No mundo corporativo, pessoas são
alçadas a cargos de liderança de acordo com a meritocracia. Entre os aspectos analisados
estão: conquistas profissionais, metas atingidas, comportamento, habilidade em
gestão, capacidade de liderar pessoas, respeito adquirido, conhecimento técnico,
produtividade, proatividade. resiliência, entre outros. As empresas procuram profissionais
com essas qualidades porque buscam a melhoria constante dos resultados,
mantendo um ambiente organizacional com fluidez nos processos, harmonia e
eficiência. Para um líder ser aceito pelos demais, ele precisa carregar uma
bagagem que lhe mantenha em posição sustentável na hierarquia da corporação.
Quando essa regra é quebrada, começam a existir ruídos e desconfiança, que
levam a um desequilíbrio e queda no rendimento geral. Se essa regra é válida
para corporações, como é possível que em cargos públicos eletivos, a situação
ser tão diferente? Como é possível que nossos líderes, escolhidos pelo próprio povo,
possuírem poucas, ou às vezes nenhuma das qualidades citadas acima? Países são,
em suma, como grandes corporações. O que muda, basicamente, são os objetivos. Transfere-se
o foco do lucro para metas mais subjetivas, como: bem-estar social, justiça,
ordem, crescimento sustentável, desenvolvimento.
Exatamente pelo motivo da
organização de países ser similar à de grandes corporações, os processos e as
exigências para escolher líderes, deveriam ser parecidos. Todavia, o que vemos
na realidade não é nada similar. Os líderes escolhidos pelo voto não carregam
qualidades objetivas de gestores e nem estão nos seus cargos por meritocracia. A
qualidade mais evidente na grande maioria é a capacidade de fazer política em
sua forma menos nobre, a politicagem. Com acordos, artimanhas, promessas que
nunca serão cumpridas, e muito apadrinhamento, conseguem destaque e votos para
chegar ao cargo almejado. Esse sistema nos coloca em uma situação bastante inusitada:
em um país com tantas mentes capazes, nos vemos liderados por grandes exemplos
de incapacidade. O grande exemplo é o governo atual. Alçado ao poder como uma
forma de ruptura com as gestões anteriores, Bolsonaro encabeça um verdadeiro
circo em algumas áreas. Falta organização, comunicação, conhecimento técnico,
cronograma, fluidez, capacidade de resolver conflitos, entre outros. Por mais
que alguns ministérios tenham conseguido trabalhar e alcançar bons resultados,
tudo que está próximo ao Presidente é uma verdadeira bagunça, que acaba
servindo de munição para a oposição. Antes dele, tivemos Dilma, o mais
pitoresco exemplo de incapacidade técnica e organizacional que já vimos. Foi
alçada ao poder somente com apadrinhamento, e levou o país ao caos com sua
falta de liderança e preparo. Seu padrinho político, Lula, apesar da
incapacidade técnica, foi – por mais incrível que possa parecer – o que tinha
maior poder de liderança e organização entre os últimos. Infelizmente essa
liderança se mostrou comprada ao custo de Bilhões dos cofres públicos, e não
com merecimento. E para agravar esse quadro, a incompetência é geral no país,
desde menores cargos até os maiores.
Talvez a grande
responsabilidade dessa situação, esteja em nosso processo democrático, afinal,
em grandes empresas, se o processo de seleção também fosse através do voto,
veríamos pessoas incompetentes serem alçadas a cargos de liderança apenas por
serem amigos dos maiores grupos dentro da empresa. Mas é no processo
democrático que os países encontram a sustentação para a sociedade se manter harmônica.
Temos aqui uma situação paradoxal e um impasse na busca de uma solução. Uma
opção seria exigir uma qualificação maior para os candidatos terem o direito de
concorrer a cargos públicos. É um pequeno risco para uma democracia plena, mas
nos colocaria frente a opções melhores na hora de votar. O conhecimento
técnico, ficha limpa, reputação ilibada, conhecimento da constituição e leis,
bem como o respeito às mesmas, seriam atributos necessários. Algo claramente
muito difícil de ser concebido pelos nossos políticos atuais, visto que isso
simplesmente daria um fim ao seu direito de continuar na política. É, portanto,
um longo caminho, que precisa ser primeiramente entendido pela população e
depois discutido com calma. Dessa forma, resta concluir que, infelizmente,
teremos ainda muitos Bolsonaros, Dilmas e Lulas pela frente.
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