sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Punição ao Corinthians


Pois bem. Fomos punidos. Após pressão de todos os lados, motivada principalmente pelo ódio que o Corinthians desperta nas pessoas, não vamos ter público no Pacaembu nessa Libertadores, ao menos até a decisão ser revertida.
Perde o Corinthians, perde a torcida e perde o campeonato, por não contar com uma das mais belas festas organizadas em um estádio de futebol.
Engana-se quem pensa que os Corintianos não vão ao Pacaembu. A praça Charles Miller vai estar inundada pela Fiel no próximo jogo. Faremos nossos gritos chegar aos ouvidos dos jogadores e seremos personagens, mais uma vez, de um feito único na história do futebol. Após invadir o Maracanã e depois o Japão, agora invadiremos os arredores do Pacaembú, nossa eterna casa.
Em campo nosso time não vai se abater, disso tenho certeza. Nosso professor vai utilizar cada segundo dessa injustiça para despertar o máximo de raça e determinação de cada jogador. Vamos longe nessa Libertadores, podem esperar!
Mas espero que essa punição não passe em branco. Vamos cumprir com rigor o que determinar a Conmebol, mas vamos exigir que sejamos tratados da mesma maneira quando estivermos fora de nossos domínios. Chega de bater escanteios protegido por escudos policiais, chega de admitir objetos de todos os tipos lançados contra nossos jogadores. Chega de jogar em estádios sucateados e sem estrutura alguma para receber uma partida de futebol.
A morte do menino foi uma tragédia, isso é fato. Mas o Corinthians pagar sozinho, não é justo. A diretoria não organizou a partida, e por isso estava de mãos atadas quanto à qualquer medida que pudesse evitar tal acontecido.
Ainda podemos recorrer da decisão, mas duvido muito que algo mude, ao menos na primeira fase...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Confissões de um homicida

*Uma história fictícia, mas que acontece quase todos os dias...


A cela é fria. Uma dor de cabeça me domina e as lembranças começam a despertar. O dia ainda não raiou e a escuridão faz com que meus pensamentos se tornem mais obscuros do que deveriam ser. Lagrimas já não escorrem mais. Uma mescla de arrependimento com desespero é o que chega mais próximo de definir meus sentimentos. O hálito azedo me faz lembrar das várias doses de vodka do belo início da noite. As mangas da blusa com manchas de sangue levam minhas lembranças para o trágico final dela. Frio... sinto frio...
Em minha companhia, bandidos de todos os tipos. Traficantes, assaltantes, estupradores, assassinos. Provavelmente todos culpados, que levavam uma vida voltada aos crimes e ao desacato das leis. Pessoas frias, com olhares gelados, que parecem sentir um macabro prazer ao me ver encarcerado junto a eles. As paredes mal rebocadas e o chão duro me fazem lamentar a infinita distancia do meu confortável quarto, onde estaria descansado para mais um dia de trabalho.
Este não é o meu lugar. Costumava ser uma pessoa honesta e justa. Tinha um trabalho digno, pagava meus impostos e honrava meus compromissos. Era pontual. Tinha uma bela família e muitos amigos. Mas agora, já não sei o que desse passado irá sobrar. Se algo sobrar.
Como poderia imaginar que essa noite que começou tão alegre e descontraída fosse terminar comigo no fundo de uma cela?
Quem dera pudesse ver o futuro, assim não teria bebido. Mas pensando bem, os avisos estavam ali. Agora me recordo das propagandas alertando para o perigo de beber e dirigir. A imprensa noticiava todos os dias casos de pessoas embriagadas matando inocentes. Tudo parecia tão distante, e os culpados nunca eram punidos. Caso tal tragédia tão surreal acontecesse comigo, eu também não seria punido. Assim são as coisas no Brasil. Políticos assaltam o contribuinte o tempo todo, fazem carreira em Brasília às custas da corrupção, cometem um verdadeiro genocídio garfando dinheiro da saúde e da educação, mas nunca são punidos. Assassinos se prendem às artimanhas de brilhantes advogados e saem andando pelas ruas com seus habeas corpus debaixo dos braços. Porque eu seria condenado?
Os avisos estavam ali, mas como um bom brasileiro, eu estava programado para não acreditar na justiça. Preferia pensar que algum novo entendimento ou brecha na lei pudesse me salvar. Agora já não tenho tanta certeza. As leis mudaram, aos menos as leis que hão de me julgar. Hoje amanhecerei um criminoso, homicida.
Talvez tivesse tido sorte melhor não colocando o sinto de segurança, e assim, seguiria o mesmo caminho do inocente casal de namorados que atropelei enquanto caminhavam pela calçada. Meu corpo estaria ao lado dos seus, como que se desculpando e tentando criar alguma cumplicidade.
Não os conhecia, nunca havia visto, mas os matei. O que dirão seus  familiares? Tem pais? Tem filhos? Tinham planos para o futuro? Talvez essa seja a única semelhança entre nós, pois agora já não tenho mais futuro. Nada sei dos dois, apenas que seu sangue é vermelho e que seus corações não pulsam mais...