Episódios recentes, onde a população decide fazer
justiça com as próprias mãos, vem ganhando grande destaque nos noticiários do
país todo. Os primeiros casos se tratavam de possíveis meliantes amarrados em
postes e sendo espancados por populares, e no mais recente e bárbaro, a dona de
casa Fabiane Maria de Jesus, foi linchada por moradores de Guarujá, litoral de
SP, e acabou falecendo nesta segunda-feira pela manhã. Fabiane foi confundida
com uma suposta seqüestradora de crianças no bairro Morrinhos, periferia da
cidade. Fabiane era inocente!
Independente da culpa de qualquer criminoso, é inaceitável
que a população tenha que partir às vias de fato e fazer justiça no meio da
rua. Entretanto, tal comportamento coletivo evidencia o desgaste ao qual a
sociedade brasileira vem sendo submetida. São incontáveis os casos de injustiça
e impunidade. Jovens cometem crimes bárbaros e são protegidos por um conjunto
de leis inapropriado para o contexto social ao qual pertence. O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), por
exemplo, seria muito apropriado para um país desenvolvido, onde a educação oferecida
às crianças nas escolas é estruturada e de qualidade. Mas no Brasil, onde
existe um verdadeiro caos nas salas de aula e um ensino que pouco agrega para
a criação de cidadãos decentes, o ECA é apenas um escudo protetor que propicia
aos jovens mordomias dignas de marajás e poucas, ou nenhuma obrigação social.
Aos criminosos maiores de idade, as leis não criam obstáculos
mais difíceis de ser superados. Com presídios superlotados e um sistema
carcerário que permite a entrada de todos os tipos de objetos nas celas, os detentos
comandam de dentro dos presídios o crime que se organiza fora deles. Não
bastasse as regalias oferecidas, a lei não tem força para segurar os detentos
presos, e seus advogados encontram uma infinidade de atalhos para voltar os
criminosos às ruas. Sendo assim, o sistema que deveria recuperar cidadãos para
o convívio social só serve como graduação para sua arte criminal, e das celas
eles saem PHDs do crime organizado.
À sociedade que permanece à mercê desse imbróglio social
resta contar com os políticos, que deveriam tomar medidas para sanar as necessidades
e a anseios da população. Mas estes, por sua vez, estão apenas preocupados em
perpetuar-se no poder, independente das alianças, crimes e corrupções que
precisem praticar. Não seria de surpreender se a população se revoltasse contra
os políticos, como de fato aconteceu quando foram às ruas em meados do ano
passado. Mas as manifestações logo foram tratadas pela mídia como tentativas de
caos fomentadas por vândalos e criminosos.
Em meio a esse caos social, não é um fenômeno que populares
de algumas regiões mais carentes e atingidas pela violência passem a agir por
conta própria para buscar a justiça que tanto lhes falta. Infelizmente com esse
tipo de atitude pessoas inocentes acabam pagando por crimes que não cometeram a
se transformam em réus, sem direito à defesa, e a pena, vez ou outra, é paga
com a própria vida.
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