sexta-feira, 5 de agosto de 2022

Não deixe para o fim.


Eu não gosto dessa euforia que a morte das pessoas famosas causa. Assim, do nada, todos eram fãs, amavam e idolatravam. Fazem filas nos velórios, correm para aquele último "adeus" que o defunto sequer vai ouvir. Quando é familiar, em meio àquela choradeira, você percebe, se observar, que estão chorando por suas próprias deficiências, mágoas e arrependimentos. Talvez por não ter dado um abraço quando a pessoa ainda estava em vida, ou por pecados maiores. 

Mas o Jô me fez sentir algumas coisas durante o dia. Não é um sentimento triste da partida. É um sentimento ambíguo, quase que de felicidade. Se existe uma pós-vida, o Jô deve estar sorrindo à toa. Todo mundo compartilhando textos e falas que ele produziu durante a vida. E é cada trecho maravilhoso! Engraçado, poético, filósofo, realista... Deve ser um baita orgulho deixar um legado desses. Por isso me vem esse sentimento de satisfação, vendo alguém que cumpriu tão bem a sua passagem por aqui, e agora, essa passagem chegou ao fim.

Acho que para o Jô, sequer faltaram homenagens durante sua vida. Baita astro, e colheu todos os louros durante sua trajetória. Foi elogiado e homenageado incansavelmente. Mas, talvez, leitor, esteja faltando uma homenagem ao seu pai, à sua mãe. Talvez a um amigo ou um parente que não goze de fama. Talvez falte um abraço a alguém querido ou um simples "muito obrigado". Pense nisso. Não deixe para fazer suas homenagens ou os elogios frente a um corpo frio e pálido. Faça hoje. Faça agora! E quando essa pessoa se for, sorria!