Em 2018, com Bolsonaro
vencendo as eleições para presidente, e com vários políticos novos que se
diziam conservadores, a direita brasileira ficou em polvorosa. Após 30 anos da
nova constituição, seria a primeira vez que o Brasil teria um governo, de fato
de direita. Melhor ainda, seria o fim da hegemonia da esquerda e o do seu
principal partido, o PT. A nova gestão prometia o fim do esquema político
brasileiro baseado na troca de favores e corrupção generalizada, além de
grandes reformas no sistema político, econômico e legislativo do país. Os
conservadores também prometiam dar um fim à agenda ideológica implantada pela
esquerda, que dominou as instituições brasileiras formando uma base sólida e
quase intransponível. À parte disso, apesar de compartilhar de boa parte do
otimismo, o filósofo Olavo de Carvalho, não se mostrava tão otimista quanto a
essas pautas, e alertava diariamente sobre as fragilidades do governo e dos
desafios que iria enfrentar.
Olavo dizia que a vitória nas
eleições era extremamente prematura e inesperada, e que sem uma base sólida e
um projeto a longo prazo, o Governo poderia se perder rapidamente caso não
tomasse medidas urgentes para se organizar. Para isso, sempre mostrava como a
esquerda brasileira se preparou por mais de 40 anos para assumir o poder. Foi
um trabalho longo, de formação das bases e com claros objetivos a longo prazo.
A direita, recém-eleita, tinha apenas um amontoado de políticos, muitos no
primeiro mandato e que pouco ou nada conheciam das entranhas do poder e das
burocracias do governo. Além disso, muitos desses políticos poderiam mostrar a
verdadeira cara rapidamente e se virar contra o governo, passando a ser
oposição. Olavo tinha razão, e quase tudo que previu, aconteceu.
Sem uma base sólida o governo
Bolsonaro nunca teve a tal governabilidade para tomar decisões e colocar pautas
importantes em votação. Desde o início foi travado pelo poder legislativo e
judiciário, e hoje, são esses dois que comandam o país. A base dita
conservadora se dissipou e cada um luta apenas pelos seus próprios interesses,
e a onda otimista de direita perdeu boa parte da força e apoio popular com as
constantes denúncias de desmandos do passado da cúpula do poder, em principal,
da família do Presidente. Olavo também sempre alertou que, mais importante que
o cargo de presidente para a direita, seria ter sob sua influência, ao menos um
grande editorial de jornal, pois somente assim poderia refutar o bombardeio que
seria feito pela mídia. Os ataques vieram, e nunca existiu um contraponto à altura.
Pior, o governo fez o que prometeu, cortando as milionárias verbas que
historicamente sempre compraram os noticiários, e assim ganhou um inimigo
poderoso.
A pandemia do Coronavírus veio
e contribuiu ainda mais para minar o governo, que hoje agoniza com quase nenhum
poder de decisão sobre os rumos do país. Bolsonaro se segura fazendo alianças
com todos, e tentando brecar os ministros do STF, o que tem se mostrado em vão.
O país se encontra numa situação muito parecida com o que era o governo Dilma
nos seus últimos meses, sem expectativas e sem esperança. Olavo chegou ainda a
dizer o que seria necessário para a direita brasileira fazer frente a esquerda
e assim conseguir governar o país: um longo trabalho de formação e educação das
pessoas, mostrando a verdade e os fatos; Formação de base popular de apoio; Projeto
onde os principais personagens se mantivessem fiéis e alinhados aos objetivos;
Controle ou ao menos influência sobre as instituições e a mídia; Aparato
jurídico de enfrentamento das calúnias e mentiras disseminadas pela oposição;
Clara e constante comunicação com a população para que os fatos fossem
esclarecidos e divulgados. A esquerda, à sua maneira, fez tudo isso. A direita,
não!
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