Portas fechadas e placas de “aluga-se”.
Esse é o cenário em grande parte do centro de Londrina. Ruas inteiras, onde
outrora o comercio prosperou, estão cheias de marasmo e desesperança. O país enfrenta
uma crise profunda causada por motivos globais, mas principalmente por
problemas bem brasileiros como corrupção, desonestidade, ganância e muita
burocracia. Muitos comércios londrinenses fecharam por consequência da crise,
mas seria ela a única culpada?
O Brasil sempre foi um país
onde a burocracia reinou e as leis trabalhistas foram unilaterais, entretanto,
isso piorou drasticamente na última década, e as grandes vítimas desse pesadelo
são os pequenos comerciantes. Pessoas que alimentam um sonho de empreender sofrem
com seu despreparo e com a falta de bom senso do governo e da legislação
trabalhista. Os grandes empresários sentem menos os reflexos da unilateralidade
da lei, pois tem lastro para enrolar processos e possuem uma estrutura robusta
para se defender. O pequeno comerciante não tem essa tranquilidade, nem essa
malandragem.
Não são poucas as histórias
de pessoas que investiram tudo o que tinham numa pequena empresa em busca
liberdade e prosperidade. Em pouco tempo esses novos empresários estavam
enfrentando a burocracia sistêmica do governo e recebendo cartas de reclamações
trabalhistas, e ai começava o pesadelo! A lei, que será alterada, permite que o
reclamante – ou seu advogado – insiram alegações falsas no processo, inexistindo
punição na legislação trabalhista para tal comportamento, pois o reclamante é
considerado hipossuficiente. Quando são juntadas as provas, o pequeno empresário
não consegue se defender de todas as alegações, pois confia no que foi combinado
e não possui estrutura administrativa para documentar todos os processos da
empresa. Os juízes, abarrotados de processos trabalhistas, incentivam as partes
a chegar num acordo e definir um valor para o empresário pagar. Esse cenário
estimula os funcionários a entrar com reclamações mesmo quando sabem que em nada
foram lesados e isso levou o número de processos à casa dos milhões, causando lentidão
generalizada no sistema.
A nova lei, em especial os
artigos que tratam da litigância de má fé, deve mudar esse quadro, pois promete
punir quem apresentar inverdades na reclamação trabalhista, desencorajando o início
de processos com alegações falsas e diminuindo o número total de reclamações.
Esse cenário deve ajudar, inclusive, os reclamantes que de fato foram lesados
pelos empregadores, pois fará com que a espera por audiências seja cada vez
menor. A esperança é que essa nova
realidade traga esperança e otimismo aos pequenos empreendedores e novo fôlego
ao tão abalado comércio londrinense, afinal, quem em sã consciência vai
arriscar seu capital abrindo uma empresa para depois enfrentar uma das crises
mais profundas da história, muita burocracia, e ainda ser acusado de desonesto?
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