terça-feira, 29 de outubro de 2024

O Discurso Que Não Foi Feito.

 


Agradeço imensamente a todos os jornalistas que votaram no meu nome para receber hoje a Bola De Ouro. É um grande reconhecimento a uma temporada onde me esforcei muito para render o máximo e ajudar meus companheiros a conquistar títulos e fazer apresentações perfeitas. Me sinto muito honrado em receber o reconhecimento de todos vocês. Muito obrigado, de coração. Mas hoje, é preciso fazer justiça.

Em um mundo tão cruel, violento e injusto. Com tantas guerras, pobreza e com tantas pessoas sendo injustiçadas por decisões de pessoas que sequer as conhecem, nós, do alto dos privilégios que o futebol nos proporciona, sentados em poltronas confortáveis e muito bem alimentados, não podemos abaixar a cabeça frente a uma evidente injustiça: eu não mereço esse prêmio. Ao menos, não nessa temporada. Existe alguém que merece mais.

Como eu já disse, fiz o meu máximo. Mas esse ano, um jogador fez mais do que eu. Ainda que o julgamento hoje tratasse apenas sobre futebol, eu não ganhei a Champions League, que é o maior campeonato de clubes. Mas além disso, também não enfrentei algumas dificuldades que meu colega de profissão, Vinícius Júnior, enfrentou. Eu nunca estive frente a frente com situações de torcedores raivosos me xingando por motivos alheios ao que acontece dentro de campo, como por exemplo a cor da minha pele. E sequer enfrentei o julgamento da sociedade por reagir a isso. E não tenho ideia de como reagiria. E isso precisa acabar.

Portanto, preciso reconhecer que, mesmo tendo atuações individuais que, concordo, nos colocaram em pé de igualdade para disputar esse prêmio, creio que o Vinícius teve momentos melhores, conquistas maiores e desafios mais grandiosos. Por isso hoje, mesmo sabendo que isso pode significar minha ausência nessa disputa pelo resto da minha carreira, eu abro mão desse prêmio, e o deixo nesse palco. Muito obrigado a todos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Sociedade de Medíocres


Pedro Cardoso eternizou um dos malandros mais carismáticos da história da TV brasileira, o taxista Agostinho Carrara, na série televisiva “A Grande Família”. Mas hoje, quem chama a atenção na mídia não é mais o personagem, e sim o ator. Pedro coleciona dezenas de entrevistas onde simula ter um conhecimento quase que filosófico sobre questões sociais e é seguido por uma manada de fãs que levam muito a sério suas opiniões. Infelizmente a maioria delas são fundamentadas na insanidade marxista que domina a mente de boa parte dos artistas brasileiros.

Em um dos seus mais recentes vídeos que viralizou, Pedro é questionado por Marcelo Tas sobre a riqueza que acumulou enquanto deu vida ao seu mais famoso personagem. Segundo ele, não foi possível acumular uma economia para “não precisar mais trabalhar” pois quem ficou rico de verdade foi a Rede Globo de Televisão, se utilizando do princípio da “mais valia”, o que ele considera injusto. Lamenta ainda que “precisa vir ao Brasil para trabalhar” pois depende “disso” para sobreviver.

Pedro é mais um dos filósofos de CCH que apresentam seus pensamentos completamente utópicos em círculos de alienados, onde almejam uma sociedade sem qualquer diferença de classes, justa e igualitária. Se utilizam do falecido conceito marxista de “mais valia” para acusar empresas e empresários capitalistas de tomar para si os frutos do trabalho de toda uma população de explorados, ficando com os lucros e dividindo apenas algumas migalhas. Mas esses “pensadores” nunca oferecem um modelo funcional para a sociedade contemporânea, até mesmo porque o socialismo que tanto defendem sempre fracassou.

O mais grave na fala de Pedro é que ele diz considerar que a relação entre empresas e empregados “produz pobreza”. Um flagrante absurdo para qualquer pessoa que estude por 10 minutos a geração de riqueza nas sociedades capitalistas e a melhoria de vida que ela proporcionou para a população. A pobreza é um estado inerente ao ser humano e somente o capitalismo, através da livre troca de bens e serviços, foi capaz de gerar prosperidade exponencial no mundo. Sem o capitalismo ainda viveríamos em feudos e pequenas vilas lutando diariamente para sobreviver através da caça, pesca e agricultura de subsistência. Jamais o mundo acomodaria oito bilhões de habitantes nesse modelo, que é completamente impraticável em larga escala.

Pedro parece não entender que toda ação de empreendedorismo vem acompanhada de risco, e por causa disso, premia mais quem sai na frente, têm ideias revolucionárias ou coragem de arriscar seus bens em troca de benefícios. Quase todas as biografias de grandes personalidades que geraram muita riqueza, têm um ou mais desses componentes – exceto os que se utilizaram da intervenção estatal para escalar socialmente. Mesmo a Rede Globo de Televisão, que se utilizou (e muito!) de benefícios estatais para construir seu império têm méritos próprios, pois foi capaz de revolucionar o modo de fazer entretenimento no Brasil, produzindo obras grandiosas e financiando muitos artistas para que pudessem trabalhar em seus projetos, inclusive o próprio, e ingrato, Pedro Cardoso.

É curioso imaginar a sociedade que Pedro Cardoso almeja. Se o objetivo for implantar a igualdade social completa, eliminar-se-á no processo a variável da recompensa obtida frente aos riscos envolvidos no ato de empreender, pois os empresários terão que dividir os lucros de maneira igual com os trabalhadores. O resultado óbvio é uma sociedade onde ninguém se sentirá motivado para produzir ou se arriscar mais do que a média geral, dando fim ao empreendedorismo e ao esforço em busca de méritos. Uma sociedade de medíocres.

terça-feira, 8 de outubro de 2024

Viva la Revolución

 



O Brasil passou recentemente por mais uma “festa da democracia”. O dia em que toda a população é convocada para ir às urnas e escolher seus representantes. A cada eleição o que se espera em um país com milhões de pessoas reclamando da situação atual é um grande movimento de revolta e de mudança, mas curiosamente no Brasil isso nunca acontece. Mais uma vez vimos a perpetuação no poder de muitos políticos com histórico de corrupção e escândalos. Houve alguma mudança, mas em um grau muito aquém do necessário. Será que o Brasil tem jeito?

Abraham Maslow, em seu artigo “A teoria da motivação humana” descreveu os fatores que motivam as pessoas, o qual foi adaptado posteriormente por Charles McDermid para a figura de uma pirâmide. Na base se encontram os fatores mais básicos e fisiológicos, como respiração, comida, água e sexo, e no grau mais alto se encontram os fatores de realização pessoal como moralidade, criatividade e solução de problemas. Baseado nessa teoria podemos começar a compreender os motivos da população brasileira ser tão inerte frente aos atos dos seus representantes.

O Brasil é basicamente um grande oásis no Planeta Terra. Existe abundância de tudo. Basta um breve passeio pelas estradas do sul do país para que se possa contemplar quilômetros infinitos de plantações que produzem o ano todo. No centro-oeste ocorre o mesmo, mas com criações de cabeças de gado contadas aos milhões. No solo existem riquezas infinitas e a maior reserva de água doce do mundo. O clima é ameno durante todo o ano e, salvo alguns eventos isolados, nunca se vê situações extremas como grandes tempestades, terremotos ou ciclones. Furacões e vulcões não existem em terras brasileiras, muito menos nevascas e ou temperaturas desérticas. Portanto, é muito fácil viver no Brasil, pois todas as necessidades básicas da pirâmide de Maslow são facilmente atendidas. E, acredite, grande parte da população se contenta somente com o básico.

Os políticos brasileiros têm completa consciência do estado de satisfação da população e trabalham apenas o mínimo para manter as necessidades básicas atendidas com um tempero de muito samba e carnaval para entreter. Por outro lado, focam a maior parte dos seus esforços em projetos pessoais para se manterem no poder. Quando algo foge ao cotidiano miserável da massa brasileira e algum grande escândalo de corrupção ou crise financeira vêm à tona, a população ensaia manifestações como as que vimos nos últimos anos, sempre pacíficas, o que é um pudim de leite condensado para o establishment.

Historicamente, somente manifestações sangrentas e situações de guerra civil foram eficientes para dar fim a projetos de poder ditatoriais ou abusivos que colocam a população como refém dos poderosos. Um exemplo recente é a revolução Ucraniana, chamada de Euromaidan. Não há a mínima possibilidade de que algo em grau similar ocorra no Brasil, com a população verdadeiramente revoltada e disposta a se sacrificar por uma causa. Essa conclusão pode ser comprovada avaliando-se o próprio subconsciente do leitor que acompanha esse texto. Pense: Você sacrificaria sua vida ou a de seus próximos para lutar contra o poder estabelecido pelos políticos no Brasil? Estaria na frente de batalha para tomar os primeiros tiros? Eu não!

 


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