quarta-feira, 31 de março de 2021

Olavo tinha razão!

 


Em 2018, com Bolsonaro vencendo as eleições para presidente, e com vários políticos novos que se diziam conservadores, a direita brasileira ficou em polvorosa. Após 30 anos da nova constituição, seria a primeira vez que o Brasil teria um governo, de fato de direita. Melhor ainda, seria o fim da hegemonia da esquerda e o do seu principal partido, o PT. A nova gestão prometia o fim do esquema político brasileiro baseado na troca de favores e corrupção generalizada, além de grandes reformas no sistema político, econômico e legislativo do país. Os conservadores também prometiam dar um fim à agenda ideológica implantada pela esquerda, que dominou as instituições brasileiras formando uma base sólida e quase intransponível. À parte disso, apesar de compartilhar de boa parte do otimismo, o filósofo Olavo de Carvalho, não se mostrava tão otimista quanto a essas pautas, e alertava diariamente sobre as fragilidades do governo e dos desafios que iria enfrentar.

Olavo dizia que a vitória nas eleições era extremamente prematura e inesperada, e que sem uma base sólida e um projeto a longo prazo, o Governo poderia se perder rapidamente caso não tomasse medidas urgentes para se organizar. Para isso, sempre mostrava como a esquerda brasileira se preparou por mais de 40 anos para assumir o poder. Foi um trabalho longo, de formação das bases e com claros objetivos a longo prazo. A direita, recém-eleita, tinha apenas um amontoado de políticos, muitos no primeiro mandato e que pouco ou nada conheciam das entranhas do poder e das burocracias do governo. Além disso, muitos desses políticos poderiam mostrar a verdadeira cara rapidamente e se virar contra o governo, passando a ser oposição. Olavo tinha razão, e quase tudo que previu, aconteceu.

Sem uma base sólida o governo Bolsonaro nunca teve a tal governabilidade para tomar decisões e colocar pautas importantes em votação. Desde o início foi travado pelo poder legislativo e judiciário, e hoje, são esses dois que comandam o país. A base dita conservadora se dissipou e cada um luta apenas pelos seus próprios interesses, e a onda otimista de direita perdeu boa parte da força e apoio popular com as constantes denúncias de desmandos do passado da cúpula do poder, em principal, da família do Presidente. Olavo também sempre alertou que, mais importante que o cargo de presidente para a direita, seria ter sob sua influência, ao menos um grande editorial de jornal, pois somente assim poderia refutar o bombardeio que seria feito pela mídia. Os ataques vieram, e nunca existiu um contraponto à altura. Pior, o governo fez o que prometeu, cortando as milionárias verbas que historicamente sempre compraram os noticiários, e assim ganhou um inimigo poderoso.

A pandemia do Coronavírus veio e contribuiu ainda mais para minar o governo, que hoje agoniza com quase nenhum poder de decisão sobre os rumos do país. Bolsonaro se segura fazendo alianças com todos, e tentando brecar os ministros do STF, o que tem se mostrado em vão. O país se encontra numa situação muito parecida com o que era o governo Dilma nos seus últimos meses, sem expectativas e sem esperança. Olavo chegou ainda a dizer o que seria necessário para a direita brasileira fazer frente a esquerda e assim conseguir governar o país: um longo trabalho de formação e educação das pessoas, mostrando a verdade e os fatos; Formação de base popular de apoio; Projeto onde os principais personagens se mantivessem fiéis e alinhados aos objetivos; Controle ou ao menos influência sobre as instituições e a mídia; Aparato jurídico de enfrentamento das calúnias e mentiras disseminadas pela oposição; Clara e constante comunicação com a população para que os fatos fossem esclarecidos e divulgados. A esquerda, à sua maneira, fez tudo isso. A direita, não!


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