terça-feira, 19 de janeiro de 2021

Como chegamos nessa situação?



No mundo corporativo, pessoas são alçadas a cargos de liderança de acordo com a meritocracia. Entre os aspectos analisados estão: conquistas profissionais, metas atingidas, comportamento, habilidade em gestão, capacidade de liderar pessoas, respeito adquirido, conhecimento técnico, produtividade, proatividade. resiliência, entre outros. As empresas procuram profissionais com essas qualidades porque buscam a melhoria constante dos resultados, mantendo um ambiente organizacional com fluidez nos processos, harmonia e eficiência. Para um líder ser aceito pelos demais, ele precisa carregar uma bagagem que lhe mantenha em posição sustentável na hierarquia da corporação. Quando essa regra é quebrada, começam a existir ruídos e desconfiança, que levam a um desequilíbrio e queda no rendimento geral. Se essa regra é válida para corporações, como é possível que em cargos públicos eletivos, a situação ser tão diferente? Como é possível que nossos líderes, escolhidos pelo próprio povo, possuírem poucas, ou às vezes nenhuma das qualidades citadas acima? Países são, em suma, como grandes corporações. O que muda, basicamente, são os objetivos. Transfere-se o foco do lucro para metas mais subjetivas, como: bem-estar social, justiça, ordem, crescimento sustentável, desenvolvimento.

Exatamente pelo motivo da organização de países ser similar à de grandes corporações, os processos e as exigências para escolher líderes, deveriam ser parecidos. Todavia, o que vemos na realidade não é nada similar. Os líderes escolhidos pelo voto não carregam qualidades objetivas de gestores e nem estão nos seus cargos por meritocracia. A qualidade mais evidente na grande maioria é a capacidade de fazer política em sua forma menos nobre, a politicagem. Com acordos, artimanhas, promessas que nunca serão cumpridas, e muito apadrinhamento, conseguem destaque e votos para chegar ao cargo almejado. Esse sistema nos coloca em uma situação bastante inusitada: em um país com tantas mentes capazes, nos vemos liderados por grandes exemplos de incapacidade. O grande exemplo é o governo atual. Alçado ao poder como uma forma de ruptura com as gestões anteriores, Bolsonaro encabeça um verdadeiro circo em algumas áreas. Falta organização, comunicação, conhecimento técnico, cronograma, fluidez, capacidade de resolver conflitos, entre outros. Por mais que alguns ministérios tenham conseguido trabalhar e alcançar bons resultados, tudo que está próximo ao Presidente é uma verdadeira bagunça, que acaba servindo de munição para a oposição. Antes dele, tivemos Dilma, o mais pitoresco exemplo de incapacidade técnica e organizacional que já vimos. Foi alçada ao poder somente com apadrinhamento, e levou o país ao caos com sua falta de liderança e preparo. Seu padrinho político, Lula, apesar da incapacidade técnica, foi – por mais incrível que possa parecer – o que tinha maior poder de liderança e organização entre os últimos. Infelizmente essa liderança se mostrou comprada ao custo de Bilhões dos cofres públicos, e não com merecimento. E para agravar esse quadro, a incompetência é geral no país, desde menores cargos até os maiores.

Talvez a grande responsabilidade dessa situação, esteja em nosso processo democrático, afinal, em grandes empresas, se o processo de seleção também fosse através do voto, veríamos pessoas incompetentes serem alçadas a cargos de liderança apenas por serem amigos dos maiores grupos dentro da empresa. Mas é no processo democrático que os países encontram a sustentação para a sociedade se manter harmônica. Temos aqui uma situação paradoxal e um impasse na busca de uma solução. Uma opção seria exigir uma qualificação maior para os candidatos terem o direito de concorrer a cargos públicos. É um pequeno risco para uma democracia plena, mas nos colocaria frente a opções melhores na hora de votar. O conhecimento técnico, ficha limpa, reputação ilibada, conhecimento da constituição e leis, bem como o respeito às mesmas, seriam atributos necessários. Algo claramente muito difícil de ser concebido pelos nossos políticos atuais, visto que isso simplesmente daria um fim ao seu direito de continuar na política. É, portanto, um longo caminho, que precisa ser primeiramente entendido pela população e depois discutido com calma. Dessa forma, resta concluir que, infelizmente, teremos ainda muitos Bolsonaros, Dilmas e Lulas pela frente.


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