PROCURA-SE: LIDERES
Porra! Como é doloroso
perder. Há derrotas mais dolorosas e menos dolorosas, mas sempre são difíceis.
A de ontem, foi tão traumática como a de 2018 frente à Bélgica e diferente do 7x1.
O que as separa, nessa análise, é o rendimento do time. Jogamos bem mais uma
vez, paramos no goleiro, e vimos tudo desandar em uma jogada de desatenção. Mas por que nossa seleção não consegue vencer
a Copa do Mundo? Não nos falta material humano e foram oito anos de planejamento.
O time brasileiro tinha, de longe, o elenco mais dinâmico e com qualidades
individuais da Copa, e sucumbimos para um time sem tantos talentos, mas com uma
equipe mais coesa e com um líder. Talvez aqui esteja o grande problema dessa
geração: a falta de liderança.
Liderar não é um processo
objetivo, onde se escolhe o líder pelos números e desempenho. A liderança é
produto de ações subjetivas e da presença de valores no líder. Normalmente é um
processo natural aonde o sujeito vai sendo direcionado ao posto, mesmo contra
sua vontade ou ambição. Ele simplesmente se vê liderando, pois sua base de
valores faz com que os demais o enxerguem como líder, fazendo com que o sigam e
confiem. Nossa seleção não tem ninguém assim. Até mesmo o técnico Tite
decepcionou o Brasil e sua equipe abandonando todos em campo, sozinhos, após a
derrota. Logo o Adenor, onde eu sempre enxerguei um grande exemplo de líder,
mas que também deixou se levar pela arrogância ou foi derrotado pelos holofotes
das estrelas. Ademais, era necessário um líder em campo.
Se formos relembrar nossos
últimos dois títulos mundiais, veremos que tínhamos verdadeiros líderes no
elenco. Em 94 o Dunga conseguiu controlar uma das pessoas mais incontroláveis
da história do Futebol, que era o Romário. O baixinho era terrível e não aceitava
ordens de ninguém. O capitão do time conseguiu domar o artilheiro e fomos
campeões. Em 2002 o Brasil não era nem de perto favorito. Hoje, as pessoas
olham o elenco e acham que o título era óbvio, mas aquela seleção era tão
incontrolável pelo perfil “maluco” dos atletas que chegou a ser negada por
alguns técnicos. A exemplo, o Ronaldinho Gaúcho era notícia nos jornais por
driblar a segurança de hotéis para que mulheres entrassem no seu quarto na
calada da noite. Somente Felipão aceitou o desafio e literalmente isolou os
jogadores como prisioneiros na concentração para que mantivessem o foco, e no
elenco tínhamos homens de respeito como Cafu e Dida, que lideraram. Um mais
ativamente e o outro mais em silêncio, apenas como exemplo. Campeões mais uma
vez. Depois disso, nunca mais!
O Brasil perdeu a noção de
liderança no futebol e no país como um todo. As pessoas simplesmente deixaram
de colocar os valores como referência e passaram a dar prioridade para outros
tipos de coisas, além do fato de que essa geração odeia compromissos, odeia
honrar com a palavra e odeia o peso da responsabilidade. Isso não cria líderes,
e sem líderes somos como ovelhas esperando os lobos chegarem. E eles sempre
chegam!
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