Há alguns dias, um assalto cinematográfico
ocorrido na cidade de Criciúma chamou a atenção do país todo. Bandidos
fortemente armados sitiaram a cidade, fazendo muitos reféns e atacando postos policiais
durante a ação. Em poucas horas conseguiram invadir três agências bancárias e roubar
milhões de reais em espécie. O evento trouxa à tona mais uma vez a discussão
sobre a liberação do porte de armas para a população e se ele seria eficaz de
alguma maneira para evitar esse e outros tantos tipos de crime.
Nesse caso específico, os
bandidos eram claramente profissionais do crime e planejaram minuciosamente a
ação, ficando claro que seria muito difícil um cidadão comum bater de frente
com tamanha força armada e organizada. Entretanto, alguns detalhes no comportamento
dos criminosos e no subconsciente humano levam a crer que o porte de armas
poderia evitar que tais crimes ocorram. É da natureza humana pesar o bônus e o
ônus antes e tomar qualquer decisão. Dessa maneira, criminosos, mesmo que subconscientemente,
analisam diversos fatores antes de decidir pela execução ou não de um crime.
Por essa análise passam diversos pontos: chance de sucesso; punições em caso de
ser pego pelas autoridades; possíveis obstáculos durante a execução. O
planejamento detalhado aumenta consideravelmente as chances de sucesso, ao mesmo
tempo que nossas leis não oferecem punições exemplares a quase nenhum tipo de
crime no país, e a certeza de que a população não tem nenhum tipo de
equipamento para se defender, levam os criminosos a ficar cada vez mais
encorajados a cometer crimes com uma frequência e audácia cada vez maiores.
Esse raciocínio é válido tanto
para grandes crimes, como para os menores, como invasões a domicílio ou
assaltos em estabelecimentos comerciais. A quase certeza de que a vítima não
pode se defender é um fator de encorajamento para os criminosos. Assim como a
simples dúvida plantada na cabeça dele, caso o porte de armas fosse liberado no
Brasil, faria com que os criminosos pesassem com muito mais cautela as
probabilidades de sucesso antes de cometer delitos. Ou seja: uma população
desarmada cria um ambiente propício para o aumento da criminalidade. Outra consequência
que a proibição ao porte de armas traz, é que apenas um lado está desarmado,
afinal, criminosos não vão até os órgãos públicos registrar suas metralhadoras
de grosso calibre ou bazucas antes de cometer crimes. Eles simplesmente
adquirem esses armamentos via contrabando e vão às ruas praticar seu ofício.
Claro que o debate sobre a
liberação do porte de armas é muito mais complexo que essa análise de poucos
fatores, mas ele precisa ser cada vez mais discutido, uma vez que a
criminalidade no país aumenta substancialmente e nossas forças policiais não
tem capacidade de enfrentamento, tanto pelo volume de crimes, quanto pela sua
complexidade. É um direito do cidadão a autodefesa, mas para isso, é preciso
que armas estejam disponíveis para aqueles que tenham desejo de obtê-las
legalmente.
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