Um verdadeiro furacão tomou
conta do país durante essa semana após a entrevista desastrosa - e criminosa -
no Flow Poscast. Apesar de ter convicção que o Kim Kataguiri e o Monark não são
nazistas como estão sendo acusados, eles utilizaram a sua liberdade de
expressão de maneira irresponsável e estão pagando um preço muito alto por
isso. Um pouco de inocência, misturada com altas doses de álcool, multiplicada
pela necessidade quase que irracional de discordar do seu oponente em um
debate, que era a Tábata Amaral nesse caso, levaram a conversa para um rumo que
para eles se tratava de liberdade, mas que na verdade, era sobre o segundo regime
mais assassino que a história recente do mundo presenciou, e os seus “direitos”
democráticos e de expressão.
Mas quais os limites da liberdade
de expressão? Essa linha tênue vem sendo discutida há muito tempo, e eu mesmo
tenho grandes dificuldades em saber onde ela se encontra. Mas esse episódio me
fez recuar e entender que ela está bem antes do que eu considerava ideal. Não
se pode usar a liberdade de expressão para defender o direito de criminosos se
manifestarem. O partido nazista é criminoso na sua essência. As suas bases
ideológicas são construídas na destruição e aniquilação de outros povos.
Portanto, esse fato deve exclui-los de qualquer debate democrático razoável.
Quando interpretamos o direito à liberdade de opinião dando direitos
democráticos a esses grupos, como ter um partido político, estamos pressupondo
que eles possam participar de eleições. E numa democracia, todos que participam
de uma eleição, tem chances iguais – ao menos na teoria – de vencer o pleito e
chegar ao poder. E se isso acontecer um dia, eles vão utilizar esse poder para
destruir por dentro a própria democracia e todos aqueles que consideram seus
inimigos. Por isso que a apologia ao nazismo é um crime e essa teórica
liberdade de expressar livremente pensamentos de qualquer natureza, inclusive
nazistas, deve ser condenada.
Mas, e a democracia? Muitos lembraram
o fato de que nos EUA, reconhecido por muitos como a democracia mais madura do
mundo, existem partidos nazistas. Muito bem. É exatamente por ser uma
democracia madura, que isso é possível, apesar de ser um grande risco. A ideia
sobre o debate amplo e democrático pressupõe que essas pessoas jamais teriam
chances em eleições abertas, exatamente pelo fato de que teriam que expor suas
ideias publicamente e estar sujeitos ao contraponto apresentado pelos
adversários. Quando isso acontece, temos a tendência de acreditar que seriam
desmascarados e derrotados pela racionalidade popular. Mas não é assim na
realidade! Esses partidos jamais utilizariam seus argumentos reais publicamente
em uma campanha. Assim como o PT não disse na campanha do Lula em 2002 que
criaria um projeto para se perpetuar no poder através da corrupção ou que utilizaria
os recursos do nosso país para financiar ditaduras socialistas ao redor do
mundo. Assim como o PSOL, o PCdoB ou o PCB não dizem nas campanhas que
pretendem instaurar um regime comunista em nosso território. Não! Eles usam
argumentos como acabar com a pobreza e desigualdade social. Dizem que vão
acabar com a fome e taxar grandes fortunas. Dizem que vão oferecer mais
direitos ao povo e que a vida de todos será melhor. Não importa que eles nunca
reconheçam que sequer sabem como fazer essas coisas, mas é através desses
argumentos que essas pessoas chegam ao poder, e após estarem lá, colocam seus
verdadeiros projetos em execução. Foi assim com Hitler, que foi eleito
democraticamente, com Stalin, que tomou o poder com apoio popular, e será assim
novamente se não tomarmos cuidado.
É lamentável e triste o que
aconteceu durante essa semana. Mas sempre há algo de bom para ser extraído,
mesmo nas maiores tragédias. Nesse caso, espero que sirva para abrir os olhos da
nossa população e nos lembrar que a história é cíclica e tende a se repetir. Cabe
a nós lembrar que os Nazistas e os Comunistas estão sim por aí. Estão disfarçados
e com doces palavras na boca, trabalhando nos bastidores para que um dia possam
tornar seus projetos diabólicos realidade novamente, e não podemos aceitar
jamais!
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