terça-feira, 6 de maio de 2014

Caos social

Episódios recentes, onde a população decide fazer justiça com as próprias mãos, vem ganhando grande destaque nos noticiários do país todo. Os primeiros casos se tratavam de possíveis meliantes amarrados em postes e sendo espancados por populares, e no mais recente e bárbaro, a dona de casa Fabiane Maria de Jesus, foi linchada por moradores de Guarujá, litoral de SP, e acabou falecendo nesta segunda-feira pela manhã. Fabiane foi confundida com uma suposta seqüestradora de crianças no bairro Morrinhos, periferia da cidade. Fabiane era inocente!
Independente da culpa de qualquer criminoso, é inaceitável que a população tenha que partir às vias de fato e fazer justiça no meio da rua. Entretanto, tal comportamento coletivo evidencia o desgaste ao qual a sociedade brasileira vem sendo submetida. São incontáveis os casos de injustiça e impunidade. Jovens cometem crimes bárbaros e são protegidos por um conjunto de leis inapropriado para o contexto social ao qual pertence. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), por exemplo, seria muito apropriado para um país desenvolvido, onde a educação oferecida às crianças nas escolas é estruturada e de qualidade. Mas no Brasil, onde existe um verdadeiro caos nas salas de aula e um ensino que pouco agrega para a criação de cidadãos decentes, o ECA é apenas um escudo protetor que propicia aos jovens mordomias dignas de marajás e poucas, ou nenhuma obrigação social.
Aos criminosos maiores de idade, as leis não criam obstáculos mais difíceis de ser superados. Com presídios superlotados e um sistema carcerário que permite a entrada de todos os tipos de objetos nas celas, os detentos comandam de dentro dos presídios o crime que se organiza fora deles. Não bastasse as regalias oferecidas, a lei não tem força para segurar os detentos presos, e seus advogados encontram uma infinidade de atalhos para voltar os criminosos às ruas. Sendo assim, o sistema que deveria recuperar cidadãos para o convívio social só serve como graduação para sua arte criminal, e das celas eles saem PHDs do crime organizado.
À sociedade que permanece à mercê desse imbróglio social resta contar com os políticos, que deveriam tomar medidas para sanar as necessidades e a anseios da população. Mas estes, por sua vez, estão apenas preocupados em perpetuar-se no poder, independente das alianças, crimes e corrupções que precisem praticar. Não seria de surpreender se a população se revoltasse contra os políticos, como de fato aconteceu quando foram às ruas em meados do ano passado. Mas as manifestações logo foram tratadas pela mídia como tentativas de caos fomentadas por vândalos e criminosos.
Em meio a esse caos social, não é um fenômeno que populares de algumas regiões mais carentes e atingidas pela violência passem a agir por conta própria para buscar a justiça que tanto lhes falta. Infelizmente com esse tipo de atitude pessoas inocentes acabam pagando por crimes que não cometeram a se transformam em réus, sem direito à defesa, e a pena, vez ou outra, é paga com a própria vida.

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