Agradeço imensamente a todos
os jornalistas que votaram no meu nome para receber hoje a Bola De Ouro. É um
grande reconhecimento a uma temporada onde me esforcei muito para render o
máximo e ajudar meus companheiros a conquistar títulos e fazer apresentações
perfeitas. Me sinto muito honrado em receber o reconhecimento de todos vocês.
Muito obrigado, de coração. Mas hoje, é preciso fazer justiça.
Em um mundo tão cruel,
violento e injusto. Com tantas guerras, pobreza e com tantas pessoas sendo
injustiçadas por decisões de pessoas que sequer as conhecem, nós, do alto dos
privilégios que o futebol nos proporciona, sentados em poltronas confortáveis e
muito bem alimentados, não podemos abaixar a cabeça frente a uma evidente
injustiça: eu não mereço esse prêmio. Ao menos, não nessa temporada. Existe
alguém que merece mais.
Como eu já disse, fiz o meu
máximo. Mas esse ano, um jogador fez mais do que eu. Ainda que o julgamento
hoje tratasse apenas sobre futebol, eu não ganhei a Champions League, que é o
maior campeonato de clubes. Mas além disso, também não enfrentei algumas dificuldades
que meu colega de profissão, Vinícius Júnior, enfrentou. Eu nunca estive frente
a frente com situações de torcedores raivosos me xingando por motivos alheios
ao que acontece dentro de campo, como por exemplo a cor da minha pele. E sequer
enfrentei o julgamento da sociedade por reagir a isso. E não tenho ideia de
como reagiria. E isso precisa acabar.
Portanto, preciso reconhecer que, mesmo tendo atuações individuais que, concordo, nos colocaram em pé de igualdade para disputar esse prêmio, creio que o Vinícius teve momentos melhores, conquistas maiores e desafios mais grandiosos. Por isso hoje, mesmo sabendo que isso pode significar minha ausência nessa disputa pelo resto da minha carreira, eu abro mão desse prêmio, e o deixo nesse palco. Muito obrigado a todos.
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