O Brasil passou nos últimos
anos por grandes crises institucionais e políticas. Enfrentamos uma das maiores
crises econômicas da história, grandes escândalos de corrupção vieram ao
conhecimento da população, o povo foi às ruas para exigir honestidade e
transparência dos seus representantes, e algumas coisas mudaram. Mas um ponto
continua intacto na nossa realidade social: os chefões do sistema ainda são os
mesmos. As mesmas caras, os mesmos métodos. Por esse motivo, creio que os
políticos brasileiros são os melhores do mundo. Não em fazer coisas boas para a
população e administrar o país de maneira eficiente, mas em defender suas
posições de maneira quase impossível de se combater.
Os políticos brasileiros
criaram um sistema de leis e burocracia, onde se torna muito difícil alguém que
não é do meio adentrar. Ou você está com eles, ou está fora do jogo. Esse
sistema cerceia qualquer intenção de fazer algo novo ou diferente da
politicagem que já é costumeira. É um modelo complexo que envolve todos os
poderes, conta com participação intensa da mídia, e com um programa de “emburrecimento”
geral da população. O sistema eleitoral exige, antes de um cidadão comum sequer
cogitar ser eleito a algum cargo, que ele se filie a um partido e forçadamente
conheça as regras do jogo. O poder judiciário dá respaldo aos criminosos,
protegendo-os com um sistema de julgamentos lento e cheio de interesses, onde a
maioria dos investigados acaba sendo inocentado e fica livre para permanecer na
vida pública. O resultado desse emaranhado de mecanismos de defesa permite que,
mesmo em meio a tanta reprovação pública e descontentamento, os mesmos
políticos se perpetuem nos cargos, e apenas se revezem quem fica à frente do
poder.
A população tem percebido
esse cenário de maneira lenta, mas crescente. Isso permitirá que as eleições
desse ano apresentem um cenário um pouco diferente. Muitas caras novas se dispuseram
a tentar uma chance nas urnas, e alguns dos “barões do país” estão presos ou proibidos
de concorrer. Será a chance ideal e muito rara de mudarmos grande parte dos
representantes da sociedade. O perigo para essa renovação é o sentimento comum
de que esses novos políticos não terão chance de levar em frente seus projetos,
por não terem experiência política. E é exatamente esse pensamento que pode
levar tudo a continuar como está, pois é nisso que o sistema político quer que
acreditemos. Esse é o momento de analisar com alguma calma as novas propostas e
as novas pessoas que se apresentam, e quem sabe, mudar os rumos do país.
Afinal, se existe uma definição para a ignorância, é o fato de fazer as coisas
da mesma maneira, e esperar resultados diferentes.