sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Um jogo perigoso

 


O presidente Jair Bolsonaro está jogando um jogo muito perigoso, o jogo de se manter no poder, pelo poder. Até esse momento, o Brasil praticamente não conseguiu ver o que poderia ser esse governo. Durante o primeiro ano tivemos uma fase de adaptação, organização, e reparo dos inúmeros problemas causados pelos governos anteriores. No segundo ano veio a pandemia e ainda estamos aguardando ela chegar ao fim.  Restará apenas um ano para deixar algum tipo de legado para o futuro, ou buscar a reeleição, e aqui começa o perigo. Esse governo tem basicamente três pilares. Bolsonaro e sua agenda conservadora; Paulo Guedes e sua equipe econômica; Tarcísio e sua sina em concluir obras abandonadas por outros governos. Guedes e Tarcísio vêm fazendo um trabalho espetacular, pois se não fosse o primeiro, ninguém sabe a situação que poderíamos nos encontrar nesse momento, talvez à beira de um colapso econômico, o segundo está deixando o país pronto para decolar, mas o Presidente vem apenas se segurando no cargo, com seu tempo quase que inteiramente ocupado em se defender dos ataques da oposição.

A agenda conservadora vai aos poucos sendo abandonada com os erros de um presidente que parece estar perdendo fôlego e forças, e  cometendo erros que podem custar caro. Bolsonaro errou na indicação que lhe cabia ao STF, pois indicou alguém que seu eleitor não confia, pois Kassio Nunes tem cara, jeito, cheio e textura de um esquerdista. Errou em tantas entrevistas quando falou, ameaçou e não cumpriu, e está errando em sacrificar o teto de gastos para despejar dinheiro em auxílios. O Presidente está agindo para jogar o jogo do poder, onde precisa dar alguns passos atrás para depois dar muitos à frente? Ninguém sabe. O que parece mesmo é que já viramos de costas e estamos caminhando no sentido contrário. A carta ao STF após as manifestações do dia 7 de setembro pareceu uma atitude sábia e honrosa em prol do país, mas foi uma ação de via única, e o outro lado continua sua sana enlouquecida por comandar o país. Isso leva a outro grande problema, e provavelmente ao maior erro de Bolsonaro: abandonar seus aliados mais fiéis. Daniel Silveira foi preso, e Bolsonaro não se manifestou. Oswaldo Eustáquio foi preso, e Bolsonaro não se manifestou. Allan dos Santos será preso, e Bolsonaro não vai se manifestar? Não existe conservadorismo sem lealdade, e sem conservadorismo não existe esse governo.

O Presidente vai caminhando por uma linha muito tênue, onde pode perder uma enxurrada de aliados a qualquer momento. Ontem, 4 secretários do ministério da Economia pediram demissão, certamente já exaustos de não serem ouvidos. Se Guedes fizer o mesmo nos próximos dias ou meses será o maior golpe sofrido, e junto com Guedes, muita gente vai mudar de opinião sobre as eleições do ano que vem. Se Bolsonaro não defender os jornalistas que estão sendo presos, nem que seja somente com palavras, qual a segurança de outros tantos em continuar? Hoje, já é quase um crime falar bem do governo, e muitos ainda acreditam nesse sonho de livrar o país da esquerda, de montar um time capacitado para gerir o país, de resgatar nossos valores. Mas até quando? Se os pilares do governo começarem a desmoronar, nada vai sobrar, pois Bolsonaro, sozinho, é somente mais um político de carreira. Seu time é que tem valor. Depois, não adianta chorar sobre o Leite derramado - e o L está em maiúsculo aqui, porque não se trata apenas de um substantivo. Fiquem de olho nele, pois se vencer as prévias do PSDB, teremos uma terceira via nas eleições de 2022.


Nenhum comentário:

Postar um comentário