumas coisas mudaram. Mas um ponto continua intacto na nossa realidade social: os chefões do sistema ainda são os mesmos. As mesmas caras, os mesmos métodos. Por esse motivo, creio que os políticos brasileiros são os melhores do mundo. Não em fazer coisas boas para a população e administrar o país de maneira eficiente, mas em defender suas posições de maneira quase impossível de se combater.
Os políticos brasileiros criaram um sistema de leis e burocracia, onde se torna muito difícil alguém que não é do meio adentrar. Ou você está com eles, ou está fora do jogo. Esse sistema cerceia qualquer intenção de fazer algo novo ou diferente da politicagem que já é costumeira. É um modelo complexo que envolve todos os poderes, conta com participação intensa da mídia, e com um programa de “emburrecimento” geral da população. O sistema eleitoral exige, antes de um cidadão comum sequer cogitar ser eleito a algum cargo, que ele se filie a um partido e forçadamente conheça as regras do jogo. O poder judiciário dá respaldo aos criminosos, protegendo-os com um sistema de julgamentos lento e cheio de interesses, onde a maioria dos investigados acaba sendo inocentado e fica livre para permanecer na vida pública. O resultado desse emaranhado de mecanismos de defesa permite que, mesmo em meio a tanta reprovação pública e descontentamento, os mesmos políticos se perpetuem nos cargos, e apenas se revezem quem fica à frente do poder.
A população tem percebido esse cenário de maneira lenta, mas crescente. Isso permitirá que as eleições desse ano apresentem um cenário um pouco diferente. Muitas caras novas se dispuseram a tentar uma chance nas urnas, e alguns dos “barões do país” estão presos ou proibidos de concorrer. Será a chance ideal e muito rara de mudarmos grande parte dos representantes da sociedade. O perigo para essa renovação é o sentimento comum de que esses novos políticos não terão chance de levar em frente seus projetos, por não terem experiência política. E é exatamente esse pensamento que pode levar tudo a continuar como está, pois é nisso que o sistema político quer que acreditemos. Esse é o momento de analisar com alguma calma as novas propostas e as novas pessoas que se apresentam, e quem sabe, mudar os rumos do país. Afinal, se existe uma definição para a ignorância, é o fato de fazer as coisas da mesma maneira, e esperar resultados diferentes.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Porque o Corinthians ganhou e o Palmeiras perdeu. (Este texto visa analisar os bastidores dos clubes, e tenta ser isento de clubismos).



Em 2007 o Corinthians chegou ao fundo do poço da sua história. Queda para a série B, dívidas enormes, crise com sua torcida, e vergonha frente aos adversários que colecionavam sucessos. Uma reestruturação teve de ser feita em todos os setores do clube, e nos anos seguintes o clube renasceu e colecionou títulos. O Palmeiras, seu grande rival, também enfrentou um início de século muito ruim, destoante da sua história. Foram dois rebaixamentos e muitos anos sem levantar uma taça. Nos últimos anos o Palmeiras também se reinventou. Com um patrocinador forte e muito dinheiro em caixa, conseguiu montar elencos recheados de craques e voltou a comemorar títulos, sendo considerado por muitos o melhor time do Brasil, mas o Corinthians continuou se sobressaindo em conquistas, sendo a última delas contra o grande rival na arena do Adversário.
Mas onde o Corinthians acertou e o Palmeiras errou? Creio que o principal pilar da força do alvinegro é o padrão de jogo adotado e a cultura para escolher jogadores que tem identidade com o modelo adotado. Cada contratação passa por uma análise aprofundada, não somente da qualidade técnica dos jogadores, mas do perfil comportamental e ético. Não existe rixa no vestiário do Corinthians, e as confusões internas são abafadas e não viram escândalos midiáticos. O Palmeiras contratou dezenas de jogadores, mas ainda não conseguiu montar um time. Está provado que não basta ter elenco.
Outro aspecto importante na administração corintiana é a segurança que os técnicos tem para trabalhar. Estes, também são escolhidos para se encaixar no modelo proposto pelo time e tem respaldo e tempo para desenvolver seu trabalho. Basta lembrar da derrota em 2011 para o Tolima, quando o presidente bancou  a permanência do Sr. Adenor, e essa atitude foi fundamental para as conquistas do Brasileiro daquele ano, Libertadores, Recopa, e Mundial no ano seguinte. O Palmeiras ainda não conseguiu estabelecer essa sequencia e tranquilidade nos bastidores, e segue sofrendo com instabilidade e fraquejando nos momentos decisivos.
Creio que nos próximos anos, o Corinthians deve enfrentar mais dificuldades que o Palmeiras, principalmente pelo fluxo de caixa instável motivado pelas dívidas milionárias da Arena, e considero inevitável que o Palmeiras seja o clube a ser perseguido pelos demais na América do Sul, mas para isso precisa organizar rapidamente os bastidores do clube. Por enquanto o Corinthians faz mais com menos.