terça-feira, 17 de setembro de 2024

A Queda do Bolsonarismo

 

 


Nos últimos anos o Brasil vem passando por uma onda de polarização política nunca antes vista na história do país. Mesmo durante o regime militar, quando os militares tomaram o poder usando como justificativa a defesa contra um projeto de implantação do comunismo no Brasil, não se viu algo tão extremo. Até mesmo porque a direita era apenas uma força de defesa contra a esquerda comunista, e seus membros ainda não tinham uma noção clara dos valores que defendiam. Muito por isso a esquerda perdeu a luta armada, mas dominou as instituições, veículos de comunicação e a cultura. Ou seja: tudo que era necessário para fazer uma revolução cultural e vencer as eleições presidenciais décadas depois, colocando em prática seu projeto de perpetuação no poder. Esse é o grande motor por trás das cinco vitórias do pelo PT após 2002, além do domínio em todas as casas legislativas do país durante anos, e de garantir várias indicações ao STF.

Em paralelo, alguns pensadores conservadores batalhavam às margens dos holofotes para combater o projeto da esquerda e criar um movimento de direita com bases e valores sólidos, buscando pessoas a quem pudessem preparar e representar o conservadorismo no Brasil. O mais célebre foi o Professor Olavo de Carvalho, que construiu toda a sua obra em torno desse objetivo. Foram dezenas de livros escritos, centenas de palestras ministradas e milhares de horas-aula dedicadas a compartilhar seus ensinamentos com um público cada vez mais numeroso e dedicado.

O professor Olavo foi o grande arquiteto do que conhecemos como direita no Brasil hoje. Suas ideias foram tão fortemente disseminadas e seus alunos conseguiram alcançar tanto prestígio que, em conjunto com os escândalos de corrupção do PT, o Brasil pôde acompanhar um processo massivo de manifestações e revolta popular no país ainda em meados de 2014, o que culminou com o impeachment da Dilma em 2016. Era o fim do projeto de perpetuação no poder da esquerda.

Em meio ao caos político, Jair Messias Bolsonaro surgiu como o representante da direita conservadora no país. Foi um processo natural, pois, para que eleições presidenciais possam ser vencidas, é necessário que exista um político forte e popular. Bolsonaro cumpria com esses requisitos e abraçou as ideias conservadoras do professor Olavo. Combinação perfeita para se juntar à revolta popular contra o PT e vencer as eleições de 2018. Mas o próprio professor Olavo dizia que tudo estava indo rápido demais, e que a direita ainda não estava pronta para se sustentar no poder do país, pois ainda não havia dominado as instituições e apenas a cadeira da presidência não significava estar de fato no poder.  Certeiro como sempre, o que se viu nos anos seguintes foi uma onda de apoio cego a um político, e não às bases de ideias e valores conservadores, e assim surgiu o bolsonarismo, um movimento de apoio ao presidente eleito que passou a lutar com unhas e dentes para mantê-lo no poder e defendê-lo dos contra-ataques do establishment que queria derrubá-lo a qualquer custo. O resultado dessa guerra foi a volta do PT ao poder em 2022 e de todos os esquemas e mamatas contra as quais a população havia se revoltado na década anterior. Eis que o projeto de perpetuação no poder do PT tinha recebido apenas um golpe, mas longe de encontrar seu fim.

Após as eleições e alguns suspiros de revolta popular, e com seu líder afugentado nos EUA, os bolsonaristas abandonaram suas origens e bases de valores, deixando lugar apenas para apoiar um político que cada vez mais se entregou ao sistema para manter-se vivo. Atacado diariamente por um establishment que vê a necessidade de destruí-lo completamente, o ex-presidente se uniu à personagens como o ex-mensaleiro Valdemar Costa Neto e apoia a campanha de Ricardo Nunes à prefeitura de São Paulo, que prendeu pessoas e demitiu funcionários durante a pandemia. Os bolsonaristas, cegos por sua idolatria, continuam apoiando essas ações, enquanto os verdadeiros conservadores abriram os olhos e estão buscando outros caminhos para o futuro do país. Essa divisão fica cada vez evidente e, caso nada mude, veremos o fim do bolsonarismo no país em breve, pois o movimento conservador é sustentado por valores e não por pessoas: liberdade, fé em Deus, livre mercado e redução do tamanho do Estado. Longe dessas bases, o ex-presidente está fadado ao suicídio político e, junto com ele, o bolsonarismo. Mas o conservadorismo, esse sim capitaneado pelo grande professor Olavo de Carvalho, têm vida longa no país.

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